Sol Nascente, no DF, se torna a maior favela do Brasil e ultrapassa Rocinha
O Sol Nascente, no Distrito Federal, se tornou a maior favela do Brasil, segundo dados da prévia Censo 2022, do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios.
A pesquisa mostra que, atualmente, o Sol Nascente tem 32.081 domicílios, enquanto a Rocinha tem 30.955. Em comparação com 2010, a favela da capital cresceu 31%, enquanto a região do Rio de Janeiro aumentou 20% (veja lista completa abaixo).
"Aqui é ruim demais, viu? Aqui, no tempo da chuva, tem muito buraco. Os carros quebram direto aqui", disse o serralheiro José da Silva.
Sol Nascente, no DF, teve crescimento habitacional
"Quando eu cheguei, em 2015, era só lama. Não tinha outra coisa. Tudo o que você olhava era lama. Hoje está 50 vezes melhor. Acho que as pessoas conhecem umas às outras. Não tem medo de conversas. Elas se abrem mesmo", conta o motoboy Cássio Silva.
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O presidente do IBGE, Cimar Azeredo, explica que o instituto considera como favela toda área em que a ocupação se deu de forma precária. De acordo com ele, a diferença entre o Sol Nascente e a Rocinha é o relevo, enquanto um é mais plano o outro é "acidentado".
"O Sol Nascente tem formato plano, com acesso muito mais fácil. Foi uma área 'fácil 'de fazer", afirmou o presidente do IBGE, Cimar Azeredo.
Para o líder comunitário Edson Batista, o Sol Nascente não é favela. "Somos uma cidade. Precisamos de um conjunto de melhorias para tirar essa imagem", afirma.
Crescimento
Rua 7 do Sol Nascente, no Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília
Os terrenos do Setor Habitacional do Sol Nascente começaram a ser fracionados de forma irregular nos anos 90. A 35 quilômetros do centro de Brasília, a região cresceu e, em 2019, virou uma região administrativa. Antes disso, a região fazia parte de Ceilândia, que tem cerca de 500 mil habitantes.
O especialista em arquitetura e urbanismo Benny Schvarsberg explica que o Sol Nascente pode crescer ainda mais.
"Esse crescimento deve continuar, até que o governo faça algo para atenuar", diz.
De acordo com o especialista, o ideal é que se promova urbanização de qualidade, transporte público e saúde, além de segurança e educação. Outro ponto destacado por ele é a necessidade de investimento em infraestrutura de saneamento.
Como a população total do Brasil já foi recenseada, os dados definitivos do Censo 2022 devem ser divulgados até o fim de abril.
Arte com distância do Sol Nascente ao centro de Brasília — Foto: Arte/g1
Maiores favelas do país por número de domicílio, segundo o IBGE
- Sol Nascente, Brasília: 32.081
- Rocinha, Rio de Janeiro: 30.955
- Rio das Pedras, Rio de Janeiro: 27.573
- Beiru, Tancredo Neves: Salvador: 20.210
- Heliópolis, São Paulo: 20.016
- Paraisópolis, São Paulo: 18.912
- Pernambués, Salvador: 18.662
- Coroadinhoa, São Luís: 18.331
- Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, Manaus: 17.721
- Comunidade São Lucas, Manaus: 17.666
- Baixada da Estrada Nova Jurunas, Belém: 15.601
- Alto Santa Teresina - Morro de Hemeterio - Skylab-Alto Zé Bon, Recife: 13.040
- Assentamento Sideral, Belém: 12.177
- Jacarezinho, Rio de Janeiro: 12.136
- Valéria, Salvador: 12.072
- Baixadas da Condor, Belém: 11.462
- Bacia do Una-Pereira, Belém: 11.453
- Zumbi dos Palmares/Nova Luz, Manaus: 11.326
- Santa Etelvina, Manaus: 10.460
- Cidade Olímpica, São Luís: 10.378
- Colônia Terra Nova, Manaus: 10.036
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