Por g1


Leite produzido por vacas A2A2 não causam desconforto digestivo. — Foto: Fabiana Assis/G1

Você sabe o que é a doença da vaca louca? O tema chamou a atenção após o governo federal ter confirmado, nesta semana, um caso atípico da doença no município de Marabá (PA).

Casos atípicos da doença não trazem riscos de disseminação no rebanho ou de transmissão ao ser humano.

Em 20 anos de monitoramento da doença, o país nunca identificou a forma mais tradicional, que é quando o animal é contaminado por meio da alimentação. É o que afirma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), estatal vinculada ao Ministério da Agricultura.

Veja perguntas e repostas sobre a doença vaca louca.

O que é a doença da vaca louca?

A enfermidade é fatal e acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca que, a princípio, era calma e de fácil manejo, por exemplo, se torna agressiva, daí o apelido do distúrbio.

A encefalopatia espongiforme bovina, nome científico da doença, é gerada por uma proteína infecciosa chamada príon. O príon já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente, inclusive no ser humano, contudo, ele pode se tornar patogênico ao adotar uma forma anormal e se multiplicar demasiadamente.

Quando isso acontece, o príon mata os neurônios e no lugar ficam buracos brancos no cérebro, por isso o nome da doença de “espongiforme”, já que os buracos têm a forma semelhante a de uma esponja. Veja abaixo.

O príon doente mata os neurônios, deixando buracos brancos no local, semelhantes a uma esponja. — Foto: Reprodução / Globo Rural

Como os bovinos são contaminados?

Existem duas formas principais para o animal adquirir a doença:

  • caso de origem atípica: ocorre de forma esporádica e espontaneamente em animais velhos. Quanto mais idoso, maior a probabilidade disso acontecer. Nele, naturalmente, o príon – que é a proteína infecciosa que causa a doença – sofre uma mutação e se torna infeccioso;
  • contaminação: por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como por exemplo, farinha de carne e ossos de outras espécies. No Brasil, é proibido o uso deste tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.

O que são casos atípicos?

A forma atípica da vaca louca é quando a doença se desenvolve de forma espontânea no animal, sem ser por meio da alimentação, como ocorre na forma tradicional da doença.

Quanto mais velho, maior a probabilidade dele desenvolver a doença.

Os animais podem transmitir a doença para o rebanho?

Não há indícios de que um bovino transmita a doença para o outro, mas, caso ele seja diagnosticado, o produtor deve colocá-lo para o abate e incinerar o corpo, a fim de evitar que se torne alimento para alguma espécie.

O criador também deve avisar o serviço oficial de defesa sanitária.

Quais os principais sintomas?

A doença da vaca louca tem uma evolução longa, na qual o animal apresenta sintomas neurológicos, como:

  • nervosismo;
  • apreensão;
  • medo;
  • ranger dos dentes;
  • hipersensibilidade ao som, toque e luz;
  • ataxia, ou seja, dificuldade para andar.

Estes sintomas podem ser confundidos com outras enfermidades que afetam o Sistema Nervoso Central, como raiva, intoxicações, poliencefalomalácia, herpes vírus bovino, entre outras. Por isso, é importante a sua comprovação por meio de diagnóstico laboratorial.

Dá para tratar os animais?

Não existe um tratamento ou vacina para a vaca louca, por isso, a melhor saída é prevenir que o animal desenvolva a proteína infecciosa, usando apenas as rações autorizadas. Consulte mais detalhes da prevenção nesta cartilha do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Quando acometido pela doença, o gado pode morrer entre duas semanas e seis meses após o início dos sintomas.

Humanos podem ser contaminados?

Existem duas doenças que têm relação com príon infeccioso. Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver esse príon naturalmente - sendo acometidos por uma doença degenerativa chamada doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), que nada tem a ver com o mal da vaca louca. Ela atinge principalmente idosos.

Também é possível um humano adquirir esse príon infeccioso ao comer carne infectada, desenvolvendo a variante doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ), também conhecida como "vaca louca".

Não há casos registrados no Brasil, uma vez que também nunca houve comprovação de existência de contaminação de bovinos, apenas episódios de "origem atípica", ou seja, em casos isolados.

O risco de humanos desenvolverem o mal da vaca louca existe no consumo de partes contaminadas do cérebro, da medula cervical, da tonsila ou de tecidos do fundo do olho de bovinos. Contudo, desde o final da década de 1990, o Ministério da Agricultura proibiu a comercialização destas partes para consumo.

Ambas as doenças degenerativas são fatais e têm alguns sintomas em comum, como a perda de memória, perda visual, depressão e insônia. É possível que uma pessoa tenha adquirido o problema e ela não manifeste sintomas por anos.

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