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Por André Catto, g1


Sede do Federal Reserv (Fed), Banco Central dos EUA. — Foto: REUTERS/Joshua Roberts

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, interrompeu o ciclo de alta de juros do país nesta quarta-feira (14), mantendo o referencial em uma faixa de 5% a 5,25%. A decisão veio após 10 altas consecutivas — o que elevou a taxa ao maior nível desde 2007.

A decisão veio em linha com as estimativas do mercado e, segundo a autarquia já vinha sinalizando, reflete os níveis ainda altos da inflação norte-americana.

"Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica segue crescendo em ritmo modesto. Os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada", disse o Fed em comunicado.

A autoridade monetária também afirmou que "manter o intervalo da meta estável nesta reunião permite ao Comitê avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária".

Em coletiva de imprensa após a divulgação da decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que todas as autoridades do Fed projetam mais aumentos de juros ainda este ano.

Ele também observou que a próxima reunião, em julho, será "ao vivo", com uma possível nova alta na taxa.

Sistema bancário

Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, voltou a fazer referência à turbulência que atingiu o sistema bancário norte-americano, diante da quebra dos bancos médios Silicon Valley Bank e Signature Bank e da crise enfrentada pelo First Republic Bank.

"O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação", afirmou.

Combate à inflação

O banco central norte-americano vinha aplicando altas sucessivas na taxa básica de juros para conter a alta inflação do país. Em termos simples, o arrocho monetário é uma forma de dificultar o acesso ao crédito, desaquecer a atividade econômica e, assim, incentivar a queda nos preços.

O objetivo do Fed é aplicar uma política monetária que reduza a inflação à casa dos 2% — marca que não é atingida desde fevereiro de 2021, quando chegou 1,7% no acumulado em 12 meses.

Desde então, foram sucessivas altas na inflação — atualmente na casa dos 4% — e, consequentemente, na taxa de juros, que vem em uma crescente desde março de 2022.

Jerome Powell apontou o setor de habitação como um dos desafios da inflação nos Estados Unidos. "A desinflação dos serviços desse setor será um pouco mais lenta do que esperamos", disse.

"A inflação [geral] moderou um pouco desde meados do ano passado", destacou Powell. "As pressões inflacionárias, no entanto, continuam altas."

Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell fala sobre as taxas de juros — Foto: Reuters

Efeitos no Brasil

Alta taxa de juros nos Estados Unidos tende a se refletir em alta na cotação do dólar frente ao real, uma vez que há saída da moeda do Brasil, com o objetivo de buscar a melhor remuneração lá fora.

Os efeitos no país, contudo, também podem ser de longo prazo: juros altos nos EUA indicam uma desaceleração da economia mundial, já que os empréstimos e investimentos ficam mais caros.

Essa desaceleração tende a ter efeitos por aqui na forma de uma menor demanda pelos produtos e serviços brasileiros — que pode, no entanto, ajudar a reduzir a inflação doméstica.

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