Painel mostra variação de mercado na B3, em São Paulo. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters
O Ibovespa perdeu o ímpeto visto na primeira metade da sessão e encerrou em queda na sessão desta sexta-feira (16), em um movimento de realização de lucros após oito pregões seguidos de alta. Investidores continuam na expectativa de corte de juros nos Estados Unidos.
Logo nos primeiros minutos de pregão, o índice chegou a renovar sua máxima histórica intradia -- ou seja, o maior valor marcado durante as negociações, antes do fechamento -- e marcou 134.691 pontos, mas perdeu o fôlego no começo da tarde.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,63%, aos 134.153 pontos, renovando o maior patamar do ano e próximo à máxima histórica de fechamento, de 134.194 pontos. Na máxima, chegou a 134.574 pontos -- que era o recorde intradia, até então.
Nesta semana, dados do Departamento do Comércio mostraram que a inflação anual norte-americana chegou ao menos nível em três anos, reforçando a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) deve reduzir suas taxas em sua próxima reunião, que ocorre em setembro.
O dólar também teve recuo.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,28%, cotado a R$ 5,4678. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 0,85% na semana;
- recuo de 3,29% no mês;
- alta de 12,68% no ano.
No dia anterior, a amoeda americana teve alta de 0,27%, cotada em R$ 5,4833.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um recuo de 0,15%, aos 133.953 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
- alta de 2,54% na semana;
- avanço de 4,92% no mês;
- perdas de 0,19% no ano.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,63%, aos 134.153 pontos, renovando o maior patamar do ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Desde a quarta-feira (14), o Ibovespa e outros índices de ações foram beneficiados pelos mais recentes dados de inflação nos Estados Unidos. E uma bateria de resultados corporativos favoráveis também ocupou as atenções.
O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em julho, acumulando uma alta de 2,9% em 12 meses. O resultado veio em linha com as expectativas de mercado.
Excluindo os componentes voláteis da inflação — alimentos e energia —, o CPI subiu 0,2% em julho e 3,2% em 12 meses, no menor aumento anual desde abril de 2021.
Apesar de o resultado continuar acima da meta do Fed, de 2%, o comportamento mais benigno dos preços abre espaço para que o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) inicie um processo de queda da taxa de juros americanos na sua próxima reunião, em 17 e 18 de setembro.
Essa já é a aposta do mercado financeiro há algum tempo, mas ganha força com os dados de inflação. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME, que mede as projeções de participantes do mercado financeiro sobre as taxas de juros americanas, 100% do mercado espera um corte nas taxas no próximo mês.
Os especialistas e investidores só se dividem em relação a qual será o tamanho do corte: 75% esperam uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), enquanto 25% esperam um corte de 0,50 p.p. Atualmente, as taxas de juros no país estão entre 5,25% e 5,50% ao ano.
A expectativa por juros menores anima os mercados globais porque, quanto menores as taxas, menores são as rentabilidades oferecidas pelos títulos públicos americanos (considerados os mais seguros do mundo), e maior a migração de investimentos para outros ativos com maior risco.
Além dos juros, as vendas no varejo dos EUA subiram 1% em julho, depois de uma queda revisada para baixo de 0,2% em junho. O número alivia os temores de que uma forte desaceleração econômica no país.
No Brasil, o mercado repercute dados econômicos e movimentações do cenário político.
O Banco Central informou nesta sexta que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou uma alta de 1,1% no segundo trimestre deste ano.
O dado mostra desaceleração da economia. Isso porque, no primeiro trimestre deste ano, o IBC-BR teve uma expansão maior, de 1,5%. Ainda assim, o crescimento do IBC-Br no último trimestre foi o terceiro resultado positivo seguido. A última queda do indicador foi registrada no terceiro trimestre de 2023 (-0,8%).
Além disso, Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, destaca, do lado político, a aprovação da PEC da Anistia pelo Senado, que livra os partidos políticos de multas por descumprimento de repasses mínimos para candidaturas negras e cria um perdão amplo para outras irregularidades em prestações de contas eleitorais.
O texto também lança um programa de refinanciamento de dívidas das siglas partidárias e permite a utilização de recursos do Fundo Partidário para pagar multas eleitorais.
"No momento em que o mercado tem prezado por um ajuste fiscal sério, os partidos políticos mostram que o Brasil não é para amadores", comenta Gusmão.