Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) — Foto: TV Globo/Reprodução
A Promotora de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Hiza Maria Silva Carpina Lima, instaurou um inquérito para apurar irregularidades praticadas na prestação de serviços pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SESDF). A decisão pela investigação foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (22).
O inquérito civil público é um procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Público para descobrir se um direito coletivo foi violado. Pelo menos quatro casos de mortes de crianças foram denunciados em um período de um mês e as famílias denunciam negligência. O óbito mais recente foi de Aurora, de apenas 3 dias, na terça-feira (21).
Também nesta quarta, a Secretaria de Saúde participou de uma reunião no Conselho Regional de Medicina (CRM) para discutir o atendimento pediátrico na rede pública do DF, devido as denúncias de negligência médica (saiba mais abaixo).
De acordo com a portaria publicada no Diário Oficial, será investigada a "desassistência dos pacientes que necessitam de internação hospitalar, em razão de déficit de leitos em prontos-socorros dos hospitais regionais, assim como leitos de retaguarda na especialidade de clínica geral, nas enfermarias das referidas unidades".
Reunião do CRM com o GDF
Na reunião desta quarta-feira (22), o Conselho Regional de Medicina (CRM) convidou 13 entidades e associações, como o Sindicato dos Médicos do DF (Sindimedico) e a Associação Médica de Brasília (AmBr). A reunião foi fechada para a imprensa e o público.
"Nós temos pediatras suficientes em Brasília, nós não temos pediatra é na rede pública, pelas péssimas condições de trabalho, pelas péssimas condições salariais", diz Marcos Gutemberg Fialho, presidente do Sindimédico.
A secretária de Saúde, Luciline Florêncio, não compareceu. Quem representou a pasta foi o secretário-adjunto Luciano Agrizzi. Ele não respondeu à reportagem sobre o que foi decidido na reunião, apenas informou que "a secretaria vai se pronunciar depois".
Mais uma morte de criança na rede pública de Saúde do DF
Mãe diz que morte de bebê após parto no DF foi negligência médica
Pelo menos quatro casos de mortes de crianças na rede pública de saúde foram denunciados no último mês. O mais recente, a morte da recém-nascida Aurora, foi registrado nesta terça-feira (21).
- ENZO GABRIEL: Menino de 1 ano morreu em 14 de maio, na Upa do Recanto das Emas, após esperar mais de 12 horas por uma ambulância.
- JASMINY: Bebê de 1 mês morreu por falta de atendimento apropriado na UPA do Recanto das Emas, em 14 de abril.
- ANNA JÚLIA: Menina de 8 anos morreu no dia 17 de maio após peregrinar por quatro unidades de Saúde.
- AURORA: Recém-nascida de 3 dias de vida morre por complicações causadas durante o trabalho de parto. A mãe disse que uma médica da equipe assumiu a responsabilidade pela demorada para realizar o parto.
Até a publicação desta reportagem, a Secretaria de Saúde do DF não respondeu sobre o caso de Aurora. Ao g1, a pasta disse que a mãe de Aurora passou pelo pré-natal na rede e que durante o trabalho de parto foi indicada cesárea de emergência (veja nota ao final da reportagem).
Sobre a falta de ambulâncias, a secretaria respondeu que está em processo de compra de 62 novos veículos, sendo 12 do SAMU e 50 de suporte básico. O prazo para recebimento das ambulâncias é de três meses.
O que diz a Secretaria de Saúde sobre a morte da 4ª criança em um mês na rede pública do DF
"A Secretaria de Saúde informa que a paciente Izadora Cristina de Souza realizou consultas de pré-natal na Unidade Básica da Rede.
A mesma foi internada no Hospital Regional de Taguatinga para realização do parto no dia 17 de maio.
A pasta destaca que, durante a internação, foi avaliada a vitalidade sem intercorrências . Foram realizadas escutas seriadas do feto e a mãe permaneceu em observação com indução do trabalho de parto, recebendo todas as orientações necessárias.
Por fim a pasta informa, que durante o trabalho de parto foi indicada cesárea de emergência.
A pasta esclarece que o bebê nasceu necessitando de reanimação. Após essas manobras de reanimação, foi encaminhado à UTI Neonatal do mesmo hospital, onde permaneceu por 2 dias sob cuidados intensivos."
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