Por Fernanda Bastos, g1 DF


Rota Brasília Capital do Rock criada pelo governo do Distrito Federal em maio de 2021 — Foto: GDF/Divulgação

Brasília e rock são duas palavras que se conectam desde os anos 1980. A força do gênero – que surgiu nos Estados Unidos – invadiu festas, shows e ruas no Distrito Federal e moldou a cultura e ideias de uma geração de jovens.

Segundo o professor do Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB) Hugo Ribeiro, o estilo ganhou força no DF por dois motivos: a vinda de famílias de funcionários públicos com acesso ao rock dos Estados Unidos e Inglaterra e também da falta de outro gênero musical forte na cidade, que estava em formação.

“O rock sempre foi uma coisa muito de jovem, muito ligada à rebeldia, querer fazer algo diferente, nas letras, nos sons, ser mais agressivo, do que na música dos pais. Este contexto de uma cidade que está sendo formada e não tem muitos outros estilos que fossem competir, fez com que o pessoal acabasse aceitando bem o rock", diz Hugo Ribeiro.

Aborto Elétrico, Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude são algumas das bandas que surgiram em Brasília, ganharam destaque nacional e têm suas músicas ouvidas até hoje. De acordo com o professor Hugo Ribeiro, a paixão pelo rock começa cedo.

"Quem gosta de rock inicia o gosto pelo rock desde cedo, jovem, isso se torna uma coisa muito emocional, emotiva, na sua formação pessoal. Pessoa tende a seguir gostando daquilo e quando ouve tem uma sensação diferente de nostalgia, porque associa a uma fase muito alegre da vida, juvenil, adolescente", diz o professor.

Ele explica que o rock envolve não só gostar de uma música, mas é um estilo de vida, de comportamento, da forma de se vestir.

“Do Metal, tem uma estética associada ao gótico, remete a roupas vitorianas das mulheres. Death Metal é uma coisa mais extrema, com estética associada a coisas sangrentas, coisas que choquem, não só o som como com a imagem", aponta.

Origem do rock

Show de Dinho Ouro Preto em imagem de arquivo — Foto: Igor do Vale/g1

O rock surgiu por volta da década de 1950, com experimentações nos anos 40, por meio da mistura do estilo blues com a música gospel, segundo o professor Hugo Ribeiro.

“Surge de uma aceleração do blues. Tudo começa no blues, com o canto rural, das pessoas nas plantações, uma pessoa canta e outras respondem. Depois tem o blues urbano, com o acompanhamento de violão. [...] Entra a bateria, guitarra elétrica”, diz.

O professor menciona Rosetta Tharpe, mulher negra, cantora e uma das primeiras guitarristas da história, que gravou a música “Strange Things Happening Every Day”, considerada uma das primeiras canções de rock, em 1944.

“Uma das primeiras gravações que transcende esse muro entre o gospel, que ela cantava inicialmente, com o rock”, afirma Hugo Ribeiro.

Depois o estilo ganhou mais adeptos nos anos 1950 e recebeu influências de outros gêneros musicais como folk, soul music. O professor destaca, que nesta época, houve o embranquecimento do rock.

"Artistas como Elvis Presley, pegam essa influência do blues e do rock e começam a cantar. Só que na época tinha uma segregação muito grande nos Estados Unidos”, afirma. Discos de artistas negros como Chuck Berry e Little Richard eram vendidos somente para pessoas negras e não circulavam entre as pessoas brancas.

O estilo, que começou a ser mais comercializado depois que artistas brancos começaram a produzir, viajou para a Inglaterra e influenciou a origem dos Beatles, Rolling Stones e outras bandas nos anos 1960.

Dia Mundial do Rock

Anos mais tarde, em 1985, bandas e artistas de rock como Queen, David Bowie, U2, Led Zeppelin, Phil Collins participaram no Festival Live Aid, no Wembley Stadium, na Inglaterra, e no John F. Kennedy Stadium, nos Estados Unidos, em 13 de julho. O festival, que contou com shows em outros países como Japão, Autrália e Rússia, tinha como principal objetivo angariar fundos para tentar acabar com a fome na Etiópia.

O dia 13 de julho, conhecido como Dia Mundial do Rock, mas que é comemorado somente no Brasil, tem a tradição de ser celebrado há cerca de 30 anos no país. Segundo o professor Hugo Ribeiro, há um festival em Macapá, no Amapá, que comemora há mais de duas décadas a data.

"Aqui no Brasil, o pessoal começou a celebrar aos poucos a data, mas só no Brasil. Temos festivais de rock que acontecem todo ano nessa data. Macapá este ano é a 24ª edição do festival em comemoração ao dia do rock", diz o professor.

Capital Moto Week

No Distrito Federal, a partir da próxima quinta-feira (20), o Capital Moto Week celebra sua 20ª edição com o objetivo de celebrar o estilo de vida de rockeiros e motociclistas (confira abaixo a programação).

Rock é o que não falta no festival, que vai acontecer na Granja do Torto de 20 a 29 de julho. Movimentando o turismo e, consequentemente, a economia da capital federal, o festival deve movimentar mais de R$ 60 milhões.

Nomes como Nando Reis, Angra, Jota Quest, Pitty, Marcelo Falcão, Pato Fu, e Marcão Britto & Thiago Castanho com Charlie Brown Jr. 30 anos fazem parte da programação. Os principais shows serão transmitidos, ao vivo, pelo g1 e a TV Globo fará programas especiais.

Serão mais de 100 shows e bandas independentes em ascensão também vão se apresentar. O line-up contempla vertentes do rock clássico, metal, punk, indie e alternativo. Confira abaixo 13 bandas de rock independentes que vão se apresentar no Capital Moto Week 2023:

  1. Meu Funeral: banda carioca de punk rock;
  2. Koppa: rock independente de Brasília;
  3. Marenna: rock melódico de Caxias do Sul (RS);
  4. Azzarok: heavy metal de Valparaíso do Goiás (GO);
  5. Ladies of Rock: clássicos do rock;
  6. Eufhemia: alt pop e punk inovador;
  7. Hillbilly Rawhide: country rock alternativo;
  8. Quinta Essência: rock progressivo e alternativo;
  9. Rocksauro: rock clássico;
  10. Banda MIV: banda brasiliense de pop e rock;
  11. Di Boresti: rock clássico;
  12. Nume Consense: banda brasiliense de Rock Experimental;
  13. Marimbondo: rock clássico.

🤘 Confira a programação

🎸 Quinta-feira (20)

  • 20h: Dona Cislene - show de despedida
  • 21h45: Supla
  • 23h45: Marcão Britto e Thiago Castanho - Charlie Brown Jr. 30 anos

🎸 Sexta-feira (21)

  • 23h45: Nando Reis

🎸 Sábado (22)

  • 23h45: Marcelo Falcão

🎸 Domingo (23)

  • 21h: Angra

🎸 Quinta-feira (27)

  • 21h45: Ultrajantes
  • 23h45: Pato Fu

🎸 Sexta-feira (28)

  • 23h45: Jota Quest

🎸 Sábado (29)

  • 21h45: Rock Beats
  • 23h45: Pitty

Programe-se

Capital Moto Week

🗓️ Quando: de 20 a 29 de julho

📍 Local: no Parque de Exposições, na Granja do Torto

📡 Transmissão: no g1 e na TV Globo

🎫 Ingressos: a partir de R$ 55, no site

🎫 Entrada gratuita: para motociclistas sem garupa e pilotando; pessoas com deficiência e acompanhante; e crianças até 12 anos. Motos com garupa entram de graça de segunda a sexta-feira até as 18h, e aos sábados e domingos até as 15h

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