Finalmente parece que agora é para valer. O Brasil está saindo mesmo da recessão e dificilmente teremos um novo “susto” de piora, como o que aconteceu nos últimos meses de 2016. Associações que representam vários setores da indústria e muitas consultorias já refazem as contas para acomodar uma expectativa melhor para o resultado do último trimestre do ano passado. Se a melhora se confirmar, o ano novo ganha um impulso importante na largada e joga um asfalto no caminho para a retomada.


Em dezembro, quando o setor industrial pode ter tido um desempenho mais favorável, o Banco Central não tinha reduzido os juros com mais força nem prometido manter a queda durante o ano. Sozinha, a queda dos juros será capaz de assentar com mais firmeza a frágil recuperação que aponta no horizonte. E não é só da redução de janeiro que estou falando. As estimativas coletadas pelo BC com a pesquisa Focus apresentadas nesta segunda-feira (23) já preveem juros de 9,5% ao final do ano e inflação mais perto da meta de 4,5%.


O ministro Henrique Meirelles nem de longe lembra o “levantador de PIB” Guido Mantega, ex da pasta. Mantega variava entre um otimismo bonachão e outro desonesto – mais para o segundo tipo. Meirelles ganhou muita credibilidade ao apontar “a pior crise do século” e a gravidade das contas públicas. Da Suíça, onde foi participar do Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda afirmou que o crescimento já daria suas caras no primeiro trimestre deste ano – o que parecia improvável, forçando um pouco a barra. 


 
Agora, não mais. É possível e provável que os três primeiros meses de 2017 apresentem desempenho no mínimo estável – se as estimativas para o último tri de 2016 se confirmarem. Quem vai ditar o ritmo será a indústria, que foi a primeira a começar a cair e liderou o aprofundamento da crise, nos levando à recessão. Uma reportagem no jornal Valor desta segunda-feira traz relatos de vários setores, especialmente automotivo, que corroboram as expectativas positivas.


 
A semana que começa agora não tem divulgação de indicadores expressivos para a economia: vamos conhecer dados do mercado de crédito e do setor externo de dezembro. O foco está totalmente voltado para a decisão do STF sobre a substituição de Teori Zavascki, morto em acidente de avião na semana passada. O mundo político quer saber o que vai fazer a presidente da Corte, Carmem Lúcia, com as homologações das delações premiadas dos executivos da Odebrecht.


 
Como tem acontecido há algum tempo já, as surpresas – negativas, infelizmente – têm provocado mudanças na leitura do cenário brasileiro com muita frequência. O estopim das guerras entre facções nos presídios brasileiros chocou pela violência, mas também pela péssima gestão que se faz do sistema carcerário nacional. Não deixa de ser mais um buraco escavado pela má gestão publica que impera no país.

 
Daí caímos no outro ponto da agenda doméstica que não sai dos radares que é a negociação com Rio de Janeiro para tirar o estado da enrascada em que se meteu. Há muitas condicionantes envolvidas na possibilidade de o governo fluminense tomar mais empréstimos para pagar salários e fornecedores. E qualquer que seja a solução encontrada, será base para que outros governadores venham pedir salvação ao governo federal.