Oferecido por

Por Lais Carregosa, g1 — Brasília


  • A isenção de imposto para a carne na cesta básica é o principal fator que eleva a alíquota padrão dos novos impostos da reforma tributária para 27,97%

  • O Ministério da Fazenda divulgou que essa inclusão aumenta a tarifa em 0,56 ponto percentual, sendo a maior contribuição entre as mudanças

  • A alíquota padrão, inicialmente projetada em 26,5%, foi ajustada devido a várias alterações no projeto aprovado pela Câmara

  • Outras inclusões, como queijos e medicamentos, também impactaram a alíquota, mas em menor grau

  • A reforma visa ajustar a tributação sobre o consumo, com a alíquota padrão aplicada a itens fora das 'regras especiais'

Inclusão da carne entre os itens da cesta básica, que têm isenção de imposto, onera a tarifa em 0,56 ponto percentual, diz Fazenda — Foto: Divulgação/Qualifica SP

A isenção de imposto para a carne na cesta básica é o item que mais pesa na alíquota padrão de 27,97%, que deve resultar da reforma tributária. A projeção foi divulgada pelo Ministério da Fazenda, nesta sexta-feira (23).

Em nota técnica, a pasta aponta uma alta de 1,47 ponto percentual na alíquota padrão dos novos impostos da reforma tributária (IBS e CBS) depois de mudanças no projeto de regulamentação da reforma aprovado pela Câmara dos Deputados.

💸 A alíquota padrão é aquela que será cobrada sobre o consumo de todos os itens que não estiverem nas "regras especiais" da reforma.

De acordo com a pasta, a inclusão da carne entre os itens da cesta básica, que têm isenção de imposto, onera a tarifa em 0,56 ponto percentual. Entre as mudanças, é o item que mais pesa na alíquota.

Veja o quanto cada mudança afetou o imposto geral, em pontos percentuais:

  • inclusão de bets e carros no Imposto Seletivo: -0,06 (tem efeito de redução na alíquota geral)
  • inclusão do carvão mineral no Imposto Seletivo e redução da alíquota sobre bens minerais de 1% para 0,25%: 0,1
  • redesenho do regime específico de bens imóveis: 0,27
  • ampliação dos medicamentos na alíquota reduzida: 0,12
  • Recuperação de crédito para imunidades (serviços de radiodifusão/imagens, livros, jornais e periódicos): 0,13
  • carnes na cesta básica: 0,56
  • queijos na cesta básica: 0,13
  • demais alíquotas favorecidas (sal, farinhas, aveia, óleos de milho e babaçu, plantas e flores etc.): 0,1
  • outros favorecimentos (crédito para planos de saúde, dedução de repasses das cooperativas de planos de saúde, planos de saúde sob autogestão e previdência fechada não contribuintes etc.): 0,08

A reforma tributária não aumenta a carga total de impostos no país. O que ela faz é simplificar o sistema e criar os impostos únicos. Com isso, apesar de os futuros impostos únicos sobre consumo no Brasil serem os mais altos do mundo, não significa que o brasileiro passará a pagar mais imposto. Significa que, ao unificar os tributos, nossa alíquota ficou alta, porque os tributos já eram altos.

Tributação da carne

Reforma Tributária: Câmara aprova taxa zero para carnes e imposto menor para remédios; Nilson Klava analisa

Reforma Tributária: Câmara aprova taxa zero para carnes e imposto menor para remédios; Nilson Klava analisa

Quando analisou o projeto de regulamentação da reforma, a Câmara incluiu a isenção da carne bovina e do frango, que passaram a integrar a cesta básica.

Essa foi uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendida também pela oposição ao governo. No entanto, por causa dos efeitos na alíquota padrão, a ideia não era bem vista pela equipe econômica.

Sal, peixes e queijos também entraram na lista de produtos isentos. No caso dos queijos, o impacto na alíquota é de 0,13 ponto percentual.

Bens imóveis

A segunda mudança com maior efeito sobre a alíquota são as regras para bens imóveis. O impacto é de 0,27 ponto percentual.

No texto aprovado pela Câmara, operações com imóveis estarão sujeitas à alíquota padrão, mas com os seguintes descontos:

  • operações com bens imóveis terão redução de 40% do IBS e CBS
  • se forem operações de locação, cessão onerosa e arrendamento de bens imóveis ficam reduzidas em 60%

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!