21/03/2014 17h01 - Atualizado em 21/03/2014 17h01

Beneficiados por erro em vestibular perderão vaga, diz faculdade do GDF

Falha em sistema classificou 58 alunos que não obtiveram nota suficiente.
Alunos que acionarem a Justiça podem recuperar vagas, diz advogada.

Do G1 DF

A diretora da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) do Distrito Federal, Maria Dilma Teodoro, afirmou nesta sexta-feira (21) que os 58 estudantes que não obtiveram nota suficiente para serem aprovados no vestibular de medicina e enfermagem da instituição, e que estavam participando dos cursos devido a uma falha no sistema de correção da prova, perderão as vagas após a anulação do edital. O erro prejudicou 33 alunos de medicina e 25 do curso de enfermagem.

De acordo com o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), responsável pela realização do concurso, houve um erro de programação no processo, que não associou a nota de cada texto ao respectivo autor.

Alunos de medicina em frente a faculdade em Brasília (Foto: Lucas Salomão/G1)Alunos em frente a faculdade em Brasília (Foto: Lucas Salomão/G1)

A falha, porém, só foi repassada para a direção da instituição de ensino durante o Carnaval, duas semanas depois do início das aulas, após um candidato que tirou uma nota alta na prova pedir a revisão do certame, já que ele não teve sua redação corrigida.

"O edital foi anulado, saiu um novo resultado e nós vamos cumprir este edital final. Nós vamos fazer a convocação das matrículas e começar de novo o semestre. Para isso, não temos uma data prevista, vamos avaliar a situação para fazer uma nova convocação de matrícula", disse a diretora.

O edital foi anulado, saiu um novo resultado e nós vamos cumprir este edital final. Se os estudantes que ficaram com as vagas após o erro não estiverem na nova classificação, eles não poderão ser chamados de novo"
Maria Dilma Teodoro, diretora da ESCS

"Se os estudantes que ficaram com as vagas após o erro não estiverem na nova classificação, eles não poderão ser chamados de novo, a não ser que haja uma segunda ou terceira chamada. Legalmente, eu tenho que cumprir a classificação oficial que me foi apresentada."

As escolas de medicina e enfermagem decidiram suspender as aulas até o dia 22 de abril. A medida, segundo a escola, é para dar tempo aos candidatos envolvidos no erro do vestibular possam ter o direito de buscar reparações judiciais.

A diretora também informou que assim que for feita a nova convocação para matrículas, as aulas reiniciarão do zero, mesmo para aqueles alunos que não foram afetados pela falha na correção da prova. A data de reinício do ano letivo ainda não foi divulgada. "Todas as atividades estão suspensas, mesmo considerando quem vai permanecer. Nós vamos zerar e vamos recomeçar o semestre."

Segundo a advogada e conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF) Renata do Amaral, os alunos que procurarem a Justiça podem conseguir as vagas de volta, mas isso depende do juiz que analisar o caso. A advogada afirmou que, por conta do erro, o Cespe vai figurar na ação como réu.

"Eles devem buscar o poder judiciário buscando uma indenização pelos prejuízos tanto de ordem material e de ordem moral. Com relação a vaga em si, é controverso e depende do magistrado que analisar a demanda", explicou.

Uma candidata aprovada no vestibular que não quis se identificar disse que perdeu 48 posições após a identificação do erro. Ela afirmou que foi orientada a entrar na Justiça com um mandado de segurança para conseguir manter a vaga.

"São dois anos de estudo, horas de dedicação para perder meu sonho desse jeito. É um absurdo o Cespe, uma instituição desse tamanho, cometer um erro tão absurdo. A sensação é de desespero e tristeza", disse a aluna.

O aluno Lucas da Silva, de 20 anos, foi aprovado, mas com a identificação do erro, ficou apenas duas posições acima da nota de corte. "Mesmo não tendo sido afetado, sinto muito pelos alunos. Tem gente que veio de outros estados, alugou apartamento com contrato de dois anos. E agora eles não sabem o que fazer", disse. "Eu acho que esses 30 que já estão fazendo o curso deveriam continuar e o Cespe arcar com o custo dos outros 30 que deveriam estar aqui. É o mais justo."

Em nota, o Cespe afirmou que "lamenta profundamente o erro" cometido. O coordenador do centro, Marcus Vinícius Soares, informou que tomou todas as "providências administrativas necessárias" mas disse que que as únicas medidas foran informar o erro para a escola e corrigir a falha para que não volte a acontecer.

"Todos aqueles que se sentirem prejudicados, sem dúvida a correção causa diversos transtornos, podem buscar todos os meios cabíveis para pleitear algum tipo de ressarcimento", afirmou o coordenador.

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