A queda da popularidade de Dilma Rousseff apontada pela recente pesquisa do Datafolha comprovou o ditado: mentira tem perna curta. Todas as bazófias desfiadas durante a campanha à reeleição em 2014 se desfizeram em pouquíssimo tempo. O chato é que, em economia, quem ri por último não ri melhor.
 
A realidade dos brasileiros se impõe generalizadamente, porque o bolso, a insegurança e a falta de perspectivas atingem a todos, sem distinção ideológica. As notícias econômicas se acumulam formando um quadro desalentador para 2015 e pouquíssimo promissor para 2016. O melhor seria que as coisas parassem de piorar, ou seja, que o fundo do poço já tivesse chegado. Mas ainda não é o caso.
 
E não é só porque os dados de 2014 continuam saindo e mostrando um enfraquecimento agudo da atividade. Caso das vendas do varejo do ano passado divulgadas nesta quarta-feira (11) pelo IBGE, apontando pior resultado do setor desde 2003! Olhando o gráfico do G1 sobre a evolução do varejo desde então,  impressiona o tombo do desempenho em apenas dois anos. E olha que em 2012 vivemos o auge dos estímulos do governo ao consumo, o que provocou um salto das vendas entre 2011 e 2013.
 
Enquanto varejo e indústria lidam com os atropelos da deterioração do ambiente econômico, a vida continua e vai apresentando mais contas a serem pagas: energia, água, impostos e, agora com mais força, a alta do dólar. Do lado de cá do balcão, estão as famílias brasileiras que vão pagar a mesma fatura de quem produz e que sentem o poder de compra ser corroído sem dó. O índice de inflação para população de baixa renda calculado pela Fundação Getúlio Vargas, o IPC-C1, fechou janeiro em alta de 2%. Lembrando que o IPCA, calculado pelo IBGE, subiu 1,24% no mês passado.
 
É aí que a diferença salta aos olhos. A inflação, como mal maior da economia, fere o lado mais fraco da corda. É no andar mais baixo da pirâmide social que o desemprego cresce primeiro, atingindo, principalmente, os menos qualificados. Os dados mais recentes sobre o mercado de trabalho, revelados pela Pnad Contínua do IBGE, corroboram esse cenário.
 
O que iguala todos nestas circunstâncias, independentemente da ideologia, gênero e classe social, é a procura pela liderança que vai mudar o rumo dos acontecimentos, uma boia em dias de mar agitado. Por enquanto, não se vê nem a bancada mais alta do salva-vidas, que dirá o próprio. A bandeira vermelha, que alerta para que ninguém se arrisque nas ondas perigosas, só foi colocada depois de todo mundo ter pulado na água.