Onze estados mais o Distrito Federal registraram falta de energia elétrica por volta das 15h desta segunda-feira (19). Distribuidoras em estados das regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste disseram que reduziram o fornecimento de luz após uma orientação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o órgão responsável pela gestão de energia no país. Uma das distribuidoras, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), afirmou em nota que o corte foi programado, por determinação do ONS.
- Corte de energia afeta estados do Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste
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O ONS divulgou posicionamento oficial às 18h40. Em comunicado, o órgão afirma ter havido "restrições na transferência de energia das Regiões Norte e Nordeste para o Sudeste" que "aliadas à elevação da demanda no horário de pico, provocaram a redução na frequência elétrica". A situação foi normalizada a partir das 15h45, diz o ONS.
O órgão também disse que adotou "medidas operativas em conjunto com os agentes distribuidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, impactando menos de 5% da carga do Sistema".
A TV Globo apurou que o corte determinado pelo ONS foi de 3.000 MW em todo o país - isso representa 8% de tudo que é gerado de energia.
Na noite desta segunda, porém, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, negou que o corte de energia tenha sido consequência do pico de consumo de eletricidade no país registrado no início da tarde. Segundo ele, um problema técnico em uma linha de transmissão entre as regiões Norte e Sudeste do país foi a causa do corte.
“O pico de consumo houve. No entanto, se não tivesse havido esse problema técnico [na linha de transmissão], não teria tido [corte de energia]. Esse pico de consumo aconteceu na semana passada todos os dias e não tivemos nenhum problema”, disse Braga a jornalistas, ao deixar a sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.
“No determinado momento do pico de demanda na região Sudeste, a linha de transmissão Norte-Sul teve um problema. Houve, portanto, uma variação de frequência e algumas usinas, por sistema de proteção, tiveram que ser desligadas, inclusive Angra I”, completou o ministro.
Braga informou que a causa do problema ainda não está esclarecida. De acordo com ele, a falha foi em um banco de capacitores da linha Norte-Sul mas, disse, falta explicar como ela levou a uma variação de frequência da energia e, consequentemente, ao desligamento das usinas, inclusive de maneira manual.
“Isso [falha no banco de capacitores] implicou em uma redução de carga para que pudéssemos recompor a frequência da energia e, assim, fazer o religamento.” Amanhã, no Rio, uma reunião envolvendo técnicos do ministério, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e agentes do setor vai tratar das causas do corte de energia.
Na quinta-feira passada, Braga disse em entrevista à Globonews que não há risco de racionamento de energia em 2015. “O que nós podemos garantir é: não há racionamento", disse.
“Nós temos uma térmica básica suficientemente forte, e nós não tínhamos isso em 2001”, comparou na entrevista.
Momento crítico
O sistema elétrico brasileiro enfrenta um momento crítico por conta da falta de chuvas. Na região Sudeste, uma das maiores responsáveis pela geração de energia no país, os reservatórios das usinas hidrelétricas estão com 19% de sua capacidade, quando o esperadoera no mínimo de 40%.
Para o especialista em energia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o que aconteceu pode ser classificado como racionamento forçado por geração insuficiente ou estrutura de transmissão insuficiente para atender a demanda (leia a entrevista).
A usina nuclear de Angra 1 também foi desligada. A ação é automática e acontece toda vez que há oscilação de energia na área da usina. O desligamento não ofereceu riscos, segundo comunicado da gestora da usina.