Gravação mostra momento que militar mata mulher e ex-vizinho gay
Marcelo Brito, companheiro de Francisco de Assis Pereira da Silva, registrou os últimos momento antes do militar da Aeronáutica Juenil Bonfim de Queiroz matar a esposa, Francisca Naíde de Oliveira Queiroz e o ex-vizinho, por ciúmes. O sargento reformado acreditava que a mulher tinha um caso com Francisco – que vivia há 5 anos com Marcelo.
O crime, que é investigado como feminicídio seguido de homicídio, aconteceu na noite dessa quarta-feira (12), na região do Cruzeiro, no Distrito Federal. O G1 conseguiu o vídeo de 9 minutos com a conversa entre Juenil, Francisco, Francisca e Marcelo (veja trecho acima) antes do militar atirar nos dois.
Juenil Queiroz chamou Francisco e o companheiro dele ao apartamento onde morava com Francisca e os filhos (veja trecho abaixo). O militar diz que sabe que os dois têm um caso e que "quer esclarecer a traição."
Em um determinado momento, o militar diz que "matar ou morrer, tanto faz."
Juenil Bonfim disse que "matar ou morrer, tanto faz".
Marcelo, companheiro de Francisco, pede calma durante todo o tempo e diz "que não houve isso". Queiroz fala que tem imagens de encontros entre a esposa e Francisco.
"Seu Queiroz, ele não fez isso. Eu ponho minha mão no fogo", diz o companheiro de Francisco.
Francisca Naíde de Oliveira Queiroz, de 57 anos, foi morta no DF pelo marido que é sargento reformado da Aeronáutica — Foto: Arquivo pessoal
O militar continua afirmando que os dois tiveram um caso e que não vai perdoar. Francisca tenta pegar o celular para também gravar e Juenil ameaça a esposa.
“Se você pegar esse telefone, você morre agora.”
Francisco de Assis pede ao companheiro que avise aos pais dele de "qualquer coisa".
É possível ouvir Francisco chorando ao fundo. O militar pergunta se ele vai assumir o suposto relacionamento e a vítima afirma que não fez nada (veja trecho acima; IMAGENS FORTES).
Em um determinado momento, é possível perceber que Juenil Queiroz pega uma arma e começa a carregá-la. O barulho das balas é ouvido na gravação.
O militar pergunta, mais uma vez, se Francisco vai assumir. Francisco pede ao companheiro, Marcelo, que avise aos pais dele de "qualquer coisa".
Militar da reserva da Aeronáutica, Juenil Bonfim de Queiroz, de 56 anos, foi preso em flagrante após matar mulher e ex-morador de prédio onde mora — Foto: Arquivo pessoal
Marcelo repete que não houve traição. O militar pede para o companheiro de Francisco sentar e diz:
"A gente vai resolver assim", e dois tiros são dados.
É possível perceber que a arma falha em determinado momento. Depois, um terceiro disparo e Francisca grita (veja trecho abaixo; IMAGENS FORTES).
Ouve-se ainda um quarto disparo. O sargento pergunta se a mulher morreu e um quinto tiro é dado. Depois, o militar fala: "é assim que a gente resolve".
Militar pega arma e começa a carregá-la. Barulho de tiros é ouvido na gravação
Queiroz diz para Marcelo que ele pode chamar a polícia. Marcelo, muito nervoso, fala que procura pelas chaves do carro. Alguém põe a mão sobre o celular que, em seguida, é desligado.
Juenil Queiroz foi preso logo após o crime. Depois de atirar, ele desceu até uma área comum do prédio, onde é síndico, e ficou esperando pela polícia. Na delegacia, confessou os assassinatos.
Francisco de Assis Pereira da Silva, de 41 anos, foi atingido com um tiro na cabeça — Foto: Arquivo pessoal
As vítimas
Francisca Naíde de Oliveira Queiroz, de 57 anos, foi atingida por pelo menos quatro disparos, segundo a polícia, e morreu na hora. Francisco de Assis Pereira da Silva, de 41 anos, foi atingido com um tiro na cabeça. Ele chegou a ser levado para o Hospital de Base, em Brasília, mas não resistiu.
Francisco estava no prédio com o companheiro, visitando amigas. Os dois moraram no local durante dois anos e se mudaram há 10 meses. Francisca conhecia o casal.
Prisão preventiva
Até a publicação desta reportagem, o militar permanecia preso na Ala 1 do Comando da Aeronáutica, em Brasília. Nesta quinta-feira (13), a Justiça do Distrito Federal decidiu manter Juenil Queiroz preso, por tempo indeterminado.
Segundo a juíza Maria Cecília Batista Campos, o militar "demonstra notória frieza". Na ata da audiência de custódia, a magistrada destacou que o crime “revela a elevada periculosidade do autuado”.
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