Fertilizantes Uberaba — Foto: Reprodução/TV Integração
O Brasil é um grande produtor agrícola e tem um papel importante como fornecedor de grãos para o mundo. Por outro lado, o país tem dificuldades para fabricar os insumos necessários para manter a alta produtividade, como os fertilizantes.
Em 2021, o Brasil importou 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes, somando US$ 15,1 bilhões. Apenas em janeiro de 2022, foram compradas 2,3 milhões de toneladas do insumo, número 15,2% inferior ao mesmo período no ano passado, aponta a plataforma Comex Stat, do Ministério da Economia.
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Para que o país mantenha a alta produtividade das chamadas commodities agrícolas, como a soja e o milho, os agricultores precisam tratar o solo com adubos e fertilizantes, sanando possíveis deficiências nutricionais:
"Talvez um cidadão comum urbano tenha uma imagem de que é só plantar, que tudo dá no Brasil. Isso não é verdade. Os nossos solos são, em grande parte, pobres em nutrição e a gente precisa corrigir a capacidade nutricional para ter produtividade", diz Fábio Mizumoto, coordenador do MBA de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Cada cultura necessita de um fertilizante diferente para se desenvolver, dependendo de quais nutrientes precisa. A soja, por exemplo, exige muito fósforo e potássio, já o milho requer os nitrogenados.
Cerca de 70% da matéria-prima dos fertilizantes usados nos plantios vêm do exterior, aponta a consultoria Cogo.
Por duas razões o Brasil depende de outros países para obter fertilizantes, segundo o professor Carlos Eduardo Vian da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP):
- ele não possui a matéria-prima;
- quando possui, simplesmente não a utiliza para esse fim, entre outros motivos, por falta de infraestrutura.
O governo federal em novembro de 2021 já estudava lançar o Plano Nacional dos Fertilizantes. Ele tem por objetivo diminuir a dependência externa, por meio de implementação de propostas legislativas para facilitar a produção do item no país.
Saiba mais:
O debate de retomar as fábricas brasileiras de fertilizantes voltou perante o cenário de crise do insumo e tem dois lados interessantes a serem considerados, diz Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil. A entidade reúne especialistas, instituições e empresas que atuam em pesquisa e desenvolvimento de defensivos químicos e biotecnologia, entre outras áreas.
Para ele, os produtos podem acabar saindo mais caros ao serem feitos no Brasil, mas, por outro lado, isso geraria fornecimento garantido, independentemente da situação externa.
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