A quinta-feira (3) era marcada por fortes altas na Bovespa, com destaque para papéis de empresas com participação estatal, como Petrobras, após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar que acolheu pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
O mercado também reage bem à aprovação pelo Congresso, na quarta-feira, da redução da meta fiscal deste ano, autorizando o governo a trocar a previsão de um superávit de R$ 66,3 bilhões em 2015 por um déficit que pode bater em R$ 119,9 bilhões. Com isso, o Executivo teria condições de revogar o decreto editado na segunda-feira para contingenciar R$ 11,2 bilhões de despesas não obrigatórias, e que ameaçava paralisar a administração pública.
Às 15h33, o principal índice de ações da bolsa subia 3,36%, aos 46.422 pontos. Veja a cotação.
A alta é puxada pelas ações do Banco do Brasil e do Itaú, que sobem mais de 7%.
Já o dólar opera em queda de mais de 1%, cotado abaixo de R$ 3,80. Veja cotação
Na noite da véspera, Cunha afirmou que aceitou o pedido de impedimento elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, com apoio da oposição, que é baseado, entre outros pontos, nas chamadas "pedaladas fiscais".
Na visão do gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management, trata-se de uma reação inicial de euforia com a expectativa de mudança que se abre, mas não deve ser sustentável. "Não é algo trivial... O processo em si é bastante incerto, e deve adicionar ainda mais volatilidade neste momento."
A aprovação pelo Congresso Nacional de alteração da meta fiscal em 2015 e a afirmação do Banco Central brasileiro de que tomará as "medidas necessárias" para controlar a escalada de preços independentemente das demais políticas, conforme ata da última reunião do Copom, endossavam os ganhos.
Do exterior, agentes financeiros repercutiam decisão de política monetária na Europa antes de novo discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen.
Destaques
Petrobras mostrava as ações preferenciais e ordinárias com alta de cerca de 5%, na esteira do noticiário político, tendo como pano de fundo o avanço dos preços do petróleo no exterior .
Banco do Brasil saltava mais de 7%, também sob efeito do rali após a decisão de Cunha, guiando a alta no setor bancário do Ibovespa como um todo, com sinalizações do Banco Central e decisão sobre a meta fiscal também no radar dos investidores. Itaú Unibanco ganhava cerca de 7%, Bradesco e Santander mais de 5%.
Eletrobras avançava mais de 5%, acompanhando o viés positivo dos papéis de companhias com fatia estatal na bolsa após os últimos desdobramentos na cena política.
Vale tinha queda de menos de 1% tanto nas preferenciais como nas ordinárias, diante de novo declínio dos preços do mínerio de ferro na China, com a cotação à vista atingindo 40,30 dólares a tonelada.
BTG Pactual, que não faz parte do Ibovespa, avançava 0,3%, após seis quedas seguidas, período em que acumulou declínio de cerca de 35%, na esteira da prisão do ex-presidente-executivo André Esteves por suposta obstrução da operação Lava Jato, que investiga um escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.
Na véspera, o presidente do Conselho de Administração da companhia, Pérsio Arida, disse à Reuters que a venda de uma fatia de 12% na cadeia de hospitais Rede D'Or São Luiz marca o início de uma série de desinvestimentos do BTG Pactual que ajudarão o grupo a sair de áreas fora de sua atividade principal.
Véspera
A Bovespa fechou em queda nesta quarta-feira, pelo quarto pregão seguido, com investidores adotando cautela em meio à rodada de votações importantes no Congresso Nacional. O Ibovespa caiu 0,29%, aos 44.914 pontos. Na semana e no mês, a bolsa acumula queda de 2,09% e 0,46%, respectivamente. No ano, há desvalorização de 10,18%.