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Por Alexandro Martello, G1 — Brasília


População mais pobre não sente recuperação do PIB

População mais pobre não sente recuperação do PIB

A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia avaliou nesta quinta-feira (2) que o nível de atividade manteve um crescimento "robusto" no início de 2022, consolidando o processo de recuperação da economia. As análises foram divulgadas por meio de nota informativa.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1% no 1º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Trata-se do terceiro resultado positivo, depois do recuo no segundo trimestre de 2021 (-0,2%).

"Após a vigorosa retomada da atividade em 2021, quando a economia brasileira registrou alta de 4,6% no PIB e confirmou a recuperação econômica em “V” [descida pronunciada seguida por forte elevação], o início de 2022 manteve o robusto crescimento da atividade apesar do ambiente de incerteza gerado pelos reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia", avaliou o governo.

Miriam Leitão analisa resultado do PIB do primeiro trimestre do ano

Miriam Leitão analisa resultado do PIB do primeiro trimestre do ano

De acordo com análise da área econômica, o destaque positivo do PIB, pelo lado da oferta, veio do setor de serviços, com alta de 1% no primeiro trimestre deste ano, e, pelo lado da demanda, o consumo das famílias, com elevação de 0,7% nos três primeiros meses de 2022.

Segundo o governo, a recuperação da economia brasileira acontece ao tempo em que há revisão para baixo nas projeções de PIB em vários países desenvolvidos e emergentes. Com isso, avalia que o país tem recuperado o nível de atividade de forma mais rápida do que outras nações.

"A revisão baixista atinge as principais economias globais, com perda de fôlego em países como os Estados Unidos, China, Reino Unido, México e a região da Zona do Euro", acrescentou.

Apesar do bom resultado, o Ministério da Economia elencou fatores de alerta e que "inspiram atenção". São eles:

  • as incertezas decorrentes da guerra na Ucrânia
  • os efeitos remanescentes da pandemia
  • aumento da inflação e necessidade de ajustes das condições financeiras (alta dos juros)

Segundo a área econômica, o crescimento de longo prazo da economia brasileira depende da "consolidação fiscal" (ajuste das contas públicas para que a dívida/PIB siga em queda) e de uma agenda de reformas pró-mercado, contemplando:

  • abertura econômica
  • privatizações e concessões
  • melhora dos marcos legais e aumento da segurança jurídica
  • melhora do ambiente de negócios e redução da burocracia
  • correção da má alocação de recursos e facilitação da realocação de capital e trabalho na
  • economia

Estimativa para o ano

De acordo com o chefe da assessoria de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri, o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano assegura uma expansão de 1,5%, para todo ano de 2022, mesmo que não haja crescimento no restante do ano. Isso se deve, segundo ele, ao chamado “carry over” (efeito de carregamento).

“Esse número [resultado do 1º trimestre] veio acima do esperado, inclusive das nossas próprias projeções. Então, a tendência é de alta [ficar acima de 1,5% em 2022]. Claro, que precisamos fazer as contas todas de novo, nosso número oficial vai sair em julho. Mas esse número imprime um viés de alta”, declarou.

A previsão oficial do Ministério da Economia é de um crescimento de 1,5% para o PIB em todo ano de 2022. No fim do mês passado, o ministro Paulo Guedes afirmou em Davos (Suíça), enquanto participava do Fórum Econômico Mundial, que o Brasil deve crescer mais de 2% no acumulado do ano.

Boueri também admitiu que a alta dos juros para conter a inflação é "deletéria" para a economia e que a queda da taxa de investimentos é um "ponto fraco" do resultado do PIB nesse primeiro trimestre, mas acrescentou que o crescimento da população ocupada é um indicativo de que esses problemas serão superados.

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