A Bovespa fechou em alta nesta sexta-feira (4), após dia apontado como um pregão de euforia por analistas. O principal índice da Bovespa chegou a avançar quase 6% nos primeiros negócios, com investidores reagindo à nova fase da operação Lava Jato envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de mandado de condução coercitiva pela Polícia Federal.
O Ibovespa subiu 4,01%, aos 49.084 pontos. Veja a cotação da bolsa hoje. Esta é a maior pontuação de fechamento desde outubro de 2015, quando no dia 9, o índice terminou o pregão aos 49.338 pontos.
Na semana, a bolsa subiu 18% - maior elevação percentual desde outubro de 2008. No mês e no ano, há valorização de 14,7% e 13,23%, respectivamente.
As ações da Petrobras tiveram forte alta, reagindo ao noticiário da Lava Jato e tendo como pano de fundo alta dos preços do petróleo no mercado internacional.
A Petrobras fechou com as preferenciais em alta de 9,89% (após disparar 20% na máxima do dia) e as ordinárias com avanço de 9,55%.
Os papéis preferenciais da petroleira tiveram o maior ganho em uma semana desde 1994, segundo a Economatica, com elevação de 48,25%. Já as ações ordinárias (que dão direito a voto) saltaram 44,85% na semana.
Ações em alta nesta sexta | |
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Petrobras PN | 9,98% |
Petrobras ON | 9,55% |
Vale PN | 6,93% |
Vale ON | 5,95% |
Banco do Brasil | 9,87% |
Itaú Unibanco | 4,88% |
Bradesco | 10,33% |
CSN | 16,31% |
Gerdau | 16,09% |
Usiminas | 7,09% |
A Vale fechou com fortes ganhos, na esteira do viés positivo na Bovespa e tendo como suporte a nova alta dos preços à vista do minério de ferro. Também no radar estava notícia de que o Conselho de Administração se reunirá em abril para discutir nova política de dividendo. A Vale encerrou com as preferenciais com ganho de 6,93% e as ações ordinárias com alta de 5,95%.
As ações preferenciais e ordinárias da Vale fecharam a semana em alta de 45,05% (melhor desempenho semanal desde 1999) e 50,45%, respectivamente.
O Banco do Brasil saltou 9,87%, contagiado pelas expectativas relacionadas ao cenário político. Na semana, contabilizou elevação de 39%, também maior ganho semanal desde janeiro de 1994, segundo a Reuters. Bradesco avançou 10,33% e Itaú Unibanco fechou em alta de 4,88%.
O dólar também reagiu ao quadro político e fechou em queda, abaixo de R$ 3,80. Veja a cotação do dólar hoje. Na semana, a queda foi de 5,93% - maior recuo semanal desde outubro de 2008, segundo a Reuters.
"A reação do mercado é totalmente Lula e Dilma. Qual é o pensamento do mercado? O governo Dilma e Lula seguraram o preço da gasolina, a Petrobras não cresceu nos últimos anos...além desse efeito, o mercado pensa na economia como um todo. A Dilma está fazendo um péssimo trabalho de 2013 para cá. O mercado acredita que todo mundo vai cair e que um possível novo governo dê um gás na economia do país", disse ao G1 o professor de finanças e economista da NeoValue Investimentos, Alexandre Cabral.
Incertezas
“Nós estávamos passando por momentos de incerteza e com a inexistência de uma perspectiva de uma melhora da economia brasileira, principalmente pela própria inanição do governo. Então com essas resultantes da Lava Jato, começa a surgir um alento e a nível de mercado ressurge uma perspectiva de que o Brasil pode melhorar. Como os ativos [ações das empresas] estão extremamente baratos, essas perspectivas de mudança fazem com que o mercado se aqueça”, diz Otto Nogami, professor de economia do Insper.
Segundo ele, o mercado é altamente especulativo e pontual, então quando as coisas acontecem elas já repercutem rapidamente. “Essa operação de hoje não estava precificada pelo mercado como estava o rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela Moody’s na semana passada”, explica.
De acordo com Nogami, eventos inesperados com perspectiva positiva, de melhora e de resgate da credibilidade fazem com o que o mercado se anime, mesmo que seja no curto prazo. “Pode ser que na segunda-feira o mercado volte a ser como estava antes, mas no ponto em que tudo está, agora não tem mais volta, vai ser uma ‘rapa geral’”, diz.
Cenário político
O mercado brasileiro tem sido intensamente influenciado pelo noticiário político. Muitos operadores entendem que vem crescendo a chance de afastamento da presidente Dilma Rousseff, algo que tem provocado reações favoráveis no mercado, enfraquecendo o dólar, segundo a Reuters.
"Está crescendo no mercado a aposta de que Dilma não vai terminar seu mandato", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta à agência Reuters. Ele ressaltou, porém, que o quadro é bastante incerto e um eventual impeachment pode dificultar o reequilíbrio da economia brasileira.
Volume recorde
A BM&FBOVESPA atingiu nesta sexta o recorde de 774.530 negócios no Segmento BM&F. A marca anterior, de 625.251 negócios, aconteceu no pregão de 03/03/2016.