Reuters

01/07/2016 09h38 - Atualizado em 01/07/2016 17h40

Estácio aceita oferta da Kroton, e fusão deve criar gigante universitária

Negócio irá unir as operações da líder e vice-líder do setor no país.
Operação é avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões.

Do G1, em São Paulo com Reuters

Estácio informou que aceitou a proposta de união com a Kroton  (Foto: Foto: Joana Caldas/G1)Estácio informou que aceitou a proposta de união com a Kroton (Foto: Foto: Joana Caldas/G1)

A Kroton melhorou sua oferta, e o Conselho de Administração da Estácio aceitou os novos termos para ser comprada pela rival direta, em uma operação avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões. O negócio criará uma gigante do setor universitário brasileiro, unindo a líder e a vice-líder do segmento.

"O Conselho de Administração da Estácio, em reunião realizada ontem [quinta-feira], manifestou que está de acordo com os termos econômicos da nova proposta da Kroton, desde que os demais termos da operação sejam estabelecidos de forma satisfatória", afirmou a Estácio em comunicado ao mercado nesta sexta-feira (1º).

A Kroton, maior empresa de educação superior privada do país, encerrou março com 1,01 milhão de alunos, enquanto a Estácio, segunda maior do setor, tinha base total de 588 mil estudantes.

Marcas e presença regional
A Kroton tem operações de ensino presencial mais concentradas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, e é a responsável pelas marcas Anhanguera, Fama, LFG, Pitágoras, Unic, Uniderp, Unime e Unopar..

Já a Estácio possui campi em todos os Estados do Nordeste e em alguns da região Norte, e opera no mercado basicamente com a marca Universidade Estácio de Sá.

Entre as instituições que integram a rede Kroton estão Universidade Norte do Paraná (Unopar), Faculdades Pitágoras, Unic (Universidade de Cuiabá), Unime (Universidade Metropolitana de Educação e Cultura) e a rede Anhanguera.

A proposta
A nova oferta da Kroton envolve relação de troca de 1,281 ação de sua emissão por cada papel da Estácio e também distribuição de dividendos (parcelas de lucro) aos acionistas da Estácio de R$ 170 milhões, o que representa cerca de R$ 0,55 por papel da companhia. A ação da Kroton encerrou na véspera cotada a R$ 13,60. Nesta sexta, por volta das 11h30, os papéis subiam cerca de 5%

A proposta anterior da Kroton contemplava relação de troca de 1,25 ação de sua emissão para cada ação da Estácio, sem pagamento de dividendo.

A Estácio informou ainda que seu Conselho vai se reunir em 8 de julho para avaliar todas as condições da proposta da Kroton, antes de convocar assembleia de acionistas da companhia.

A conclusão da fusão entre Kroton e Estácio depende tanto da aprovação dos acionistas de ambas as empresas como também do aval das autoridades regulatórias.

Disputa com Ser Educacional
A nova oferta da Kroton veio pouco depois da rival de menor porte Ser Educacional ter elevado sua proposta na quarta-feira (27) para pagamento de R$ 1 bilhão em dividendos extraordinários aos acionistas da Estácio, ante oferta anterior de distribuição de R$ 590 milhões, e ter dado como prazo para ela o dia de 8 de julho.

Os planos da Kroton ocorrem em meio à redução das verbas federais para o financiamento do ensino superior privado por meio do Fies e à recessão no Brasil, que trouxeram dificuldades ao setor de ensino superior privado na captação e na retenção de alunos.

Fusão é questionada
A fusão entre Kroton e Estácio foi questionada por entidades do setor de educação, que veem risco de que o negócio possa criar um grupo com amplo poder de mercado e que concentra parcela significativa de fundos de incentivo à educação.

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) entrou com uma medida no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra o interesse da Kroton em adquirir a Estácio, em meados de junho. A Ordem alega que a operação trará concentração econômica ilegal ao mercado, de mais de 30%, diante de um limite estabelecido pelo Cade de 20%.

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