A concentração de renda de quem está no topo da pirâmide cresceu no Brasil num período de 15 anos. A população 1% mais rica detinha, em 2015, 28% de toda a riqueza obtida no país, mostrou um relatório sobre a desigualdade no mundo divulgado nesta quinta-feira (14). Em 2001, essa participação era de 25%.
Comunidades da Vila Andrade contrastam com o luxo de mansões do Panamby, na Zona Sul de SP — Foto: Celso Tavares/G1
O documento é assinado por um time de pesquisadores, entre eles o aclamado autor do livro "O Capital no Século XXI", Thomas Piketty, especialista em estudos sobre desigualdade de renda.
Enquanto os 50% mais pobres do Brasil eram mais de 71 milhões de pessoas em 2015, os 1% mais favorecidos somavam 1,4 milhão de pessoas.
O estudo também aponta que os 10% mais ricos elevaram sua riqueza de 54% para 55% neste mesmo período.
Extremos
Os 50% mais pobres também tiveram um aumento da renda, passando de 11% para 12%, um crescimento mais rápido que os 10% mais ricos, segundo o relatório, mas com impacto bem menos relevante devido a sua baixa renda.
A participação da classe média, por sua vez, caiu entre 2001 e 2015 de 34% para 32%. Segundo o estudo, esse estreitamento da camada do meio é resultado da baixa participação da renda e baixa performance de crescimento desta população.
"Enquanto a desigualdade de renda salarial declinou de acordo com nossas observações, essa queda foi insuficiente para mitigar a concentração de capital e reverter a crescente concentração de renda entre os mais favorecidos", diz o estudo.