29/03/2016 10h41 - Atualizado em 29/03/2016 12h54

Juro do cheque especial em fevereiro é o maior em quase 22 anos

Cheque especial e rotativo do cartão têm os juros mais caros do mercado.
Números de fevereiro foram divulgados pelo Banco Central nesta terça (29).

Laís AlegrettiDo G1, em Brasília

O chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, deu entrevista coletiva para apresentar os dados  (Foto: Laís Alegretti/G1)O chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, deu entrevista coletiva para apresentar os dados (Foto: Laís Alegretti/G1)
JUROS DO CHEQUE ESPECIAL
Em % ao ano
 
Fonte: BC

Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial ficaram em 293,9% ao ano em fevereiro, segundo números divulgados nesta terça-feira (29) pelo Banco Central. O patamar é o maior desde julho de 1994, quando os juros médios cobrados nessa categoria também estavam em 293,9%.

Os juros cobrados pelos bancos nesta linha de crédito tiveram aumento de 1,6 ponto percentual no mês passado, pois somavam 292,3% ao ano em janeiro. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 79,7 pontos percentuais – estavam em 214,2% ao ano em fevereiro de 2015.

Segundo analistas, essa é uma das taxas de juros mais caras do mercado e só deve ser utilizada em momentos de emergência e por um prazo curto.

Cartão de crédito

JUROS DO CARTÃO DE CRÉDITO
Em % ao ano
 
Fonte: BC

Os juros para o cartão de crédito rotativo são ainda maiores. Segundo os números do BC, os juros médios cobrados pelos bancos nestas operações – a modalidade mais cara do mercado – somaram 447,5% ao ano em fevereiro, o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011. No mês passado, o aumento foi de 8 pontos percentuais e, nos últimos doze meses, foi de 104,8 pontos percentuais.

Os juros do cartão de crédito rotativo são os mais caros do mercado. A recomendação de economistas é que os clientes bancários paguem toda a sua fatura do cartão no vencimento, não deixando saldo devedor, e que evitem também usar o cheque especial o máximo possível, apesar de a linha ser de fácil acesso (crédito pré-aprovado).

Alta dos juros básicos da economia
O aumento dos juros bancários, no ano passado, acompanhou a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias.

A Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários no ano passado. Desde o  começo de 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais. Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa.

Consignado, crédito pessoal e veículos
No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos ficou em 122,8% ao ano em fevereiro, contra 118,5% em janeiro. Nesse caso, houve uma alta de 0,7 ponto percentual em janeiro e de 14,8 pontos percentuais em doze meses.

Ainda segundo o BC, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) foi de 29,5% ao ano em fevereiro – o que representa um aumento de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro (29,36% ao ano). Em doze meses, a alta foi de 2,7 pontos percentuais.

Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, ficou em 27,6% ao ano em fevereiro, contra 27,5% ao ano no mês anterior. Neste caso, houve um aumento de 0,1 ponto percentual no mês e de 2,8 pontos percentuais em doze meses.

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