'Não há crise, não há caos na Saúde do DF', diz secretário da Casa Civil
Em meio a denúncias de mortes de crianças em unidades de saúde pública do Distrito Federal no último mês, o chefe da Casa Civil da capital, Gustavo Rocha, nega que haja crise no sistema de atendimento médico.
"O que é possível nós estamos fazendo, mas existe uma sobrecarga no DF e nunca negamos. O que a gente está fazendo é buscando soluções para minimizar essa questão. Não há crise, não há caos no sistema do DF. O sistema de saúde do DF funciona", disse o secretário após questionamento da TV Globo.
Coletiva do GDF sobre saúde pública nesta quinta-feira (23) — Foto: TV Globo/Reprodução
A declaração foi feita durante uma coletiva nesta quinta-feira (23), junto à secretária da Saúde, Lucilene Florêncio, e ao diretor-presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), Juracy Cavalcante Lacerda Jr. Medidas a serem implementadas foram discutidas, mas sem data anunciada (veja detalhes abaixo).
Pelo menos quatro casos de mortes de crianças na rede pública de saúde do Distrito Federal foram denunciados em um período de um mês. As famílias acusam negligência (veja detalhes abaixo). O óbito mais recente foi de Aurora, de apenas 3 dias, na terça-feira (21).
Segundo o diretor-presidente do Iges, não houve negligência em nenhum dos casos de mortes de crianças.
"Queria que vocês verificassem o tempo que esses pacientes receberam atendimento. Eles não foram negligenciados pela equipe. Quando a gente fala de negligência, a gente fala de inércia", afirma Juracy Cavalcante Lacerda Jr.
Já a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, defendeu os profissionais da rede pública.
"Posso afirmar que os obstetras têm formação, conhecimento, e a Secretaria de Saúde tem uma educação permanente. Com certeza todos os obstetras, assim como todas as especialidades, se dedicam e estão nos seus plantões para entregar o melhor e salvar vidas", diz Lucilene Florêncio.
Durante a coletiva, as autoridades apontaram que há previsão, ainda sem data de implementação, de:
- Entrega de 60 novas ambulâncias, compradas por cerca de R$ 17 milhões; 10 delas devem ser entregues nos próximos 30 dias;
- Estudo da contratação de profissionais temporários para suprir o déficit de 158 pediatras na rede pública;
- Criação de uma sala de monitoramento no Hospital de Base, onde serão definidas as prioridades de pacientes a serem atendidos pelas ambulâncias.
Os secretários e os presidentes apontaram ainda algumas justificativas para o aumento da demanda por atendimento nas unidades de saúde do DF: doenças sazonais, dengue e pacientes do Entorno que buscam por hospitais e UPAs da capital.
A TV Globo questionou o governador Ibaneis Rocha (MDB), nesta quinta-feira, sobre os casos recentes, mas o chefe do Executivo respondeu que a "coletiva já estava sendo dada".
Investigação
Na quarta-feira (22), a Promotora de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Hiza Maria Silva Carpina Lima, instaurou um inquérito para apurar possíveis irregularidades praticadas na prestação de serviços pela Secretaria de Saúde do DF.
Também nesta quarta, a Secretaria de Saúde participou de uma reunião no Conselho Regional de Medicina (CRM) do DF para discutir o atendimento pediátrico na rede pública da capital, devido às denúncias de negligência médica.
"Essa já é a quarta reunião em que a gente cobra respostas do governo do DF em diversas questões que são comuns e que acabam refletindo. Uma hora é na obstetrícia, outra hora é na pediatria. A gente percebe que tem vários problemas em comum e que transpassam todos os níveis de atenção", disse Lívia Ribeiro, presidente do CRM-DF.
A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, não compareceu à reunião. Quem representou a pasta foi o secretário-adjunto Luciano Agrizzi.
Mortes de crianças
Mãe diz que morte de bebê após parto no DF foi negligência médica
Pelo menos quatro casos de mortes de crianças na rede pública de saúde foram denunciados no último mês. O mais recente, a morte da recém-nascida Aurora, foi registrado nesta terça-feira (21).
Isadora Cristina de Sousa, de 27 anos, mãe da bebê, registrou uma reclamação na ouvidoria do GDF porque, segundo ela, uma médica da equipe assumiu a responsabilidade pela demora para realizar o parto (veja vídeo acima). Apesar de ter recomendação profissional, Isadora só passou por uma cesárea mais de uma semana depois.
Outros três casos de mortes de crianças na rede pública de saúde foram registrados na capital no último mês. As famílias denunciam negligência:
- JASMINY: Bebê de 1 mês morreu por falta de atendimento apropriado na UPA do Recanto das Emas, em 14 de abril
- ENZO GABRIEL: Menino de 1 ano morreu em 14 de maio, na Upa do Recanto das Emas, após esperar mais de 12 horas por uma ambulância
- ANNA JÚLIA: Menina de 8 anos morreu no dia 17 de maio após peregrinar por quatro unidades de Saúde
Ao g1, a Secretaria de Saúde disse que a mãe de Aurora passou pelo pré-natal na rede e que durante o trabalho de parto foi indicada cesárea de emergência.
O que diz a Secretaria de Saúde sobre a morte da 4ª criança em um mês na rede pública do DF
"A Secretaria de Saúde informa que a paciente Izadora Cristina de Souza realizou consultas de pré-natal na Unidade Básica da Rede.
A mesma foi internada no Hospital Regional de Taguatinga para realização do parto no dia 17 de maio.
A pasta destaca que, durante a internação, foi avaliada a vitalidade sem intercorrências . Foram realizadas escutas seriadas do feto e a mãe permaneceu em observação com indução do trabalho de parto, recebendo todas as orientações necessárias.
Por fim a pasta informa, que durante o trabalho de parto foi indicada cesárea de emergência.
A pasta esclarece que o bebê nasceu necessitando de reanimação. Após essas manobras de reanimação, foi encaminhado à UTI Neonatal do mesmo hospital, onde permaneceu por 2 dias sob cuidados intensivos."
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