21/03/2014 13h43 - Atualizado em 21/03/2014 17h04

Erro em vestibular do GDF também tira vaga de 25 alunos de enfermagem

Falha atingiu ainda 33 alunos de medicina que não obtiveram nota suficiente.
Cespe informou que 'lamenta' erro; ESCS cancelou todas as matrículas.

Do G1 DF

A falha no sistema de correção do vestibular de medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) do Distrito Federal, que trocou a nota dos candidatos e alterou a classificação final da prova, também prejudicou 25 alunos do curso de enfermagem da instituição. O certame teve 189 inscritos para 48 vagas, uma concorrência de quase quatro candidatos por vaga. A direção da escola decidiu cancelar todas as matrículas.

Nesta quinta (20), a instituição informou que o erro havia prejudicado 30 alunos do curso de medicina. Na sexta-feira (21), porém, foi divulgado que 33 candidatos que perderam suas vagas por conta da falha. O erro, portanto, prejudicou 58 alunos nos dois cursos.

Alunos de medicina em frente a faculdade em Brasília (Foto: Lucas Salomão/G1)Alunos em frente à faculdade em Brasília (Foto: Lucas Salomão/G1)

 

 

De acordo com o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), responsável pela realização do concurso, ocorreu um erro de programação no processo que não associou a nota de cada texto ao respectivo autor. A falha, porém, só foi repassada para a direção da instituição de ensino durante o Carnaval, duas semanas depois do início das aulas, após um candidato que tirou uma nota alta na prova pedir a revisão do certame, já que ele não teve sua redação corrigida.

O  Cespe/UnB informou que a correção das provas de redação é feita sem que haja a identificação do candidato. O processo gera um código que é associado ao autor do texto após a avaliação.

Os alunos que perderam as vagas têm direito a indenização. Eles devem, sim, buscar o poder Judiciário"
Renata Amaral,
advogada e conselheira da OAB-DF

Em nota, o Cespe afirmou que "lamenta profundamente o erro" cometido e informou que tomou todas as "providências administrativas necessárias". A entidade, no entanto, não informou que medidas foram adotadas (veja a íntegra da nota ao final desta reportagem).

Segundo a advogada e conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF), Renata do Amaral, os alunos que procurarem a Justiça podem conseguir as vagas de volta, mas isso depende do juiz que analisar o caso.

"De qualquer maneira, os alunos que perderam as vagas têm direito a indenização. Eles devem, sim, buscar o poder Judiciário", explicou. "Neste caso, o Cespe vai figurar na ação como réu."

As escolas de medicina e enfermagem decidiram suspender as aulas até o dia 22 de abril. A medida, segundo os alunos, é para favorecer os candidatos envolvidos no erro do vestibular e dar tempo de eles acionarem a Justiça.

Uma candidata aprovada no vestibular que não quis se identificar disse que perdeu 48 posições após a identificação do erro. Ela afirmou que foi orientada a entrar na Justiça com um mandado de segurança para conseguir manter a vaga.

"São dois anos de estudo, horas de dedicação para perder meu sonho desse jeito. É um absurdo o Cespe, uma instituição desse tamanho, cometer um erro tão absurdo. A sensação é de desespero e tristeza", disse a aluna.

O aluno Lucas da Silva, de 20 anos, foi aprovado, mas com a identificação do erro, ficou apenas duas posições acima da nota de corte. "Mesmo não tendo sido afetado, sinto muito pelos alunos. Tem gente que veio de outros estados, alugou apartamento com contrato de dois anos. E agora eles não sabem o que fazer", disse. "Eu acho que esses 30 que já estão fazendo o curso deveriam continuar e o Cespe arcar com o custo dos outros 30 que deveriam estar aqui. É o mais justo."

Veja a nota do Cespe

"20/03/2014 - NOTA
Vestibular FEPECS - Nota de Esclarecimento
Nota de esclarecimento sobre o Vestibular da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CespeUnB), com relação à retificação das notas das provas de redação e da nota final do vestibular de 2014 da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), divulgada por meio do Edital nº 3, de 20 de março de 2014, esclarece o que se segue.

Antes de iniciar a avaliação das referidas provas de redação, e para garantir a segurança e a isonomia na avaliação, realizou-se um processo de mascaramento, em que cada texto foi associado a um código identificador, e, em seguida, eliminou-se da folha de texto definitivo qualquer identificação do autor. Após o mascaramento, as provas foram passadas para as bancas avaliadoras realizarem o trabalho de avaliação com os textos desidentificados, ou seja, no momento da avaliação, a banca não é capaz de associar o texto ao autor. Concluída a avaliação, ocorreu o processo de desmascaramento, e as notas dadas pelas bancas avaliadoras foram associadas aos autores dos textos por meio do código identificador.
Tanto o processo de mascaramento quanto o de desmascaramento dos textos demandam programação, a qual é feita especificamente para cada evento. No caso em comento, ocorreu erro de programação no processo de desmascaramento, de modo que a nota de cada texto não foi associada corretamente ao respectivo autor. Essa falha foi detectada por meio de reclamação de participantes do vestibular apresentada judicialmente a este Centro.
Constatado o erro, o CespeUnB, como órgão da Administração Pública, de forma a garantir justiça, precisão, correção e lisura ao processo de seleção, princípios e valores estes que norteiam o seu trabalho, corrigiu imediatamente a falha, garantindo, portanto, a credibilidade do sistema de seleção.

Este Centro lamenta profundamente o erro cometido, informa que já tomou todas as providências administrativas necessárias e coloca-se à disposição para esclarecimentos adicionais.

Atenciosamente,
CespeUnB"

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