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Por Ana Flor

Jornalista e comentarista da GloboNews. Acompanha as notícias de Brasília, da política econômica aos bastidores do poder.

Por Ana Flor e Luiz Felipe Barbiéri


Deputado federal Isnaldo Bulhões, relator da MP que redesenha a Esplanada dos Ministérios — Foto: Reprodução/Instagram

O relator da medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), propôs mudanças no texto enviado em janeiro pelo governo ao Congresso, contrariando ministros de Lula.

O relatório de Bulhões foi apresentado nesta terça-feira (23) e deve ser votado nos próximos dias.

Uma das alterações propostas, se aprovada, esvazia o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Bulhões sugere a transferência da estrutura responsável pela demarcação de terras indígenas da pasta chefiada por Sônia Guajajara para o Ministério da Justiça.

Na justificativa, o relator afirma que a medida "visa à neutralidade nas análises dos processos de demarcação, preservando no MPI defesa, usufruto exclusivo e gestão das terras e dos territórios já demarcados".

Em audiência em uma comissão do Senado no começo deste mês, Sônia Guajajara se posicionou contra a mudança e fez um apelo aos senadores para que a demarcação de terras indígenas permanecesse na pasta que chefia.

Em outra frente, Bulhões propõe a retirada do Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva. Se aprovado o texto do relator, o CAR passará para o Ministério da Gestão e da Inovação, da ministra Esther Dweck.

"Em busca de se ter neutralidade na gestão desse cadastro, ele [o CAR] foi transferido ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, garantindo, assim, equilíbrio entre desenvolvimento e proteção ambiental", diz trecho de apresentação feita por Isnaldo Bulhões.

O CAR é um registro público eletrônico, obrigatório para imóveis rurais. A finalidade do cadastro é integrar informações ambientais das propriedades rurais, e formar base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e combate ao desmatamento.

Outras mudanças

Confira outras mudanças propostas pelo relator:

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

O relator fez alterações para evitar "sobreposições" de atribuições entre o Ministério da Agricultura (MAPA) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Ficaram no MAPA:

  • Política agrícola, abrangidos a produção, a comercialização e o seguro rural
  • Garantia de preços mínimos, à exceção dos produtos da sociobiodiversidade
  • Produção e divulgação de informações dos sistemas agrícolas e pecuários, incluídos produtos da sociobiodiversidade
  • Comercialização, abastecimento, armazenagem e garantia de preços mínimos

Coaf

Na prática, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) vai voltar para o Banco Central, uma vez que o tema não foi incluído na MP da reestruturação.

O Coaf, a unidade de inteligência financeira brasileira, antes vinculado ao Banco Central do Brasil, teve sua organização e vinculação alterados e transferiram o órgão ao Ministério da Fazenda em outra MP, a 1.158.

Por falta de acordo, esta MP não será votada. Com isso, o Coaf retornará ao Banco Central.

Saneamento

A regulação de questões relacionadas ao saneamento básico continua a cargo da Agência Nacional de Águas (ANA).

A implementação do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa) e o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) voltará a estar ligada diretamente ao Ministério das Cidades. Na MP original, está vinculada ao Meio Ambiente.

Fundação Nacional de Saúde

O relator insere na MP um trecho que autoriza a extinção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

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