Com o tamanho do ajuste necessário das condições macroeconômicas do Brasil, não é realista esperar crescimento expressivo da economia em curto e médio prazos. As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 estão em uma queda de 1,24%, segundo o relatório Focus desta semana. Tem gente que já espera coisa pior, mais perto de 2%. Surpresas sempre podem acontecer, mas dificilmente uma novidade positiva será capaz de reverter o desempenho negativo deste ano.
 
A principal atração desta semana na economia é a divulgação do PIB do primeiro trimestre calculado pelo IBGE – na sexta-feira (29). Economistas de mercado esperam queda de 0,6% no período. Já sabemos que, pelas contas do Banco Central, a economia encolheu 0,81% nos três primeiros meses do ano. Para o Serasa Experian, a queda foi de 1,3%, segundo seu modelo de cálculo. No último trimestre de 2014, houve alta de 0,3% da atividade, o que ajudou a levar o PIB do ano a 0,1% de alta.
 
Em economia há o PIB real e o PIB potencial. O primeiro é o que aconteceu, resultado fechado. O segundo é um indicativo de quanto uma economia pode crescer sem gerar distorções – como a inflação, por exemplo.

O cálculo do PIB potencial não é simples, nem unânime. Cada casa de economistas tem um, mas não há discrepância entre as variáveis. Há quatro anos, o PIB potencial do Brasil estava entre 3% e 4% - o que já era baixo e menor do que no início dos anos 2000. Hoje, está em 2%, ameaçado de queda se os ajustes não forem minimamente implementados.
 
A pauta para aumentar a capacidade de produção do país passa, obrigatoriamente, pelo equilíbrio político, social e econômico. As reformas estruturais são vitais para melhorar a eficiência nas relações entre os agentes econômicos e reforçar os fundamentos para o futuro. Previdência, trabalhista, política e tributária são as reformas mais urgentes e, agora, inevitáveis. O plano de concessões na área de infraestrutura é outra condição chave, já que o poder público não tem e nem terá tão cedo, caixa para isso.
 
A pauta para um PIB real robusto precisa ser a da produtividade e da eficiência – duas condições que se deterioraram demais nos últimos anos. O ajuste nas contas públicas passa também por restaurar um pouco da eficiência do estado brasileiro, num ambiente mais previsível e equilibrado. Não há atalhos ou artifícios para esta tarefa – aliás, experimentamos ambos e vimos no que deu. Enquanto nos debatermos sobre para onde ir e como ir, teremos o PIB possível, não o desejável.