08/04/2015 09h00 - Atualizado em 08/04/2015 12h44

Inflação oficial de março é a maior para o mês desde 1995

No mês anterior, taxa ficou em 1,32%, após avanço de 1,22% em fevereiro.
Em 12 meses, o indicador acumula alta de 8,13%, segundo IBGE.

Anay Cury e Cristiane CardosoDo G1, em São Paulo e no Rio

IPCA EM MESES DE MARÇO
Taxa mensal, em %
 
Fonte: IBGE

A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 1,32% em março, depois de avançar 1,22% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior desde fevereiro de 2003, quando atingiu 1,57%, e a mais elevada desde 1995, considerando apenas o mês de março.

Em 12 meses, o indicador acumula alta de 8,13%, a maior desde dezembro de 2003 (9,3%). A estimativa mais recente do boletim Focus, do Banco Central, apontava que os economistas do mercado financeiro previam que o IPCA atingisse 8,2% no final deste ano. O valor está bem acima do teto da meta de inflação do BC, de 6,5%.

"O que a gente analisa em 12 meses é que o consumidor está pagando mais para vários produtos, mas principalmente para se alimentar e para morar”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

No primeiro trimestre, o índice ficou em 3,83%. Em março de 2014, o IPCA havia atingido 0,92%.

“Lá em 2003, o ano vinha trazendo inflação que começou no segundo semestre de 2002. O ano de 2002 fechou com inflação de 12,52%. E teve o efeito do dólar. A característica do primeiro trimestre de 2003 tem pontos em comum com esse ano, mas o perfil é diferenciado. Porque ali foi uma mega desvalorização do real que influenciou os preços, por conta das eleições, influenciou a alta do dólar e isso se descarregou ainda no primeiro trimestre de 2003”, analisou.

Gastos com energia
O vilão da inflação de março foi a energia elétrica, representando mais de 50% do índice geral. O aumento médio foi de 22,08%. Segundo o IBGE, com a revisão tarifária aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), houve aumentos extras, que acabaram impactando na inflação do mês.

"Com os aumentos ocorridos, o consumidor está pagando neste ano, em média, 36,34% a mais pelo uso da energia, enquanto nos últimos 12 meses, as contas já estão 60,42% mais caras", diz o IBGE, em nota.

Em março, durante a divulgação do IPCA de fevereiro, o IBGE já havia dito que o reajuste das tarifas de energia elétrica de diversas concessionárias do país e o aumento na taxa extra das bandeiras tarifárias, cobrada nas contas de luz quando há aumento no custo de produção de energia, poderiam impactar a inflação oficial.

A energia elétrica está dentro do grupo de gastos com habitação. Por isso, a variação de preços do grupo foi a maior entre todos os outros pesquisados, de 5,29%. No mês anterior, havia sido menor, de 1,22%.

Outros impactos
Na sequência, estão as despesas com alimentação e bebidas, cujos preços subiram 1,17%, depois de avançar 0,81% no mês anterior.

No grupo de gastos com transportes, houve uma desaceleração da alta de preços, de 2,20% para 0,46%. A gasolina ficou 1,26% mais cara e o ônibus urbano, 0,85%. Ficaram mais baratos os itens passagens aéreas (-15,45%) e telefone fixo (-4,13%).

“Houve uma influência forte da energia, ônibus, realinhamento das tarifas de ônibus – muitas não aumentaram ano passado –, a gasolina. Basicamente tarifas, pressão forte das tarifas com alimentos também”, diz Eulina.

“O custo de vida do brasileiro está bem mais caro, especialmente neste primeiro trimestre do ano, que concentrou realinhamento de preços em vários itens importantes, itens administrados, itens que têm peso grande no orçamento das famílias, como a gasolina, cujo litro aumentou no mês passado, taxa de água e esgoto também ficou bem mais cara nesse ano, a energia, e os alimentos. Então, são itens básicos, pressionando o custo de vida”, explica.

INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também divulgado pelo IBGE, apresentou variação de 1,51% em março, após avanço de 1,16% em fevereiro. No primeiro trimestre do ano, o índice tem alta de 4,21% e, em 12 meses, de 8,42%.

“As famílias de menor rendimento tendem a gastar a maior parte de suas rendas com alimentação, e com os alimentos subindo as pessoas são mais prejudicadas”, diz Eulina.

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