28/06/2016 14h24 - Atualizado em 28/06/2016 17h06

Hypermarcas nega irregularidade após notícia de delação de executivo

Empresa diz que não foi beneficiada por suposto esquema de propina.
Ações chegaram a cair mais de 5%, a principal queda do Ibovespa no dia.

Do G1, em São Paulo

A Hypermarcas divulgou nesta terça-feira (28) um comunicado informando que o ex-executivo da companhia Nelson Mello "autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços”, mas disse que a empresa "não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados pelo ex-executivo".

O comunicado foi divulgado na CVM (Comissão de Valores Mobiários) antes da abertura do pregão da Bovespa. As ações chegaram a 7,4% na abertura dos negócios e tinham queda de mais de 8% por volta das 16h. É a principal queda do índice da Bolsa de São Paulo no dia.

 

Nesta quarta, uma reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” relata um suposto repasse de propinas para senadores do PMDB, entre eles Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM).

Segundo o jornal, Mello disse em depoimento aos procuradores, em acordo de delação premiada, que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para distribuir o dinheiro para os senadores. Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra seriam os responsáveis por fazer esse repasse. As informações repassadas por Mello teriam objetivo de pagar parlamentares para atuarem em defesa de interesses da empresa no Congresso Nacional.

O senador Renan Calheiros negou ter praticado irregularidades. Ele afirmou que suas contas foram auditadas em 2007, e que, "já naquela época, não havia um centavo sequer que não tivesse origem (lícita)", disse. "De modo que eu nunca prestei serviço além da minha competência constitucional, nunca recebi absolutamente nada de ninguém".

Segundo o jornal, Braga também negou irregularidades; Jucá disse que o advogado falaria, mas não se pronunciou; e o advogado de Mello não respondeu as ligações. Procurada pelo G1, a PGR não comentou o caso.

Segundo a Hypermarcas, Mello deixou a função de diretor de Relações Institucionais do Grupo em março de 2016. "Após a saída do ex-executivo, a Companhia contratou assessores externos renomados para conduzirem uma auditoria, já finalizada, que concluiu que o Sr. Mello autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços”, disse a empresa.

A empresa diz ainda que assegurou a devolução dos recursos desviados, afirmando que não foi beneficiada pelo suposto esquema. “A Companhia ressalta que não é alvo de nenhum procedimento investigativo e que não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados pelo ex-executivo. Após o final da auditoria, com o fim de preservar os seus interesses e de seus acionistas, a Companhia celebrou um instrumento irrevogável e irretratável com o Sr. Mello, pelo qual assegurou ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos.”

O documento, assinado pelo diretor de relações com investidores da Hypermarcas, Breno Toledo Pires de Oliveira, finaliza afirmando que a empresa “reprova veementemente quaisquer atos que conflitem com seu Código de Conduta Ética e reitera seu compromisso com os mais elevados padrões de governança corporativa”.

Leia a íntegra do comunicado:

"HYPERMARCAS S.A.
Companhia Aberta
CNPJ nº. 02.932.074/0001-91
NIRE 35.300.353.251
FATO RELEVANTE
A HYPERMARCAS S.A. (a “Companhia” ou “Hypermarcas”), nos termos dos Art. 157, § 4º, da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e na Instrução CVM nº. 358, de 3 de janeiro de 2002, tendo em vista a publicação, nesta data, de matéria no jornal O Estado de São Paulo, página A4, vem a público informar o quanto se segue.
O Sr. Nelson Mello é um ex-executivo da Companhia que exerceu a função de Diretor de Relações Institucionais até o início de março de 2016.
Após a saída do ex-executivo, a Companhia contratou assessores externos renomados para conduzirem uma auditoria, já finalizada, que concluiu que o Sr. Mello autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços.
A Companhia ressalta que não é alvo de nenhum procedimento investigativo e que não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados pelo ex-executivo.
Após o final da auditoria, com o fim de preservar os seus interesses e de seus acionistas, a Companhia celebrou um instrumento irrevogável e irretratável com o Sr. Mello, pelo qual assegurou ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos.
A Companhia reprova veementemente quaisquer atos que conflitem com seu Código de Conduta Ética e reitera seu compromisso com os mais elevados padrões de governança corporativa.
São Paulo, 28 de junho de 2016
Hypermarcas S.A.
Breno Toledo Pires de Oliveira
Diretor de Relações com Investidores"

 

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