Dólar — Foto: Freepik
Após 12 dias cotado acima de R$ 6, o dólar deu uma trégua e fechou a R$ 5,96 nesta quarta-feira (11). O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, fechou em alta.
Investidores esperam por mais uma alta na taxa básica de juros do Brasil. A projeção é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncie uma elevação de 0,75 ou de 1 ponto percentual (p.p.) na taxa Selic — em um aperto monetário que deve continuar mais à frente.
O mercado financeiro também seguiu de olho no estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após notícias de que o chefe do Executivo passará por um novo procedimento para complementar uma cirurgia feita na cabeça, o dólar passou a cair e o Ibovespa, a subir.
"Não tem como criar outro tipo de hipótese que não seja a perspectiva de que a piora, ou uma situação mais delicada da saúde do presidente, se traduza em uma impossibilidade de ele concorrer em 2026", afirma o economista André Perfeito.
No exterior, o foco ficou com a divulgação de novos dados de inflação dos Estados Unidos, em meio às expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) faça mais um corte de juros em sua próxima reunião, prevista para semana que vem.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
O dólar recuou 1,30%, cotado a R$ 5,9682. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,9512. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 1,70% na semana
- recuo de 0,54% no mês;
- avanço de 22,99% no ano.
Na véspera, a moeda norte-americana recuou 0,58%, cotada a R$ 6,0469.
Ibovespa
O Ibovespa fechou em alta de 1,06%, aos 129.593 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- avanço de 2,90% na semana
- alta de 3,12% no mês;
- recuo de 3,42% no ano.
Na véspera, o índice subiu 0,80%, aos 128.228 pontos.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
A atenção dos investidores estava voltada para a nova decisão de juros do Copom, prevista para ser divulgada após o fechamento dos mercados.
A previsão dos agentes financeiros é que o comitê decida por acelerar o ritmo de alta de juros no país. As apostas são de que o BC deve fazer uma elevação entre 0,75 ponto percentual (p.p.) e 1 p.p. na taxa básica.
Além da alta desta quarta-feira, a leitura dos economistas é que o colegiado não deve parar por aí, provavelmente trazendo novas altas de juros à frente, em meio à economia ainda forte, o dólar desvalorizado e o cenário adverso no exterior.
Na véspera, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, a inflação oficial do país, registrou uma alta de 0,39%, uma desaceleração em comparação ao observado em outubro, quando o índice subiu 0,56%.
O resultado, no entanto, ainda veio acima do que era esperado pelos economistas do mercado financeiro, que projetavam uma alta de 0,34% do indicador para o mês, e reforçam a perspectiva de que as taxas básicas ainda devem se manter elevadas por um tempo.
O mercado financeiro também ficou em alerta sobre o estado de saúde do presidente Lula. Na tarde desta quarta-feira, a equipe médica que acompanha o petista informou que ele passará por um novo procedimento para complementar a cirurgia na cabeça realizada na última terça (10).
De acordo com o comunicado, Lula será submetido a um procedimento endovascular, de embolização de uma artéria. O objetivo é reduzir os riscos de novos sangramentos na região.
Segundo a colunista do g1 Andréia Sadi, o procedimento não é invasivo. A assessoria da Presidência da República diz que não se trata de uma nova cirurgia. O procedimento faria parte do protocolo do pós-cirúrgico.
Ainda no cenário doméstico, o quadro fiscal do país continua no radar, em meio ao receio de que a aprovação do novo pacote de cortes de gastos do governo federal possa enfrentar resistência no Congresso Nacional.
Como forma de agilizar a aprovação, o governo federal planeja liberar R$ 3,2 bilhões em emendas PIX. A liberação é vista como essencial para viabilizar o apoio parlamentar e garantir a tramitação das medidas fiscais. O governo já tinha sinalizado para o Congresso, na semana passada, a liberação de R$ 7,8 bilhões em emendas impositivas.
A estratégia também é uma tentativa do Palácio do Planalto de acalmar os parlamentares diante da decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar o recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União para reconsiderar as exigências sobre a liberação das emendas.
No exterior, o foco fica com a inflação ao consumidor dos Estados Unidos, subiu 0,3% no mês passado, registrando a maior alta desde abril. Nos 12 meses até novembro, o índice subiu 2,7%, de 2,6% em outubro.
O indicador é uma das principais variáveis consideradas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para a condução de juros do país.
Na última sexta-feira, os novos dados do payroll, relatório de emprego dos EUA, indicaram que a criação de vagas de trabalho na maior economia do mundo acelerou em novembro, depois de ter sido severamente afetada por furacões e greves.
Ainda assim, o cenário não indica uma mudança material nas condições do mercado de trabalho norte-americano, que continuam a enfraquecer de forma constante e devem permitir um novo corte da taxa de juros pelo Fed.