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O dólar fechou em alta nesta terça-feira (22), mas perdeu boa parte do ímpeto visto pela manhã conforme investidores repercutiam os novos dados fiscais brasileiros e as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil.
O mercado ainda ficou monitorou a agenda do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que está em Washington (EUA) e ficou de olho em eventuais novas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
No exterior, discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ficaram no radar, bem como a corrida presidencial dos Estados Unidos, com reações às apostas na vitória de Donald Trump nas eleições do país. A agenda do republicano prevê tarifaço e potenciais guerras comerciais, que trariam problemas para a economia americana.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, encerrou em queda e perdeu os 130 mil pontos.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar subiu 0,11%, aos R$ 5,6968. Na máxima do dia, foi a R$ 5,7176. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
- recuo de 0,03% na semana;
- avanço de 4,59% no mês;
- ganho de 17,40% no ano.
Na véspera, a moeda norte-americana recuou 0,14%, cotada a R$ 5,6903.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,31%, aos 129.951 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 0,42% na semana;
- perdas de 1,41% no mês;
- recuo de 3,16% no ano.
Na véspera, o índice encerrou com um recuo de 0,11%, aos 130.362 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
Os investidores passaram boa parte da sessão desta terça-feira (22) de olho no noticiário interno, repercutindo a agenda cheia do dia por aqui.
Pela manhã, as atenções ficaram com os novos dados fiscais do governo, que arrecadou R$ 203 bilhões em setembro, segundo dados divulgados pela Receita Federal. Esse é o maior valor para o mês desde o início da série histórica, em 1995.
A arrecadação de setembro de 2024 foi 11,6% maior que a do mesmo período de 2023, em valores atualizados pela inflação. Além do recorde para o mês, o total arrecadado em nove meses também é o maio da série histórica. De janeiro a setembro, o governo arrecadou aproximadamente R$ 1,96 trilhão.
Os números trouxeram alívio para os mercados, que há dias seguem receosos com o quadro fiscal do país e aguardam novas medidas de cortes de gastos por parte do governo.
Além disso, também animou os mercados a melhora da projeção para a economia brasileira anunciada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo relatório divulgado nesta terça-feira, a instituição aumentou suas previsões de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 2,1% para 3% neste ano.
Segundo o documento, a melhora da perspectiva foi atribuída ao fortalecimento do consumo privado e do investimento na primeira metade do ano, impulsionados por um mercado de trabalho aquecido, transferências do governo e um impacto menor do que o esperado das enchentes do Rio Grande do Sul (RS), em maio.
Com isso, também ficou no radar as novas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que participaram de eventos no exterior.
Nesta terça, Campos Neto afirmou que é apropriado tratar da desancoragem das expectativas de inflação (quando as projeções do mercado estão longe das metas do BC) e disse ser importante comunicar a seriedade da autoridade monetária em relação à meta.
O banqueiro central também reiterou que será difícil que o país conviva com juros muitos mais baixos do que o patamar atual sem um choque fiscal positivo. O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual tanto para cima quanto para baixo.
Na véspera, Campos Neto já havia reforçado a importância de um controle fiscal para a condução dos juros, destacando que o mercado espera transparência das contas públicas.
As falas do presidente do BC vêm apenas duas semanas antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e aumentam a pressão sobre o governo em relação às contas públicas.
Hoje, os juros estão em 10,75%, depois do BC iniciar um novo ciclo de altas em sua última reunião, em setembro. O mercado espera novas altas, à medida que a economia brasileira mostra um crescimento acima do esperado, o que pode pressionar a inflação pelo lado da demanda.
No exterior, o mercado seguiu de olho na corrida presidencial norte-americana e no desenrolar do conflito no Oriente Médio, bem como em eventuais novidades na China.