O ciclo de recuperação da economia brasileira já está em curso. Mas seu ritmo e intensidade ainda vão apresentar oscilações nos resultados mensais. É o que mostra desempenho do setor de serviços, com queda de 0,8% em julho, depois de três altas seguidas, segundo IBGE. A mesma coisa pode-se dizer do resultado das vendas do comércio, que foi de estabilidade no mês de julho, também depois de três meses seguidos de alta. 
 

Olhando para este comportamento fica claro que o dinheiro do FGTS foi determinante para estimular a demanda das famílias. Ainda assim, os dados do IBGE mostram também que a escolha pelo destino da renda está sendo seletiva e voltada para coisas do dia a dia. O turismo teve queda de 2,1% em julho, pleno mês de férias escolares do país.
 

A acomodação em julho não significa que o efeito terá ficado apenas no primeiro semestre. Até porque, a melhora no emprego no primeiro semestre também contribuiu para retomada do consumo. Apesar da oscilação no varejo e nos serviços, a trajetória já está apontada para cima, com força gradual e com novos estímulos a partir de agora.
 

Há uma segunda onda de consequências esperadas pela liberação das contas inativas do Fundo. Aquelas pessoas que resolveram quitar dívidas e não gastar num primeiro momento, acabaram liberando uma parte do orçamento mensal. Isto pode ser reverter em consumo de serviços ou produtos numa condição de mais segurança com a economia, já que o desemprego já começou a reduzir.
 

A cereja do bolo deverá ser a taxa de juros, que assume a responsabilidade de ser o fio condutor da retomada do consumo neste segundo semestre. A taxa média cobrada pelos bancos caiu em agosto pela 9ª vez seguida, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
 

A intensidade da queda deixa muito a desejar, mas pode ganhar alguma força se o Banco Central seguir baixando a taxa Selic até pelo menos 7%, como ele indicou que vai fazer. A queda da inflação é o ingrediente fundamental deste novo ciclo econômico que se consolida no país. Tudo indica que ela vai seguir comportada porque ainda estamos longe de superar o ociosidade do parque produtivo e, especialmente, o lado mais perverso da crise que começa a se despedir: o altíssimo desemprego.