O pastor Roque Albuquerque, nomeado reitor da Unilab, é pós-doutor em Estudos da Tradução e doutor em Estudos da Linguagem — Foto: Arquivo pessoal
O novo reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), o pastor evangélico Roque do Nascimento Albuquerque, nomeado para o cargo nesta quarta-feira (11) pelo governo Jair Bolsonaro, promete realizar uma gestão democrática e transitória, buscando a independência da instituição. “Não vou transformar a Unilab em uma igreja”, esclarece.
Pós-doutor em Estudos da Tradução e doutor em Estudos da Linguagem, o novo reitor destaca que sua gestão ouvirá toda a comunidade acadêmica e fora do campus, o que já foi apresentado em uma primeira reunião. “Será uma reitoria de diálogos. Queremos ouvir docentes, discentes, diretórios, institutos e a comunidade externa”, ressalta.
“Não vou transformar a Unilab em uma igreja, mas num centro acadêmico de excelência”, destaca.
Mesmo assim, ele reconhece que haverá obstáculos. “Como vivemos um período de polarização, e os evangélicos conservadores foram colocados de um lado, assumir uma posição como a da Unliab é um desfio. Mas aqui [na Universidade], antes de ser um pastor, sou um educador, um cientista”, afirma.
Roque Albuquerque deverá tomar posse como reitor da Unilab às 10h desta quinta-feira, em Brasília, com a presença do ministro Abraham Weintraub.
Autonomia
A nomeação de Albuquerque tem, segundo ele, um objetivo específico: implementar os estatutos necessários para a autonomia da Unilab. Isso implica, inclusive, a escolha dos reitores pela própria instituição e não através de nomeações “pro tempore” (temporárias) feitas pelo Ministério da Educação (MEC).
Os estatutos são aguardados desde a criação da instituição em 2010, ainda no governo Lula. Sua instalação ocorreu em maio de 2011, na gestão de Dilma Rousseff.
'Pro tempore’
Roque Albuquerque é enfático ao explicar que a missão dele como reitor “pro tempore”:
“Eu aceitei [a nomeação] tendo consciência de que sou um reitor de transição. Quero implementar o que falta para que ela tenha autonomia. Não tenho pretensões de ser candidato [a reitor]. Não quero me manter na posição. Fazer uma transição puramente democrática e firmar [a Unilab] no Maciço e Baturité”, diz.
Origens
O novo reitor conta que nasceu em uma comunidade cigana em Feira de Santana, na Bahia. Sua origem em uma minoria era mantida com discrição em consequência do preconceito que sofria desde a infância.
“A Unilab é a primeira universidade federal do País a ter alguém ligado à comunidade cigana”, comemora.
Pastorado
Roque Albuquerque diz, antes mesmo de ser um pastor, já lecionava. “Sou um pastor que me dedico há 27 anos à educação. Desde o interior da Bahia, na cidade de Remanso, onde no 2º ano do 2º Grau me tornei professor”, conta.
Entretanto, ele acredita que sua experiência como pastor contribui para o papel de reitor. “O pastorado vem somar à minha experiência aqui. Isso não pode ser ignorado. Quando vejo alunos com problemas existenciais, posso ajudar”, conta. “O pastorado ajuda nas relações pessoais”, reforça.
O novo reitor é pastor titular da Igreja Batista do Calvário, no Bairro Cidade dos Funcionários, em Fortaleza. Mas, com a nova função acadêmica, ele precisou se afastar temporariamente das atividades na igreja.
"Unilab é transição. Meu chamado pastoral é permanente”, destaca.
A nomeação de Roque Albuquerque para a reitoria da Unilab foi realizada com a articulação do deputado federal Dr. Jaziel e da deputada estadual Dra. Silvana.