Donald Trump, ex-presidente e candidato a um novo mandato na Casa Branca, durante comício em Michigan — Foto: Carlos Barria/Reuters
A fortuna do ex-presidente e atual candidato nas Eleições dos Estados Unidos, Donald Trump, mais que dobrou em um mês, ganhando US$ 4,1 bilhões desde o fim de setembro, cerca de R$ 23 bilhões. A alta é consequência da disparada dos preços das ações de sua empresa de rede social, a Truth Social, que sobe com investidores acreditando numa possível vitória do republicano.
Até o fechamento do pregão desta terça-feira (29), o patrimônio de Trump já tinha chegado a US$ 8 bilhões (cerca de R$ 46 bilhões) segundo a Forbes, acompanhando o bom desempenho da companhia, que o ex-presidente detém a maioria das ações.
Só nesse pregão, as ações da Truth Social avançaram quase 9%, atingindo um valor de mercado estimado em US$ 10,3 bilhões.
Com esse número, a rede social de Trump, que nasceu para rivalizar com o antigo Twitter e tem um funcionamento semelhante, ultrapassou os US$ 9,2 bilhões de valor de mercado do X, estimados pela gestora Fidelity, agora de Elon Musk. O Twitter foi comprado por US$ 44 bilhões por Musk, e agora vale menos que um quarto disso.
No fim de setembro a situação era outra. Os papéis da companhia viviam um período ruim e chegaram a despencar mais de 40%, por conta de resultados muito baixos apresentados nos balanços corporativos.
A derrocada, consequentemente, fez a fortuna de Trump também diminuir, encerrando o último mês em US$ 3,9 bilhões (cerca de R$ 22 bilhões), tendo em vista que boa parte de seu patrimônio é de ações da empresa.
Só em outubro, porém, as ações da Truth Social já acumulam uma alta de 218,75%, mas não por uma melhora nos resultados da empresa, e sim pelo aumento das expectativas de que Trump pode ser eleito o novo presidente dos Estados Unidos.
A última pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que a vantagem de Kamala Harris sobre Trump caiu para apenas um ponto, de 44% a 43%. Além disso, revelou que o republicano tem vantagens significativas sobre Harris em várias das questões que os eleitores consideram mais urgentes, como economia, desemprego e empregos.
"Se tem uma expectativa de que o presidente da empresa pode ser presidente dos Estados Unidos, alguma coisa boa os investidores esperam disso", explica o analista de investimentos, Vitor Miziara.
Números da Truth Social não agradam investidores
Durante os últimos meses, o candidato à presidência dos Estados Unidos viu seu patrimônio perder valor pela desvalorização das ações da Truth Social.
Em meados de agosto, a empresa reportou seus resultados financeiros do segundo trimestre e mostrou uma receita de quase US$ 837 mil. O número foi considerado muito baixo uma empresa com valor de mercado avaliado em cerca de US$ 4,7 bilhões.
Além disso, o balanço mostrou um prejuízo no trimestre de mais de US$ 16 milhões, destaca o diretor de desenvolvimentos de negócios da Bridgewise, Thiago Kurth Guedes.
E a volta de Trump ao X naquele mesmo mês pesou ainda mais sobre as ações da companhia de mídia do ex-presidente, que nasceu justamente para rivalizar com o antigo Twitter depois do ex-presidente ser banido da rede social.
Para Kurth Guedes, outro número "digno de nota" foi o fluxo de caixa livre do trimestre, que representa o dinheiro que sobra para a companhia após o pagamento de suas despesas operacionais e de seus investimentos. No trimestre, esse fluxo foi negativo em quase US$ 24 milhões para a Truth Social.
"O fluxo de caixa livre negativo demonstra que a empresa teve mais gasto, mais saída de caixa do que entradas", pontua.
O especialista explica que, com esses resultados, a Trump Media não dá sinais de que vai ter um desempenho melhor que o de outras empresas médias do setor de tecnologia e comunicação daqui em diante.
A companhia viveu um período de valorização no começo do ano, principalmente em março, quando as ações da Trump Media foram listadas após a conclusão um longo processo de fusão, que levou 29 meses, da empresa com a Digital World Acquisition.
Com a estreia, o mercado se empolgou e fez o preço dos papéis dispararem mais de 40% já no primeiro dia de negociação. Mas a animação logo deu lugar à cautela, porque os investidores perceberam que a empolgação podia não refletir a real situação financeira da companhia.
Em 1° de abril, a divulgação do balanço corporativo da empresa referente a 2023 reportou um prejuízo de US$ 58 milhões em 2023. Isso levou a uma derrocada nos preços das ações nos dias seguintes, levando-as ao posto de mais vendida do mercado — ou seja, investidores apostando que os preços vão continuar caindo.
Além do prejuízo milionário, o que mais chamou a atenção nos resultados da empresa foi a sua receita em 2023: apenas US$ 4 milhões, levantando o questionamento de quão rentável é o negócio.
Patrimônio de Trump
Além de deter uma participação estimada em 60% da Trump Media, o ex-presidente americano também é dono de um patrimônio bem diversificado.
Trump é presidente da The Trump Organization, que é uma controladora de todas as empresas pertencentes a Donald Trump e seus filhos.
A família tem centenas de empreendimentos imobiliários pelo mundo, com hotéis, resorts, torres residenciais campos de golpes, além de fazer corretagem, venda e administração de imóveis pelo mundo.
Trump também tem negócios no segmento de lifestyle, com marca de roupas masculinas e femininas, itens para casa e produtos de golfe.
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