Fechando 2016 - a agenda da semana
O ano de 2016 está chegando ao fim – falo dos dados disponíveis sobre a economia. O calendário normal já avança para fevereiro de 2017 mas leva um tempo até que toda fotografia do ano que passou seja revelada. Esta semana vamos conhecer os números do comércio e dos serviços, os setores mais importantes da economia, responsáveis pela força do PIB e que dependem, diretamente, do consumo das famílias.
O varejo deve ter tido o pior ano da história no Brasil. O resultado a ser divulgado pelo IBGE na próxima terça-feira (14) deve corroborar o que a Confederação Nacional do Comércio acaba de revelar. Reportagem no Estadão nesta segunda-feira (13) mostra que o setor perdeu 182 mil postos de trabalho e mais de 108 mil lojas foram fechadas no país. Para os economistas do banco Safra, o setor, sem contar vendas de automóveis, deve ter caído 3,2% em dezembro, fechando 2016 com a incrível e triste queda de 6,5%.
O setor de serviços também está sofrendo com a recessão. Até novembro já havia registrado queda de 5% no acumulado do ano. Para dezembro as expectativas são de mais um período negativo, levando o setor a fechar 2016 em queda aproximada de 5%. Se é que dá pra chamar de boa notícia, a queda na prestação de serviços vem perdendo força e deve ter recuperação em 2017. Mas para sair do vermelho, a economia terá que ser recuperar com mais força durante o ano.
Fechando a semana teremos a “prévia do PIB” calculada pelo Banco Central, o IBC-Br de dezembro, selando o resultado de 2016. A previsão é de que o último mês do ano tenha ficado estável ou ligeiramente negativo. O índice do BC é mais sensível e volátil do que o PIB calculado pelo IBGE e por isso deve fechar o ano em queda de 4,4%, segundo os economistas do Bradesco.
O consumo das famílias é o combustível desta grande engrenagem do varejo e do setor de serviços. E o país está com as “bombas” bem vazias. Os gastos dos brasileiros estão em queda há meses seguidos, caíram 4% em 2015 e devem fechar com o mesmo desempenho em 2016, quiçá até um pouco pior. Só vamos saber o dado fechado em 07 de março com a divulgação do PIB do ano passado.
Para o Ibre/FGV o consumo das famílias pode seguir negativo em 2017 a não ser pelo efeito provocado pelo saque do FGTS que pode injetar mais de R$ 30 bi na economia. Como o nível de endividamento segue muito alto, economistas avaliam que o dinheiro-surpresa sirva mais para quitar dívidas, não consumir. Ainda assim, se sair de uma redução no consumo de quase 9% em dois anos, já será um alívio.
Aliás, este é outro evento importante da semana. Nesta terça-feira (14) o governo vai divulgar o calendário para os saques do FGTS que devem levar entre 4 e 5 meses para serem concluídos, de acordo com a data de nascimento do correntista. Como na crise sempre há oportunidades, uma reportagem do G1 mostra como os aplicativos “informais” que ajudam a consultar saldo e tirar dúvidas sobre o Fundo estão faturando alto.