Por g1 CE


  • Criança de seis anos foi estuprada por homem de 47 em Amontada, no Ceará, em 7 de outubro. A criança filmou o crime usando o celular do suspeito e postou a imagem no WhatsApp dele.

  • O boletim de ocorrência foi registrado dois dias depois, na cidade de vizinha, Itapipoca, porque a delegacia de Amontada estava fechada no momento.

  • O suspeito do crime prestou depoimento e foi liberado no mesmo dia porque a polícia entendeu que não havia flagrante.

  • Somente 10 dias depois, a polícia transferiu a investigação do caso de Itapipoca de volta para Amontada, para que os policiais pudessem continuar a investigação do caso.

  • O suspeito foi preso na noite do dia 20, 13 dias após o crime.

  • Órgão investiga se houve falha na investigação do caso por parte dos policiais.

Suspeito de estuprar criança de seis anos é preso em Amontada, no Ceará — Foto: Reprodução

A polícia prendeu preventivamente na noite de sexta-feira (20) o suspeito de estuprar uma criança de seis anos na cidade de Amontada em 7 de outubro. A vítima usou o celular do próprio suspeito, que é tio dela, para filmar o abuso e compartilhou a cena no status do WhatsApp dele.

Ele foi detido dois dias após o crime, em 9 de outubro, mas foi liberado no mesmo dia, após prestar depoimento. Nas redes sociais, muitas pessoas questionaram o motivo de ele não ter ficado preso de imediato, mesmo havendo o vídeo que poderia ter sido usado como prova.

Após repercussão de reportagem do g1 publicada na quinta-feira (19), a polícia solicitou à Justiça a prisão do suspeito. A prisão preventiva foi determinada pela Justiça e cumprida pela polícia na sexta.

A Controladoria-Geral de Disciplina, órgão que apura denúncias contra servidores da segurança pública no Ceará, investiga se houve falhas no trabalho dos policiais e por que houve a demora em prender o criminoso.

O g1 preparou uma reportagem que mostra o passo a passo do caso e por que ele não ficou preso logo após ter sido detido.

Suspeito de estuprar criança de 6 anos é preso

Suspeito de estuprar criança de 6 anos é preso

Falta de flagrante do crime

Fachada da Delegacia Municipal de Amontada, que investiga estupro de menina de 6 anos — Foto: Polícia Civil do Ceará/Divulgação

O crime ocorreu em 7 de outubro, e o boletim de ocorrência foi registrado dois dias depois. Conforme a Secretaria da Segurança Pública do Ceará, o policial civil que atendeu o caso entendeu que, naquele momento, não havia flagrante do crime, pois já havia passado 24 horas após o crime.

A prisão em flagrante pode ser feita nos seguintes casos:

  1. O suspeito ser perseguido, logo após a infração penal, por uma autoridade policial, pela vítima ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
  2. O suspeito ter acabado de cometer a infração penal;
  3. O suspeito estar cometendo a infração penal;
  4. O suspeito ser encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Na avaliação do advogado criminalista Jeferson Sousa, o caso não se configura um "flagrante imediato", mesmo tendo o vídeo do crime, considerado "uma prova incontestável". No entanto, segundo ele, o policial responsável poderia ter solicitado a prisão na mesma data em que ele foi detido.

"Em qualquer fase da investigação, o delegado tem o poder de solicitar a prisão preventiva da pessoa investigada para assegurar a tramitação da investigação, cabe a Justiça autorizá-la ou não", diz.

Mudança de delegacia 10 dias depois

Suspeito de estupro é preso — Foto: Reprodução

A denúncia do crime foi feita no dia 9 de outubro na delegacia de Itapipoca, cidade próxima a Amontada, porque a delegacia da cidade onde ocorreu o crime já estava fechada no horário noturno. No entanto, o caso deveria ser enviado de volta aos policiais de Amontada para investigar o caso.

O envio do caso para a delegacia da cidade onde ocorreu o crime só ocorreu 10 dias depois da denúncia, em 19 de outubro, após a publicação da notícia em primeira mão no g1.

O g1 questionou a Secretaria da Segurança Pública sobre o motivo da demora, mas não obteve resposta sobre essa questão.

Advogados consultados pelo g1 avaliam que a investigação deveria ter sido enviada à delegacia de Amontada logo no dia útil seguinte, quando a unidade voltasse às atividades. "É um caso em que uma criança está em risco. Não se sabe se essa prática abusiva ocorreu reiteradas vezes, mas podemos presumir que a criança está em risco, a investigação então deveria ocorrer de forma célere", explica.

Assista aos vídeos mais vistos do Ceará

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!