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Por G1


5 pontos: Ford encerra produção no Brasil

5 pontos: Ford encerra produção no Brasil

Depois de mais de um século produzindo no Brasil, a Ford anunciou nesta segunda-feira (11) o encerramento de sua produção de veículos no país.

A decisão afeta as fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE) - de jipes Troller. Mas a montadora seguirá com sua operação de vendas e assistência técnica no país, focando em produtos importados.

Ao todo, a montadora possui 6.171 funcionários no Brasil e fechou 2020 como a quinta que mais vendeu carros

Veja abaixo perguntas e respostas sobre o encerramento da produção da Ford no Brasil:

  1. O que a Ford anunciou?
  2. A Ford está saindo do Brasil?
  3. O que acontece com quem tem carro da Ford?
  4. Quem deu sinal para comprar um veículo Ford 0 km e desistiu em função do anúncio pode cancelar a compra?
  5. Que carros vão sair de linha?
  6. Que carros serão vendidos daqui para frente?
  7. Por que a Ford vai parar de fabricar carros no Brasil?
  8. A Ford está em crise global?
  9. Quantas demissões serão feitas?
  10. Qual o futuro dessas 3 fábricas?
  11. A indústria automotiva está em crise?
  12. Por que a Ford vai continuar a produzir na Argentina, e não no Brasil?
  13. O Brasil está perdendo fábricas de veículos?
  14. Os carros custam mais caro no Brasil?

1. O que a Ford anunciou?

A empresa norte-americana anunciou o fechamento de suas três fábricas no Brasil:

  • Camaçari (BA) - aberta em 2001, onde eram produzidos o Ford Ka e o EcoSport
  • Taubaté (SP) - onde desde 1974 fabricava motores e transmissões
  • Horizonte (CE) - voltada a jipes da marca nacional Troller, criada em 1994 e comprada pela Ford em 2007, em um volume muito menor que a de Camaçari.

As unidades de Camaçari e de Taubaté pararam de funcionar imediatamente: manterão apenas a produção de peças por alguns meses para o estoque.

A fábrica de Horizonte (CE) será fechada no último trimestre deste ano.

Ford anuncia fim da produção de veículos no Brasil

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2. A Ford está saindo do Brasil?

Não, a montadora seguirá vendendo carros no Brasil em sua rede de concessionárias. Mas não vai mais produzir nenhum deles nacionalmente.

Os modelos serão importados principalmente da Argentina e do Uruguai.

A Ford disse que todos os clientes seguirão com assistência de manutenção e garantia.

Além de lojas e oficinas, serão mantidos o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, além do campo de provas, em Tatuí (SP), e a sede administrativa para a América do Sul, na capital paulista.

3. O que acontece com quem tem carro da Ford?

A montadora afirmou que manterá as vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil. Em um comunicado obtido pela Globo, que foi enviado aos concessionários, a empresa disse que não há mudança em sua rede de lojas neste momento.

4. Quem deu sinal para comprar um veículo Ford 0 km e desistiu em função do anúncio pode cancelar a compra?

Na carta enviada aos revendedores, a montadora orientou aos concessionários que o cliente que deu sinal em um veículo pode solicitar o cancelamento do negócio, caso desista por conta do fechamento das fábricas. Se isso acontecer, a Ford disse que o concessionário deve seguir a regulamentação prevista no Código de Defesa do Consumidor.

5. Que carros vão sair de linha?

EcoSport, Ka e o Troller T4 vão sair de linha. De acordo com a montadora, ainda existem unidades disponíveis, então eles continuarão a ser vendidos até que o estoque se esgote.

Ford EcoSport será vendido até o fim de seu estoque e sairá de linha — Foto: Divulgação/Ford

6. Que carros serão vendidos daqui para frente?

A Ford disse que o país passará a ter modelos importados, principalmente da Argentina e do Uruguai, além de outras regiões fora da América do Sul. No comunicado sobre o fim da produção, a montadora confirma a venda das novas gerações do furgão Transit, da picape Ranger, o SUV Bronco e o Mustang Mach1, edição especial do esportivo, no Brasil.

7. Por que a Ford vai parar de fabricar carros no Brasil?

De acordo com a Ford, o fechamento das fábricas no Brasil é mais um passo de seu processo de reestruturação global.

A empresa disse, no comunicado sobre o fechamento das fábricas, que a decisão foi tomada "à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas".

No entanto, mais informações foram detalhadas em uma carta enviada para os concessionários, obtida pela Globo. Nela, a montadora afirmou que "desde a crise econômica em 2013, a Ford América do Sul acumulou perdas significativas" e que a matriz, nos Estados Unidos, tem auxiliado nas necessidades de caixa, "o que não é mais sustentável".

A montadora citou ainda a recente desvalorização das moedas na região, que "aumentou os custos industriais além de níveis recuperáveis".

8. A Ford está em crise global?

Desde 2018 a Ford passa por um processo de reestruturação global. O primeiro passo foi desistir de maior parte de sedãs nos EUA, incluindo Fusion e Fiesta, para ter uma linha com 90% de SUVs, picapes e veículos comerciais.

Foram feitos cortes de custo em diversos locais pelo mundo. Além de demissões na Europa e nos Estados Unidos, a empresa fechou fábricas na Austrália, após 91 anos no país, e na França, em Blanquefort.

