Um grupo de estudantes da Universidade de Brasília montou uma impressora 3D vapaz de construir casas de 50 m² por até R$ 27 mil. O projeto foi escolhido para participar da Copa do Mundo de Start Ups, na Dinamarca.
A máquina foi montada em quatro dias. Uma das idealizadoras do projeto, a estudante de engenharia elétrica Juliana Martinelli afirma que a ideia deu bastante trabalho.
"Foram quatro dias mesmo, não duas horas em cada dia. Ficamos montando até 2h." Ela e mais quatro amigos fazem parte de uma startup. O projeto vai participar da disputa com outras 39 equipes.
O estudante André Mitsuo, que participou da montagem da máquina, explica que o processo de impressão depende de motores. "A gente tem alguns motores que movimentam a extrusora e a mesa aquecida, e um motor que empurra o filamento de plástico para a extrusora que é aquecida. A gente derrete o plástico, assim que ele cai ele já endurece, e ele fica grudadinho, porque a mesa é aquecida e assim vamos formando peças e modelando."
Por enquanto, a impressora é capaz de fazer, por exemplo, capinhas de celular, mapas do Brasil e peças mecânicas, mas o que o grupo quer mesmo é que as miniaturas que eles imprimiram virem uma casa de verdade para comunidades pobres da capital federal.
Juliana conta que teve a ideia quando viu de perto residências destruídas no Haiti pelo terremoto de 2010. "Também na mesma época que meu pai foi trabalhar lá, eu passei por uma reportagem que estava falando de uma empresa na China que fabricava casas do entulho, dez casas em um dia, casas emergenciais. Eu pensei 'nossa, por que não usar o entulho que foi gerado pelo terremoto para reconstruir esse país?'", explicou.
"Comecei a trazer essa realidade para o Brasil e vi que a gente podia aplicar muito bem essa tecnologia de impressão de casas mais baratas, que reduzem o resíduo da construção civil aqui no nosso próprio país."
Já tem gente fazendo coisa parecida em outras partes do mundo. Na China, uma casa foi feita com uma mega impressora 3D. A residência foi montada com um material parecido com cimento. Nos Estados Unidos, um arquiteto fez um castelo de peças pré-moldadas.
A idealizadora disse que o grupo pretende imprimir casas em concreto. "Queremos conseguir entregar para a população que tenha de três a sete salários mínimos uma construção mais segura, sustentável, regular e mais barata. Uma cada de 40 m² sairia por R$ 20 mil."
Mitsuo contou que a participação na Copa do Mundo de Start Ups pode amadurecer em muito a ideia deles e o grupo pode ganhar prêmios de até US$ 100 mil. Os estudantes precisam de ajuda financeira para ir para a Dinamarca. Por enquanto, eles só tiveram apoio da Finatec, que é uma fundação da UnB, para comprar as passagens.
Até que tudo fique pronto, eles terão um longo caminho pela frente até que uma casa de verdade seja construída. "A gente pretende desenvolver a tecnologia nacional e, em cinco anos, entregar essas casas para a sociedade. A gente precisa mudar essa realidade e o primeiro passo é entregar um lugar para as pessoas morarem com dignidade", disse Juliana.