Ilustração: planeta gigante está perdendo sua atmosfera para estrela anã branca — Foto: ESO/M KORNMESSER
Um planeta recém-descoberto forneceu pistas sobre o futuro do Sistema Solar quando o Sol chegar ao fim do seu ciclo de vida, daqui a 5 ou 6 bilhões de anos.
Astrônomos observaram um planeta gigante orbitando uma anã branca - os objetos menores e densos em que as estrelas se transformam quando esgotam seu combustível nuclear.
Essa é a primeira evidência direta de que planetas podem sobreviver ao processo cataclísmico que cria um objeto do tipo.
Os detalhes da descoberta aparecem na revista científica Nature.
O Sistema Solar como conhecemos não vai durar para sempre. Em cerca de seis bilhões de anos, o Sol, uma estrela amarela de tamanho médio, terá inchado e estará cerca de duzentas vezes maior do que hoje. Nessa fase, será o que chamamos de Gigante Vermelha.
Enquanto se expande, o astro vai engolir e destruir a Terra, antes de entrar em colapso e se transformar nesse núcleo pequeno, a chamada anã branca.
Os pesquisadores descobriram que uma anã branca, localizada a dois mil anos luz de distância, tinha um planeta gigante em sua órbita. As estimativas dão conta de que o planeta teria o tamanho aproximado de Netuno - mas ele pode ser maior ainda.
"A anã branca que observamos tem [temperaturas de] cerca de 30 mil graus Kelvin, ou 30 mil graus Celsius. Então se compararmos com o Sol, que tem 6 mil, é quase cinco vezes mais quente. Isso significa que está produzindo muito mais radiação UV do que o Sol", disse Christopher Manser, da Universidade de Warwick, no Reino Unido.
"As forças gravitacionais são muito grandes, então, se um corpo, como um asteroide, chegasse perto demais de uma anã branca, a gravidade seria tão forte que ele acabaria destruído".
De olho no futuro
O planeta gigante está perdendo sua atmosfera para essa relíquia estelar, gerando uma cauda semelhante à de um cometa como resultado. A anã branca está bombardeando esse mundo com fótons (partículas de luz) de alta energia e "puxando" o gás para si em um ritmo de 3 mil toneladas por segundo.
"Nós usamos o Very Large Telescope, no Chile, que é um telescópio de classe 8m... para coletar a espectroscopia da anã branca. A espectroscopia mostra, em separado, as cores que compõem a luz", disse Manser à BBC News.
"Ao olharmos para as diferentes cores que o sistema produz, identificamos aspectos interessantes, mostrando que havia um disco de gás em torno da anã branca - que nós deduzimos ter sido produzido por um planeta com o tamanho de Netuno ou Urano".
Os cientistas querem estudar melhor o sistema e esclarecer o que poderia acontecer com o nosso Sistema Solar, quando o Sol chegar ao fim da vida.
"Quando o Sol chegar à sua fase de Gigante Vermelha, ele se expandirá aproximadamente até a órbita da Terra. Mercúrio, Vênus e a própria Terra serão engolidos por ele. Mas Marte, o cinturão de asteroides, Júpiter e o restante dos planetas do Sistema Solar vão se expandir para fora de suas órbitas, conforme o Sol perde sua massa - porque terá menos atração gravitacional para esses planetas".
"Por fim, o Sol vai se tornar uma anã branca e ainda terá Marte, o cinturão de asteroides e Júpiter em sua órbita. Conforme orbitam ao redor, esses planetas podem ser dispersos ou forçados para perto da anã branca".
Mas a radiação emitida pelo Sol, quando chegar a tal estágio, vai ser poderosa o suficiente para evaporar as atmosferas de Júpiter, Saturno e Urano onde orbitam atualmente. Isso deixaria intacto apenas o seu núcleo rochoso.
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