Por Marcelo Cardoso*, G1 DF


Funcionários limpam subsolo do ICC, principal prédio da UnB no campus do Plano Piloto, que ficou alagado em alguns pontos após chuva desta quarta (17) — Foto: Paulo Castro / UnB Agência

A empresa terceirizada responsável pela limpeza da Universidade de Brasília (UnB) demitiu, na manhã desta quarta-feira (16), 132 funcionários que prestavam serviço na instituição. Segundo a RCA Serviços, dona do contrato, eles assinaram a carta de demissão e já estão desligados. Outros 40, de aviso prévio, só trabalham até o próximo dia 30.

Ao G1, a empresa informou que as demissões são motivadas pelo corte de 42% no repasse mensal, definido pela UnB e aplicado a partir desta quarta.

"A decisão não é nossa. A UnB está em crise, não é novidade para ninguém. Essa crise chegou até a gente", disse uma representante da RCA.

Em nota, a UnB disse que "a manutenção ou demissão dos funcionários terceirizados é uma decisão das empresas". De acordo com a reitoria, os contratos com as empresas estão passando por "ajustes devido à atual situação orçamentária".

Os servidores terceirizados da universidade estão em greve desde o dia 24 de abril. Em assembleia realizada na tarde desta quarta, após as demissões, os trabalhadores decidiram manter a paralisação.

Demissões em massa

Estudantes, servidores e gestores da UnB durante mesa pública sobre orçamento — Foto: Marília Marques/G1

De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Mauricio Sabino, a RCA chegou a anunciar um número de demissões ainda maior que o registrado nesta quarta.

Segundo ele, 230 funcionários da limpeza foram forçados a assinar a carta de demissão nesta manhã. Somado com as dispensas das outras áreas, já são mais de 530 demissões só nos últimos 10 dias – nas contas do sindicato (veja o quadro).

533 terceirizados da UnB foram demitidos nos últimos 10 dias

Área Nº de dispensas
Limpeza 230
Vigilância 27
Portaria 83
Motoristas 80
Copeiragem 46
Jardinagem 47
Manutenção 20 (no mínimo)

Desde o fim do ano passado, mais de mil pessoas já foram demitidas. A área de limpeza é a mais afetada. Em agosto do ano passado, outros 128 funcionários foram dispensados, após uma redução de R$ 700 mil no valor do contrato da RCA com a UnB.

Para Sabino, mesmo com a crise, as demissões em massa poderiam ter sido evitadas. Segundo ele, um estudo preparado pelo sindicato comprovou que seria possível economizar recursos sem cortar pessoal.

"Algumas mudanças na escala, por exemplo, gerariam uma economia considerável só com a redução do pagamento de vale refeição e transporte."

O documento foi encaminhado para o Departamento de Administração da UnB, que recusou a proposta.

Crise

Instituto Central de Ciências (ICC) da Universidade de Brasília (UnB) liberado por alunos nesta quinta-feira (26) — Foto: Luiza Garonce/G1

A universidade enfrenta uma grave crise orçamentária desde julho. De acordo com as previsões do balanço, a instituição terminará o ano no vermelho, com déficit de R$ 92,3 milhões.

Por causa disso, a UnB prevê a demisão de até 1,1 mil estagiários, e a redução dos contratos de terceirização em 15%. A instituição reclama que, dos R$ 168 milhões arrecadados com aluguel de imóveis próprios, entre outras receitas, apenas R$ 110 milhões podem ser utilizados. O restante do dinheiro iria diretamente para os cofres da União.

O Ministério da Educação, por outro lado, alega que o orçamento da UnB subiu de R$ 1,66 bilhão em 2017 para R$ 1,73 bilhão em 2018, e que a administração da universidade deveria otimizar os recursos recebidos.

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* Sob supervisão de Maria Helena Martinho

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