19/01/2015 17h27 - Atualizado em 19/01/2015 18h00

'Isso que aconteceu hoje é racionamento de energia', diz CBIE

Avaliação é do especialista em energia Adriano Pires, diretor da consultoria.
ONS ainda não explicou corte de energia em diversos estados.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo

Para o especialista em energia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a falta de energia ocorrida na tarde desta segunda-feira (19) pode ser classificada como racionamento forçado por geração insuficiente ou estrutura de transmissão insuficiente para atender a demanda.

Houve corte no fornecimento em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal. Segundo as empresas, o corte foi orientado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão federal responsável pela gestão de energia no país.

O ONS ainda não se pronunciou sobre a falta de energia.

"O governo gosta de chamar de apaguinho porque não demora  muito tempo. O fato concreto é  que isso que aconteceu hoje é racionamento de energia. Não estamos tendo energia suficiente paa atender [a demanda]. Não está chovendo, está muito calor. Daí não tem outro jeito", afirma Pires. A CBIE é uma empresa de consultoria e informação especializada no mercado de energia.

Embora ressalte que é preciso ainda aguardar as explicações do ONS, ele diz que um corte de energia por determinação do operador só costuma ocorrer em situações de problema na geração ou na transmissão.

"O sistema de transporte de energia eléttica não aguentou trazer a carga suficiente para atender esse horário de pico", avalia Pires. Ele lembra que o horário de pico de consumo mudou nos últimos anos e passou a ser o período da tarde, entre 15h e 16h, em razão do uso mais intenso do ar-condicionado.

Corte seletivo evita mal maior
Segundo o especialista, entretanto, o "apagão intencional" seria uma forma de "evitar um mal maior".

"O ONS agiu de maneira correta. Como o sistema é interligado e funciona como uma espécie de dominó, se a ONS não promove um corte seletivo, corre-se o risco de derrubar o sistema todo", diz o diretor do CBIE.

Ele explica que a decisão pelo racionamento da oferta costuma permitir que as distribuidoras façam cortes baseadas em algum tipo de critério, com áreas com maior número de hospitais e com menor impacto em termos de segurança pública.

"Infelizmente, se continuar sem chuva e muito calor, não vamos conseguir aumentar a oferta de energia, e vamos continuar tendo esses tipos de eventos muitas vezes", opina Pires.

Ricardo Savoia, Diretor de Regulação e Gestão em Energia da Thymos, também avalia que a falta de luz nesta segunda esteja relacionada a problemas de capacidade para atender a demanda no horário de pico.

"Existe uma preocupação enorme de pico de demanda e o cenário de racionamento não está descartado. Em janeiro já se chegou muito próximo da demanda máxima do ano passado", afirma o analista.

Em 2014 foram registrados 73 apagões
Em 2014, foram registrados 73 apagões no país, considerando todas as falhas e interrupções no fornecimento de energia com carga igual ou superior a 100 MW, segundo levantamento do CBIE.

A contabilização é feita por meio do acompanhamento dos Boletins Semanais da Operação ONS.

Em 2015, até o dia 9 de janeiro, tinha sido registrada apenas uma interrupção no fornecimento de energia, ocorrida no dia 2, quando houve um desligamento de carga de 130 MW, dos quais 83 MW de cargas do agente de distribuição Celesc, no estado de Santa Catarina e de 47 MW de cargas da RGE, no estado do Rio Grande do Sul.

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