No Brasil, o processo de mudanças começou em 2019, com o encerramento da produção na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), depois de 52 anos. Na época, a empresa parou de produzir e vender caminhões para a América do Sul, seguindo com o negócio de automóveis.

Em 2020, a Ford vendeu 119.454 carros no Brasil, conforme dados da associação das montadoras, a Anfavea. Foi 39,2% menos do que em 2019. A queda foi maior do que a registrada pelo segmento de automóveis como um todo.

9. Quantas demissões serão feitas?

Ao todo, a Ford possui 6.171 funcionários no Brasil, mas ainda não informou quantos serão demitidos.

Questionada pelo G1, a montadora disse que aproximadamente 5 mil empregos serão afetados com a reestruturação no Brasil e na Argentina. O país vizinho sofrerá ajustes pelo encerramento da produção no Brasil, mas continuará produzindo veículos.

Em Taubaté, 830 funcionários serão cortados, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. Na fábrica de Horizonte, também de acordo com o sindicato regional, os 470 funcionários serão demitidos.

10. Qual o futuro dessas 3 fábricas?

No comunicado, a Ford disse que "continuará facilitando alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis". No entanto, nada de concreto ainda foi definido.

Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) diz ter feito contato com as embaixadas de China, Japão e Coreia do Sul para convidar representantes dos países a conhecerem o complexo de Camaçari.

A fábrica de São Bernardo do Campo, a primeira a ser fechada, em 2019, teve sua venda concluída para a Construtora São José e a FRAM Capital no final de 2020.

11. A indústria automotiva está em crise?

O setor automotivo como um todo - automóveis, caminhões e ônibus - tem enfrentado sucessivas crises. A primeira delas ocorreu entre 2014 e 2016, quando o Brasil enfrentou uma dura recessão. Naquele período, a produção do setor recuou para cerca de 2 milhões de veículos.

O setor conseguiu melhorar a produção até 2019, ainda longe dos níveis da década anterior, mas a crise causada pela pandemia de coronavírus provocou mais um baque. No ano passado, o tombo foi de 31,6% sobre 2019.

Especialista comenta saída da Ford do Brasil

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12. Por que a Ford vai continuar a produzir na Argentina, e não no Brasil?

São dois fatores básicos: novas prioridades do portfólio da marca e a cadeia produtiva argentina. A fábrica da Argentina tem montada ao seu redor fornecedores e estrutura para atender ao desejo da estratégia global da Ford. O novo foco foi anunciado em 2018, de ampliação de investimentos em SUVs, picapes e utilitários comerciais.

A Nova Ranger, por exemplo, é produzida em Pacheco, na grande Buenos Aires. A Argentina é o berço das picapes na América do Sul. Além da Ford, o país produz as rivais Toyota Hilux, Nissan Frontier e Volkswagen Amarok. A Hilux, inclusive, é o veículo mais vendido do mercado argentino, à frente de Onix e Gol. Do Uruguai virá a nova geração da van de trabalho Transit.

A fábrica de Camaçari, por sua vez, produz Ka e EcoSport. Enquanto o primeiro, um hatch compacto, foge dos planos, o segundo amargava baixos números de vendas e um projeto defasado frente aos concorrentes. Além disso, ambos compartilhavam a plataforma do Fiesta, que deixou de ser produzida.

Além disso, a Ford se aproveita do acordo de livre comércio com o Brasil, que elimina o imposto de importação sobre os veículos produzidos do lado de lá da fronteira. Ainda que o frete seja uma questão, a rentabilidade maior dos produtos compensa o envio da produção internacional.

13. O Brasil está perdendo fábricas de veículos?

Em menos de 1 mês, duas montadoras anunciaram o fim de suas produções no Brasil. Além da Ford, a Mercedes-Benz encerrou suas atividades na fábrica de Iracemápolis (SP), em dezembro, onde produzia automóveis - as fábricas de caminhões e ônibus não foram afetadas.

O porte das empresas, no entanto, é bem diferente. A Mercedes tinha 370 colaboradores, enquanto a Ford, mais de 6 mil.

Na época, a montadora alemã disse que “a situação econômica no Brasil tem sido difícil por muitos anos e se agravou devido à pandemia da Covid-19". A empresa manteve a importação de carros para o Brasil e a produção nacional de caminhões e ônibus.

14. Os carros custam mais caro no Brasil?

A comparação entre os valores de carros no Brasil e em outros países envolve diversos fatores, como margem de lucro e a economia local, que inclui o poder aquisitivo das pessoas.

O principal ponto, porém, é a tributação de cada país. De acordo com os dados mais atualizados da Anfavea, de 2018, o Brasil tem a maior carga de tributos sobre automóveis no preço ao consumidor.

Por aqui, ao menos 30,4% do valor de um veículo é composto por impostos — considerando a alíquota de IPI básica, para automóveis a gasolina com motor 1.0 a 2.0. A Itália tem 18% de participação de tributos, contra 16% na Alemanha. O índice cai para 9,9% no Japão e 6,8% nos Estados Unidos, no estado da Califórnia.

Raio-X do Ford no Brasil — Foto: G1

Veja vídeos sobre o fechamento da Ford

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