A escalada de valorização do Bitcoin segue nesta quarta-feira (17), levando a cotação da criptomoeda a US$ 51 mil pela primeira vez. De acordo com dados da Bitcoindesk, o Bitcoin chegou a US$ 51.735.
A moeda, que já vinha ganhando tração nos últimos meses, disparou há pouco mais de uma semana, desde que a montadora de carros elétricos Tesla anunciou que tem US$ 1,5 bilhão em bitcoin e que o aceitará como pagamento.
A moeda subiu mais de 70% no ano até o momento - dados compilados pela Bloomberg mostram que o Bitcoin terminou 2020 ao redor de US$ 29 mil.
Bitcoin: Saiba o que é e como funciona a mais popular das criptomoedas
Elon Musk, o chefe da Tesla e homem mais rico do mundo, elogiou o Bitcoin no início do mês e as criptomoedas várias vezes no Twitter, mas é a primeira vez que uma empresa do tamanho da Tesla investe parte de seu tesouro em bitcoins. Muitas vezes, as empresas privadas relutam em trocar seus dólares por um ativo tão turbulento.
"A alta volatilidade do bitcoin inevitavelmente levará à volatilidade dos lucros da Tesla e tornará o desempenho da empresa menos previsível", disse Ipek Ozkardeskaya, analista da Swissquote.
Conta Certa: Com valorização recorde da bitcoin, veja como investir em moedas digitais
Outra empresa americana, a companhia de software MicroStrategy, comprou mais de um bilhão de dólares em bitcoins nos últimos meses. O otimismo cresceu ainda mais depois que, nos Estados Unidos, a Mastercard e o Bank of New York Mellon tornaram mais fácil para os clientes usarem a criptomoeda.
Alta volatilidade
Apesar da onda de aceitação popular neste ano, alguns analistas alertaram que o bitcoin ainda está longe de se tornar uma forma de pagamento amplamente usada.
"Aconselhamos os investidores a não verem isso como um momento dominante para a criptografia e aconselhamos cautela antes de se envolverem em especulações, já que a criptografia não é uma moeda", disse Mark Haefele, diretor de investimentos do UBS Global Wealth.
O bitcoin aumentou oito vezes desde março passado e agregou mais de US$ 700 bilhões em valor de mercado desde setembro. O JPMorgan questionou a magnitude do salto na esteira de um fluxo total de apenas US$ 11 bilhões oriundos de investidores institucionais.
O número limitado de bitcoins - baseado em mineradores produzindo um certo número de novas moedas - levou detentores a cobrar um prêmio por bitcoin que levam ao mercado, disseram analistas do JPMorgan. Os fluxos de varejo também podem ter ampliado os fluxos institucionais, disseram.
"Observamos de perto o claro desequilíbrio entre oferta e demanda nos últimos meses, visto que houve aumento significativo no interesse institucional", disse Brian Melville, diretor de estratégia da Cumberland, da trading DRW, de Chicago.
Ainda assim, os preços do bitcoin não são sustentáveis a menos que a volatilidade esfrie rapidamente, disseram analistas do JPMorgan, que sinalizaram no mês passado o surgimento do bitcoin como ouro digital.
"O bitcoin, a preços de mercado atuais, já mais que dobrou em relação ao ouro em termos de capital de risco", disseram os analistas, apontando para a volatilidade de três meses da moeda digital, de 87% contra 16% para o ouro.
Separadamente, a corretora norte-americana Wedbush disse que vê menos de 5% das empresas listadas indo para o caminho de investimento em bitcoin nos próximos 12 a 18 meses.