O Cruze 2015 chega ao Brasil com discretas mudanças. Não é a troca de geração do modelo chinês, sequer o facelift do carro produzido na Coreia do Sul e vendido em outros países latinos, como Argentina e Uruguai.
O visual do “nosso” Cruze é semelhante do modelo norte-americano, e chega, simultaneamente nas versões hatch e sedã.
Há um novo para-choque dianteiro, com grade e faróis de neblina redesenhados e inclusão de luzes diurnas de led, chamadas de DRL. As rodas contam com desenho inédito, enquanto o interior passa a ter opção de couro marrom na versão topo de linha, LTZ.
O resultado é uma dianteira mais atual, com jeito de “invocada”, ma s sem revoluções. Entretanto, quando visto de traseira, o Cruze é o mesmo carro que chegou ao Brasil em 2011, e que se despede das lojas em novembro com descontos.
Sem aumento. Só que não
Para dizer que irá trazer um veículo novo sem aumento de preço, a GM adotou uma tática curiosa. Elevou em R$ 400 a tabela de todas as versões do Cruze vigente, e anunciou que manterá o preço quando a linha 2015 começar a ser vendida, em dezembro, a partir de R$ 70,4 mil na configuração hatch e R$ 73,5 mil na sedã. Veja todos os preços:
Cruze Sport6
LT - R$ 70,4 mil
LT + câmbio automático e bancos de couro - R$ 77,1 mil
LTZ - R$ 86,4 mil
Cruze Sedã
LT - R$ 73,5 mil
LT + câmbio automático - R$ 77,1 mil
LT + câmbio automático e bancos de couro - R$ 79,1 mil
LTZ - R$ 87,1 mil
Além do “tapinha” no visual, o veículo mais vendido da marca no mundo incorporou algumas intervenções na parte mecânica. A transmissão automática de seis marchas foi renovada. Entra em cena a GF6-2, já disponível na Spin. De acordo com a marca, ela proporciona trocas até 50% mais rápidas, e pode fazer reduções duplas e triplas. O mapa de aceleração também foi alterado, para tornar as respostas do motor mais progressivas.
Melhorou, mas ainda falta
O Cruze 2015 foi apresentado pela Chevrolet em Montevidéu. O G1 pôde avaliar o modelo entre a capital uruguaia e a estância turística de Punta del Este, em um trecho de aproximadamente 260 km, considerando ida e volta.
A impressão inicial é de melhora geral no conjunto. O que era bom foi mantido. Caso da direção leve e direta e da suspensão bem acertada, equilibrando conforto e dirigibilidade. A transmissão, ficou mais “esperta”, detectando mais facilmente as ocasiões em que o motorista quer mais potência. As trocas estão mais rápidas, sem trancos.
Os únicos momentos de excitação são aqueles em que o motorista troca do modo manual para o automático. Em alguns momentos, o câmbio acaba reduzindo uma ou duas marchas sem o motorista desejar.
Todo esse conjunto bem acertado, porém, poderia estar casado com um motor mais potente. O 1.8 Ecotec não recebeu alterações. Ele desenvolve 144/140 cavalos e tem 18,9/17,8 kgfm, e conta com duplo comando variável de válvulas.
O desempenho não desaponta, mas alguns rivais contam com armas mais modernas, não disponíveis no Cruze. É o caso de Peugeot 308, 408 e Citroën C4 Lounge, que oferecem motor turbo e Ford Focus, que, nas versões 2.0 contam com injeção direta de combustível. Em todos os casos, a potência ultrapassa os 160 cv.
A referência em dirigibilidade no segmento, VW Golf, apesar de ter 140 cv, alia o turbo em seu propulsor 1.4 e injeção direta. Com isso, mesmo a potência sendo semelhante, os resultados são (muito) superiores.
Se quisesse, a GM até poderia equipar seus médios com motores mais modernos, caso do 1.4 turbo, já presente nos Estados Unidos, Coreia e China.
Chevrolet Cruze (Foto: Divulgação)
Chave que liga o carro a distância
Mesmo não sendo um velocista nato, o Cruze se esforça para agradar seu dono. Desde a versão LT há ar-condicionado digital (sempre de uma zona), direção elétrica, vidros elétricos com função um toque, travamento central, central multimídia com comandos por voz, e conexões Bluetooth, USB e auxiliar, comandos de som no volante, piloto automático, retrovisor interno eletrocrômico, controles de tração e estabilidade e airbags laterais. Uma novidade na lista é a chave, que agora tem um comando que liga o motor do carro e aciona o ar-condicionado, de acordo com o último ajuste deixado pelo motorista.
Se quiser investir em opcionais na versão LT, há câmbio automático, sensores de chuva e luminosidade, câmera de ré, airbag de cortina, acesso e partida ao veículo sem a chave e troca da central multimídia pelo MyLink, que conta com GPS.
Na versão LTZ, além do câmbio automático de série, os bancos de couro recebem revestimento marrom, e os itens que são opcionais na LT compõem a lista de equipamentos de série. Rodas de alumínio também ganham visual diferenciado, assim como as maçanetas, cromadas. Na versão hatch, há teto solar elétrico.
Mercado
O Cruze ocupa atualmente o terceiro lugar nos segmentos que disputa. Entre os sedãs médios, perde para Corolla e Civic, mas supera C4 Lounge e Sentra. Já o Sport6 vende mais do que , mas é superado por Focus e Golf. “Com a linha 2015, nosso objetivo é manter a colocação nos dois segmentos em que atuamos”, afirma o vice-presidente da GM do Brasil, Marcos Munhoz.
Tudo indica que o Cruze reestilizado pode ter vida curta em nosso mercado. Na China, o sedã já ganhou nova geração, enquanto nos Estados Unidos, o facelift aplicado no ano passado já parece datado, com um sucessor a caminho. “Teremos um Cruze renovado em breve, e ele será global. Mas não será o modelo chinês”, diz o diretor de marketing da GM do Brasil, Samuel Russel.
Conclusão
Enquanto uma nova geração do Cruze não chega, a GM tenta dar ao veículo uma sobrevida de, pelo menos, um ano. Para isso, terá que conviver com uma concorrência pesada. Entre os sedãs, Civic custa menos, mas também oferece menos. O contrário é o Corolla, mais caro e completo. Já o Nissan Sentra oferece mais por menos.
O Cruze Sport6 tem uma missão mais fácil. Enquanto o 308 aparece bem abaixo nas vendas, Focus e Golf, apesar de serem mais modernos e equipados, aparecem pouco acima no ranking da Fenabrave, a associação das distribuidoras.
Para o consumidor, especialmente aquele que dirige sem muita pressa, o Cruze oferece bom nível de espaço interno e no porta-malas e lista de equipamentos considerável. Com a transmissão renovada, o convívio no dia-a-dia ficou mais amigável, apesar de o motor não ajudar.