Os ataques às instalações de petróleo na Arábia Saudita terão efeitos prolongados sobre a geopolítica do produto. A escalada de preços pode ser revertida com a volta à normalidade dos níveis de produção em algumas semanas.
Mas a eficácia e o poder destruidor dos ataques com drones liga o alerta sobre a vulnerabilidade das instalações de petróleo em toda a região. Em tese, outros ataques poderão ocorrer, e não apenas na Arábia Saudita.
A região concentra a maioria dos grandes produtores e exportadores de petróleo do mundo. Tensões políticas são uma constante. Guerras de curta e longa duração também.
A alta dos preços, caso não seja de todo revertida, é mais um complicador para a economia mundial, já temendo recessão na Europa e nos Estados Unidos.
Preços do petróleo disparam após ataques a instalações na Arábia Saudita
E o Brasil, como ficaria? Já estamos sendo afetados pelo baixo crescimento mundial. A queda das nossas exportações este ano já refletem o ambiente negativo do comércio mundial.
Mas, do ponto de vista da indústria do petróleo, o Brasil pode ser o grande beneficiado por mais essa confusão no Oriente Médio. O presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Décio Odone, afirmou que o ataque às instalações de petróleo na Arábia Saudita aumentou, e muito, a percepção de risco na região.
Significa maior empenho das grandes companhias de petróleo e dos países fortemente dependentes do suprimento externo em direcionar investimentos para áreas estáveis politicamente e com ambiente regulatório favorável.
Na América Latina, a Venezuela, que detém a maior reserva de petróleo do planeta, enfrenta uma crise política, econômica e social profunda. A produção de petróleo já caiu à metade do que era e a estatal de petróleo, a PDVSA, foi arruinada pelo chavismo.
No México, o governo de Lopez Obrador optou por reforçar o modelo estatizante e a Pemex depende de uma bilionária capitalização para tocar seus negócios. A Argentina, que revela grande potencial de produção na região de Vaca Muerta, pode não ser tão atraente com a provável volta do peronismo ao poder.
De acordo com o presidente da ANP, o interesse pelo pré-sal brasileiro deve aumentar muito. O primeiro teste será no dia 10 de outubro, quando ocorrerá o leilão da 16ª rodada, pelo regime de concessão.
O Brasil é a potência emergente em petróleo e gás. Com os investimentos já programados, a produção deve chegar a 7,5 milhões de barris em 2030. O Brasil pode chegar à posição de quarto maior produtor de petróleo do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudita.