Por Fernanda Bastos, Nathalia Sarmento, g1 DF


  • A Universidade de Brasília (UnB) suspendeu o estudante do curso de história, Wilker Leão, de duas disciplinas – História da África e História do Brasil – por 60 dias. A medida cautelar foi tomada na última quinta-feira (12).

  • Segundo o decisão, o estudante "atrapalha as aulas". Ele grava o que acontece em sala e publicar os conteúdos nas redes sociais sem autorização dos participantes. Conforme a UnB, a postura do aluno "atrapalha a explicação do conteúdo e também os outros estudantes matriculados na disciplina".

  • A Universidade de Brasília (UnB) afirmou, em nota, que "a publicação das aulas sem autorização dos professores fere os direitos autorais do docente, ou seja, direitos de propriedade intelectual".

  • O estudante Wilker Leão diz que a decisão "é completamente absurda".

Estudante da UnB Wilker Leão foi suspenso de duas disciplinas do curso de história.

Estudante da UnB Wilker Leão foi suspenso de duas disciplinas do curso de história.

A Universidade de Brasília (UnB) suspendeu um estudante do curso de história de duas disciplinas – História da África e História do Brasil – por 60 dias. A medida cautelar foi tomada na última quinta-feira (12) porque, segundo a UnB, e estudante "atrapalha as aulas".

Wilker Leão grava as aulas e publica o conteúdo nas redes sociais sem autorização dos envolvidos. Conforme a decisão, a postura do aluno atrapalha a explicação do conteúdo e também os outros estudantes matriculados nas disciplinas (saiba mais abaixo).

Estudante Wilker Leão é suspenso por 60 dias de duas disciplinas do curso de história. — Foto: Redes sociais/Reprodução

Ao g1, Wilker Leão disse que a "decisão é completamente absurda, tanto do ponto de vista jurídico quanto do que se espera de um ambiente acadêmico". O universitário conta que ficou sabendo da suspensão por e-mail (veja nota completa abaixo).

O estudante, que é formado em direito, é conhecido por postar conteúdos políticos na internet e também por gravar e compartilhar vídeos contestando professores durante as aulas. Ele conta com mais de 1 milhão de seguidores somando as contas no X, no YouTube e no Tik Tok. A conta do Instagram, no momento, está desativada.

A Universidade de Brasília (UnB) disse, em nota, que a publicação das aulas sem autorização dos professores fere os direitos autorais do docente, ou seja, direitos de propriedade intelectual. A universidade também reafirmou o compromisso com os direitos fundamentais à privacidade, à propriedade intelectual, à liberdade e a à democracia (veja nota completa abaixo).

👉Wilker Leão também ficou conhecido por abordar políticos e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada. Ele publicava os vídeos nas redes sociais e chegou a se envolver em uma confusão com o ex-presidente (veja vídeo ao final da reportagem).

A decisão pela suspensão

Em novembro passado, a UnB instaurou um processo para apurar denúncias referentes ao uso indevido feito por Wilker Leão do material pedagógico trabalhado pelo professor de História da África em sala de aula. O processo passou por consulta da Procuradoria Federal junto à UnB e a reitora Rozana Naves decidiu pela suspensão cautelar do estudante das disciplinas História da África e História do Brasil 1, por 60 dias.

A reitora da Universidade considerou os seguintes princípios para determinar a suspensão do estudante:

  • Supremacia do interesse público
  • Continuidade da prestação do serviço público
  • Legalidade
  • Motivação
  • Garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988

O que diz a Universidade de Brasília

"A Universidade de Brasília (UnB) tem tomado todas as providências administrativas cabíveis em relação ao caso.

O recebimento das denúncias levou à instauração de sindicância investigativa. Ainda, o Decanato de Pesquisa e Inovação produziu a Nota Técnica Nº 01/2024, que trata dos direitos de propriedade intelectual.

Segundo essa nota, o conteúdo, escrito ou oral, produzido em sala de aula por docentes e discentes é passível de proteção por direitos autorais. O discente, como parte do seu processo de ensino-aprendizagem, pode fazer uso privado ou pessoal do material pedagógico que lhe é fornecido em sala de aula. Porém, qualquer modificação, alteração ou publicação, sem a devida autorização, fere diretamente os direitos autorais do docente, constituindo uma violação ao seu uso para fins diversos do objetivo de estudo.

Após consulta à Procuradoria Federal junto à UnB, a Reioria decidiu pela suspensão cautelar do estudante das disciplinas História da África e História do Brasil 1, por 60 dias. A decisão se deu a fim de garantir o cumprimento dos princípios basilares da ação administrativa estatal, sobretudo em respeito à supremacia do interesse público, da continuidade da prestação do serviço público, da legalidade, da motivação e da garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988.

Reafirmamos o nosso compromisso firme com os direitos fundamentais à privacidade, à propriedade intelectual, à liberdade de cátedra e à democracia, fundamentos essenciais para o avanço do conhecimento e a formação crítica de estudantes.

A Universidade de Brasília repudia qualquer forma de violência, intimidação e agressão, reafirmando os seus princípios de cultura da paz e de defesa dos direitos humanos, pautados pelo respeito mútuo e pela ética".

O que diz o estudante Wilker Leão

"A decisão é completamente absurda, tanto do ponto de vista jurídico quanto do que se espera de um ambiente acadêmico.

Sequer me deram direito à defesa e nem mesmo ciência do processo que gerou essa suspensão. Só fiquei sabendo da existência dele a partir do e-mail que me encaminharam já com a penalização.

E, também, é chocante o temor deles quanto à minha presença em sala de aula e aos meus questionamentos relacionados ao que é ensinado.

Se não houvesse nada de errado acontecendo, não haveria o que temer, bem como se eu fosse apenas um sabotador baderneiro, como me acusam, seria muito mais fácil me desmascarar em sala de aula do que me retirar dela à força.

Agora eu impetrarei um mandado de segurança no Judiciário para reverter essa suspensão. Estou terminando a peça agora e a protocolarei no final do dia ou no início da terça.

E acredito que me sagrarei vencedor e poderei retornar às aulas, com o deferimento dos meus pedidos no Judiciário."

VÍDEO: Youtuber provoca Bolsonaro e causa confusão em Brasília

Youtuber provoca Bolsonaro e causa confusão em Brasília

Youtuber provoca Bolsonaro e causa confusão em Brasília

LEIA TAMBÉM:

Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!