Cientistas suíços do Instituto Friedrich Miescher e franceses do Instituto da Vista conseguiram, usando uma técnica de terapia genética, devolver a visão a ratos que sofriam de retinite pigmentosa, doença hereditária que hoje é incurável.
A retinite pigmentosa se traduz numa degeneração progressiva dos fotorreceptores, células do olho que transformam a luz em impulsos nervosos, em seguida tratados pela retina e enviados ao cérebro pelas fibras nervosas.
A doença provoca, primeiro, a degeneração dos fotorreceptores responsáveis pela visão noturna - células conhecidas como bastonetes -, e depois os responsáveis pela visão diurna - cones.
Mas enquanto a doença destrói os bastonetes, os cones sobrevivem no organismo, até mesmo depois da cegueira.
Os cientistas, cujos trabalhos foram publicados na edição de quinta-feira (24) da revista americana "Science", desenvolveram uma terapia genética para reativar os cones.
Eles introduziram nos ratos afetados pela retinite pigmentosa uma proteína capaz de conferir aos cones uma nova sensibilidade à luz e voltar a estimular as vias de transmissão de informação visual.
Conseguiram intervir em um momento no qual os cones conservam certas propriedades elétricas e suas conexões com os neurônios da retina que transmitem normalmente informação visual ao cérebro.
Cobaias
Os resultados foram confirmados em retinas humanas cultivadas e a equipe chefiada por José-Alain Sahel, do Instituto da Vista de Paris, já determinou o tipo de paciente que poderia se beneficiar desta terapia, embora os pesquisadores lembrem que passar do tratamento em cobaias para um ser humano sempre envolve alguns riscos.
O Instituto da Vista faz, ainda, pesquisas sobre uma proteína capaz de proteger a atividade dos cones (proteína RdCVF).
As retinopatias pigmentosas afetam um milhão e meio de pessoas no mundo.