04/03/2016 18h18 - Atualizado em 04/03/2016 20h56

Bovespa fecha em forte alta e tem maior ganho semanal desde 2008

O Ibovespa subiu 4,01%, aos 49.084 pontos.
Na semana, a bolsa avançou 18%.

Do G1, em São Paulo

A Bovespa fechou em alta nesta sexta-feira (4), após dia apontado como um pregão de euforia por analistas. O principal índice da Bovespa chegou a avançar quase 6% nos primeiros negócios, com investidores reagindo à nova fase da operação Lava Jato envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de mandado de condução coercitiva pela Polícia Federal.

 

O Ibovespa subiu 4,01%, aos 49.084 pontos. Veja a cotação da bolsa hoje. Esta é a maior pontuação de fechamento desde outubro de 2015, quando no dia 9, o índice terminou o pregão aos 49.338 pontos.

Na semana, a bolsa subiu 18% - maior elevação percentual desde outubro de 2008. No mês e no ano, há valorização de 14,7% e 13,23%, respectivamente.

As ações da Petrobras tiveram forte alta, reagindo ao noticiário da Lava Jato e tendo como pano de fundo alta dos preços do petróleo no mercado internacional.

A Petrobras fechou com as preferenciais em alta de 9,89% (após disparar 20% na máxima do dia) e as ordinárias com avanço de 9,55%.

Os papéis preferenciais da petroleira tiveram o maior ganho em uma semana desde 1994, segundo a Economatica, com elevação de 48,25%. Já as ações ordinárias (que dão direito a voto) saltaram 44,85% na semana.

Ações em alta nesta sexta

Petrobras PN

9,98%

Petrobras ON

9,55%

Vale PN

6,93%

Vale ON

5,95%

Banco do Brasil

9,87%

Itaú Unibanco

4,88%

Bradesco

10,33%

CSN

16,31%

Gerdau

16,09%

Usiminas

7,09%

 A Vale fechou com fortes ganhos, na esteira do viés positivo na Bovespa e tendo como suporte a nova alta dos preços à vista do minério de ferro. Também no radar estava notícia de que o Conselho de Administração se reunirá em abril para discutir nova política de dividendo. A Vale encerrou com as preferenciais com ganho de 6,93% e as ações ordinárias com alta de 5,95%.

As ações preferenciais e ordinárias da Vale fecharam a semana em alta de 45,05% (melhor desempenho semanal desde 1999) e 50,45%, respectivamente.

O Banco do Brasil saltou 9,87%, contagiado pelas expectativas relacionadas ao cenário político. Na semana, contabilizou elevação de 39%, também maior ganho semanal desde janeiro de 1994, segundo a Reuters. Bradesco avançou 10,33% e Itaú Unibanco fechou em alta de 4,88%.

O dólar também reagiu ao quadro político e fechou em queda, abaixo de R$ 3,80. Veja a cotação do dólar hoje. Na semana, a queda foi de 5,93% - maior recuo semanal desde outubro de 2008, segundo a Reuters.

"A reação do mercado é totalmente Lula e Dilma. Qual é o pensamento do mercado? O governo Dilma e Lula seguraram o preço da gasolina, a Petrobras não cresceu nos últimos anos...além desse efeito, o mercado pensa na economia como um todo. A Dilma está fazendo um péssimo trabalho de 2013 para cá. O mercado acredita que todo mundo vai cair e que um possível novo governo dê um gás na economia do país", disse ao G1 o professor de finanças e economista da NeoValue Investimentos, Alexandre Cabral.

Incertezas
“Nós estávamos passando por momentos de incerteza e com a inexistência de uma perspectiva de uma melhora da economia brasileira, principalmente pela própria inanição do governo. Então com essas resultantes da Lava Jato, começa a surgir um alento e a nível de mercado ressurge uma perspectiva de que o Brasil pode melhorar. Como os ativos [ações das empresas] estão extremamente baratos, essas perspectivas de mudança fazem com que o mercado se aqueça”, diz Otto Nogami, professor de economia do Insper.

Segundo ele, o mercado é altamente especulativo e pontual, então quando as coisas acontecem elas já repercutem rapidamente. “Essa operação de hoje não estava precificada pelo mercado como estava o rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela Moody’s na semana passada”, explica.

pode ser que na  2ª feira o mercado volte a ser como estava antes, mas no ponto em que tudo está, agora não tem mais volta, vai ser uma 'rapa geral'"
Otto Nogami, professor de economia do Insper

De acordo com Nogami, eventos inesperados com perspectiva positiva, de melhora e de resgate da credibilidade fazem com o que o mercado se anime, mesmo que seja no curto prazo. “Pode ser que na segunda-feira o mercado volte a ser como estava antes, mas no ponto em que tudo está, agora não tem mais volta, vai ser uma ‘rapa geral’”, diz.

Cenário político
O mercado brasileiro tem sido intensamente influenciado pelo noticiário político. Muitos operadores entendem que vem crescendo a chance de afastamento da presidente Dilma Rousseff, algo que tem provocado reações favoráveis no mercado, enfraquecendo o dólar, segundo a Reuters.

"Está crescendo no mercado a aposta de que Dilma não vai terminar seu mandato", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta à agência Reuters. Ele ressaltou, porém, que o quadro é bastante incerto e um eventual impeachment pode dificultar o reequilíbrio da economia brasileira.

Volume recorde
A BM&FBOVESPA atingiu nesta sexta o recorde de 774.530 negócios no Segmento BM&F. A marca anterior, de 625.251 negócios, aconteceu no pregão de 03/03/2016. 

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