Marcha dos povos indígenas em Brasília
Povos indígenas marcham pela segunda vez nesta semana na Esplanada dos Ministérios em Brasília. O ato desta quinta-feira (25) defende a demarcação de terras e protesta contra o Marco Temporal (veja vídeo acima).
Após a marcha, 40 lideranças vão se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Planalto. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), cerca de 9 mil pessoas participam da manifestação que faz parte da programação do 20° Acampamento Terra Livre que reúne representantes dos povos originários de todo país e é o maior encontro indígena do Brasil.
A marcha ocupou três faixas da Esplanada, ao som de cantos e rituais tradicionais indígenas. Nos cartazes, mensagens de defesa ao meio ambiente e pedidos para a demarcação de terras.
Marcha dos povos indígenas em Brasília — Foto: Fernanda Bastos/g1
A caminhada, que teve início às 15h, partiu do acampamento em direção à Praça dos Três Poderes. O tema principal da 20ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) é ligado à demarcação de terras: "Nosso Marco é Ancestral: Sempre Estivemos Aqui" (saiba mais abaixo).
O encontro das lideranças com o presidente Lula foi por volta das 17h. A segurança foi reforçada no entorno do Palácio do Planalto (veja vídeo abaixo). Na semana passada, Lula demarcou dois territórios indígenas, mas as lideranças esperavam seis áreas demarcadas.
Reforço do policiamento em volta do Congresso Nacional e do STF na marcha dos indígenas
Os indígenas pedem uma resposta do presidente sobre a carta de reivindicações que foi endereçada aos Três Poderes. Segundo a Apib, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) também participam da marcha em apoio à mobilização.
O 20° Acampamento Terra Livre teve início na segunda-feira (22) e vai até sexta (26). Representantes de cerca de 200 povos estão reunidos no gramado do Eixo Cultural Ibero-Americano, antiga Funarte, na área central da capital.
Marcha dos povos indígenas em Brasília
Marco Temporal
Gilmar Mendes suspende ações sobre marco temporal para terras indígenas e abre conciliação
O lema da 20° edição do acampamento e da marcha desta quinta, "Nosso Marco é Ancestral: Sempre Estivemos Aqui", é uma referência à luta contra o Marco Temporal, que determina que serão consideradas terras tradicionalmente indígenas apenas aquelas que, na data da promulgação da Constituição (5 de outubro de 1988), já eram ocupadas ou disputadas pelos indígenas.
Na segunda-feira (22), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu abrir uma conciliação para debater a demarcação. O ministro determinou a suspensão de todos os processos na Justiça que discutam a constitucionalidade da lei que fixou o marco.
No ano passado, o STF considerou a tese do marco emporal inconstitucional. Mas o Congresso Nacional aprovou a proposta, que acabou vetada pelo presidente Lula. No entanto, senadores e deputados derrubaram o veto e o marco temporal virou lei.
Programação do acampamento
Acampamento Terra Livre é homenageado em Sessão Solene na Câmara dos Deputados. — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Ainda é aguardado a confirmação de outros encontros com o governo. Até sexta (26), os indígenas desejam dialogar com Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na terça (23), após a primeira marcha, 500 indígenas representaram a mobilização em uma Sessão Solene, na Câmara dos Deputados, que fez homenagem ao Acampamento Terra Livre.
LEIA TAMBÉM:
- TERRA YANOMAMI: Garimpeiros são rendidos por indígenas e entregues para agentes da Força Nacional
- MARCO TEMPORAL: entenda o que dizia a tese derrubada pelo STF
Leia outras notícias da região no g1 DF.