Por G1


Novo edital do Mais Médicos causa migração de profissionais que atuam no SUS

Novo edital do Mais Médicos causa migração de profissionais que atuam no SUS

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) divulgou nesta quinta-feira (29) que aproximadamente 40% dos profissionais aceitos no novo edital do Mais Médicos já atuavam na chamada "Estratégia de Saúde da Família" do SUS.

O Conasems realizou o levantamento utilizando dados que o próprio órgão obteve junto ao Ministério da Saúde. Com base em uma relação nominal à qual o conselho teve acesso, que listava 7.271 profissionais alocados (de um total de 8,3 mil inscritos confirmados) pelo novo edital, o conselhou cruzou dados com a lista dos profissionais já em atuação no país disponível no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

A conclusão do Conasems foi que 2.844 médicos que migraram para o Mais Médicos estavam antes ligados à Saúde da Família no SUS. De acordo com o conselho, "o número é ainda maior se contabilizados profissionais que atuam em outros serviços do SUS, como hospitais e UPAS".

“Em vez de somar profissionais, esse novo edital está trocando o problema de lugar. Se o médico sai de um serviço do SUS para atender em outro, o município de origem fica desassistido, principalmente no Norte e Nordeste”, diz o presidente do Conasems, Mauro Junqueira.

O conselho fez ainda um panorama de alguns estados considerando todo o cenário, independentemente de qual vínculo o profissional mantenha com o SUS. "Em Roraima, das 43 vagas ofertadas, 36 médicos inscritos já trabalhavam no SUS, praticamente todos no próprio estado", afirma o conselho em nota (abaixo, veja a situação em mais estados).

Edital e apresentação

Também nesta manhã, o ministério informou que 98% das 8.517 vagas foram ocupadas, mas somente 13% dos inscritos já se apresentaram nas cidades. As inscrições no edital seguem abertas até 7 de dezembro.

No total, o programa recebeu, até agora, 33.036 inscritos com CRM no Brasil. O edital foi aberto no último dia 20 para substituir os profissionais cubanos que atendiam no país, depois da decisão de Cuba de sair do Mais Médicos.

Migração nos estados

Veja abaixo a situação em outros estados:

  • "Em Roraima, das 43 vagas ofertadas, 36 médicos inscritos já trabalhavam no SUS, praticamente todos no próprio estado."
  • "O Acre conta com 104 vagas no edital, 79 médicos se inscreveram até o momento, desses, 57 tem vínculo no CNES."
  • "Na Bahia, mais de 400 médicos dos 765 inscritos trabalhavam na Estratégia de Saúde da Família."
  • "No Rio Grande do Norte, a taxa atingiu mais de 70%, dos 139 profissionais alocados, 98 já estavam vinculados ao serviço público."
  • "A Paraíba detectou que 60% de 128 médicos que se apresentaram estão saindo de seus postos no SUS."
  • "No Amazonas foram ofertadas 322 vagas, 188 já foram preenchidas, dessas, 95 profissionais já atuavam na saúde pública."
  • "O Amapá tem 76 vagas, dos 49 profissionais inscritos até o momento, 26 possuíam vínculo."
  • "Em Tocantins, 27 médicos inscritos trabalhavam em Unidades Básicas de Saúde e pediram demissão para participar do Programa, que vai alocá-los em outras UBS para prestar praticamente o mesmo trabalho que já realizavam."

Motivos do interesse

De acordo com o Conselho, são motivos de atração do Mais Médicos:

  • Pagamento: bolsas de R$ 11,8 mil é superior à média da remuneração no Norte e Nordeste para os profissionais da Estratégia de Saúde da Família.
  • Ajuda de custo: município paga ajuda de custo que varia entre mil e três mil reais para cada profissional.
  • Carga horário: médico vinculado ao Mais Médicos tem carga horária semanal de 32 horas de trabalho e oito horas dedicadas às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

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