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Por Aline Macedo, g1


Deixar de fala sobre dinheiro pode não ser um problema no início do relacionamento, mas pode se tornar no futuro. — Foto: Divulgação

“Ficamos 4 anos juntos, e eu não tinha certeza de quanto ela ganhava – e ela também não imaginava da minha parte”, conta Gustavo.

Para algumas pessoas, falar de dinheiro ainda é um tabu – e, quando a questão envolve dinheiro e relacionamento, as coisas podem ser ainda mais complicadas.

É natural, ainda mais no início de um relacionamento, que as pessoas queiram passar uma “boa impressão” ao parceiro, principalmente financeira. Mas é importante que essa situação não se prolongue, e a honestidade tome a frente.

Para Gustavo*, de 30 anos, a questão sempre foi complicada, pois, mesmo havendo uma cumplicidade entre os dois, dinheiro não era um tema do casal. “Ela já pagou diversas coisas, assim como eu, mas nunca nos sentimos de fato à vontade para falar sobre dinheiro”, diz.

Deixar de falar sobre a vida financeira pode não ser um problema no início do relacionamento. Mas pode se tornar no futuro. É o que mostra pesquisa do CNDL/SPC Brasil e Banco Central, que aponta que cerca de 46% dos casais costumam brigar por questões ligadas a dinheiro.

De acordo com Dina Prates, educadora financeira, é importante falar sobre as questões financeiras até para entender quais os limites financeiros do seu parceiro e para que, com o tempo, esse diálogo possa se tornar mais profundo.

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Veja dicas de como falar sobre dinheiro:

Como falar de dinheiro no início de um relacionamento?

“Uma forma sutil de falar sobre dinheiro em um novo relacionamento é iniciar dizendo sobre seus sonhos e metas pessoais e profissionais. Dessa forma, seu parceiro já irá intender que você possui objetivos financeiros”, diz Dina.

Para o casal Samanta Siqueira, de 27 anos, e Elisa Rodrigues, de 29, falar de dinheiro não é um problema. Juntas há 7 anos, elas aprenderam, em consultoria financeira do Instituto Estrela Preta, a separar as contas coletivas, pessoais e da Pot-Pourri, escola de francês que fundaram em 2017.

Elisa Rodrigues e manta Siqueira professoras de francês — Foto: Divulgação

"Quando pensamos em morar juntas, tivemos umas das conversas mais marcantes. Elisa sempre teve uma relação diferente da minha com dinheiro, sempre pensou em guardar e poupar, enquanto eu nunca pensava nisso", afirma Samanta.

Por isso, quando foram financiar um apartamento, Eliza entrou com a maior parte. Já Samanta pôde, tempos depois, contribuir com os móveis. Segundo Eliza, essa conversa fez com que elas refletissem sobre seus comportamentos individuais com o dinheiro.

Converse com o seu parceiro

"Não contar sobre uma promoção, um aumento, ou até esconder um cartão de crédito, podem render mais do que uma briga: pode implicar em infidelidade financeira", diz Thiago Godoy, especialista em educação financeira da Rico.

Segundo o Colégio Notarial do Brasil (CNB), só nos primeiros meses de 2022 o Brasil já registrou mais de 17 mil divórcios. No ano passado, foram concluídas mais de 80 mil separações consensuais, o maior número desde 2007.

Faça um controle financeiro

  • Saiba o valor da renda familiar e combine como será a divisão das despesas.
  • Crie uma planilha de gastos da casa e dos gastos em conjunto, como contas de água, aluguel, streaming e supermercado.
  • Estabeleça limites sobre as contas em conjunto – um valor mensal que o casal pode gastar. Por exemplo, coloque quanto será gasto no supermercado.
  • Reserve apenas um cartão para as contas coletivas.
  • Para não perder o controle, faça uma planilha de gastos pessoais de cada um.

Como dividir as despesas?

50/50: Para casais que recebem o mesmo salário

  • Esse modelo é ideal para quem tem a mesma base salarial, dessa forma é possível dividir pela metade todas as contas.

"Porém, esse modelo não é indicado quando uma das partes possui um grande gasto individual fixo, como o pagamento de uma faculdade ou pensão, por exemplo", diz Dina.

60/50: Para casais que tenham uma diferença salarial

  • É ideal para pessoas que tenham diferenças salariais, onde quem ganha mais fica com as principais contas ou paga um número maior de contas.

Junta tudo: Para casais com orçamento mais aberto

Nesse modelo, a renda do casal é toda reunida e as contas são todas pagas a partir disso. Nesse formato, é importante ficar atento aos gastos individuais, para não criar um problema para o casal.

*O nome foi alterado a pedido do entrevistado

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