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Por Luiz Guilherme Gerbelli, g1


O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre reforça um desempenho da economia brasileira melhor do que era esperado na virada do ano. Na passagem de 2021 para 2022, parte dos analistas chegou a projetar uma leve recessão para este ano, mas as previsões foram revistas pouco a pouco e já rondam a casa dos 2%.

Nesta quinta-feira (1º), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre deste ano, com destaque para indústria e serviços.

O que preocupa os analistas, no entanto, é que os números deste ano foram turbinados por uma conjuntura que não deve se repetir em 2023. Não por acaso as previsões de crescimento para o PIB são bem mais modestas – já estão próximas de zero.

Para ajudar a economia neste ano, o governo Jair Bolsonaro:

"No fim, todas as medidas ajudaram a ampliar o consumo", afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências. "Até a redução dos preços dos combustíveis ajudou a aumentar a renda disponível e também o consumo", acrescenta.

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A Tendências estima que apenas a liberação do FGTS e os estímulos criados pela PEC Kamikaze adicionaram um crescimento de 0,6 ponto percentual no PIB deste ano. Antes da divulgação do dado do segundo trimestre, a consultoria estimava um crescimento de 1,7% para 2022.

Os estímulos fiscais concedidos pelo governo se somaram ainda ao processo de reabertura da economia depois da fase mais aguda da pandemia de coronavírus. "Com a queda do uso de máscara, houve um aumento da oferta de serviços, que estava deprimida nos últimos anos", diz Vitor Martello, economista-chefe da Parcitas Investimentos.

Os fatores internos explicam apenas parte do crescimento melhor do que o esperado. A retomada global no pós-pandemia, também mais forte do que o previsto, e a guerra entre Rússia e Ucrânia impulsionaram os preços das commodities, o que ajudou o setor externo brasileiro.

"Tem um pedaço relevante do PIB ligado aos preços das commodities. São setores que giram em torno disso e acabam sendo positivamente afetados", afirma Werther Vervloet, economista da ACE Capital.

Incertezas para 2023

Para o próximo ano, as projeções para a economia brasileira estão longe de serem otimistas. Há uma grande incerteza provocada pela disputa eleitoral deste ano e, portanto, sobre qual será a política econômica do próximo governo, além de dificuldades já vislumbradas no cenário interno e externo.

"Do quarto trimestre em diante, deve começar uma desaceleração um pouco intensa na economia brasileira", diz Vervloet. "Os vetores que ajudaram (no início do ano) começam a sair de cena no segundo semestre."

São três pontos principais que dificultam o cenário da economia no próximo ano.

Na prática, juros altos encarecem o crédito e dificultam o investimento das empresas e o consumo das famílias.

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  • Falta de espaço nas contas públicas. O próximo presidente também não vai ter uma grande margem de manobra para estimular a economia por meio do aumento de gastos. Embora a situação das contas do governo esteja melhor neste ano, os analistas avaliam que esse alívio é pontual diante das medidas adotadas recentemente pelo governo Bolsonaro.

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Nas contas públicas, do lado da despesa, a maior incerteza se dá em relação ao valor do Auxílio Brasil. A proposta do Orçamento de 2023 enviada pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional prevê um valor médio de R$ 405 – abaixo dos R$ 600 pagos atualmente. Mas tanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como Jair Bolsonaro (PL) – líderes nas pesquisas de intenção de voto – já indicaram que pretendem manter o valor.

do lado da receita o governo Bolsonaro promoveu uma série de corte de tributos neste ano. Na proposta do Orçamento para 2023, por exemplo, indicou que os tributos sobre combustíveis seguirão reduzidos.

O cenário projetado, portanto, é de uma combinação de aumento de despesas e queda da arrecadação.

"No ano que vem, a história é outra. A situação fiscal é bem complicada", afirma Alessandra, da Tendências.

O desempenho das principais economias será afetado pela alta de juros. Num quadro de inflação elevada, os principais bancos centrais então tendo de endurecer a política monetária. Neste ano, o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA), por exemplo, já aumentou as suas taxas de juros quatro vezes.

"O Fed deve continuar subindo os juros, impactando de maneira mais forte a economia dos Estados Unidos", diz Vervloet.

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