12/03/2014 10h41 - Atualizado em 14/03/2014 15h40

Primeiras impressões: Toyota Corolla XEi 2015

Novo visual e câmbio de sete marchas são os pontos altos.
Preço da versão Altis continua exorbitante.

Rodrigo MoraDo G1, em Campinas (SP)

Após pouco mais de 70 km ao volante do novo Corolla, é difícil entender como o antigo, praticamente o mesmo desde 2008 (salvo algumas fúteis reestilizações e atualizações de motores e câmbio), não só sobreviveu ao ataque forte da concorrência como foi líder do segmento por quatro anos consecutivos (de 2009 a 2012). E é desafiador imaginar quais os próximos passos da concorrência para impedir que o sedã da Toyota conquiste mais um título.

Isso porque a engenharia da Toyota usou uma fórmula elementar na teoria, mas complexa e trabalhosa na prática: melhorou o que já era bom, e corrigiu o que era ruim. O Sedã tradicionalmente conservador ganhou certa ousadia, o que pode ser a grande sacada do Corolla 2015.

Toyota Corolla 2015 (Foto: Divulgação)Toyota Corolla 2015 (Foto: Divulgação)

A começar pelo visual. Faróis e grade frontal parecem formar uma peça só, atravessando a carroceria de uma lateral à outra, com o logotipo da marca pronunciado à frente.

As lanternas deixam a timidez do conjunto anterior de lado e invadem a lateral.

E, surpreendentemente, dessa vez será possível comprar um Corolla vermelho – além dos tradicionais preto, prata e cinza, um interessante azul e um branco perolizado.


Conteúdo
A gama se reduz a quatro versões: GLi Manual, GLi Multi-Drive, XEi Multi-Drive S e Altis Multi-Drive S. Por R$ 66.570, a configuração de entrada repete o Corolla antigo com direção elétrica, ar-condicionado, computador de bordo (agora com indicador de condução econômica), coluna da direção com regulagem de altura e profundidade, sistema de som com entrada USB e conexão Bluetooth, faróis de neblina, retrovisores elétricos e volante multifuncional. As novidades são a chave do tipo canivete (finalmente), sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis e cinco airbags (frontais, laterais e uma para o joelho do motorista). Com câmbio CVT, o Corolla GLi sobe para R$ 69.990.

Concorrentes Corolla (Foto: G1)

A versão seguinte, XEi, de R$ 79.990, é incrementada com ar-condicionado digital, vidros elétricos do tipo “um toque” nas quatro portas, retrovisor eletrocrômico e sistema multimídia em tela de 6,1 polegadas, que traz GPS, câmera de ré, DVD e TV digital. O painel tem outro desenho e abriga um computador de bordo mais completo, com consumo médio e instantâneo, autonomia, velocidade digital, velocidade média, tempo de condução, indicador de direção econômica e temperatura externa.

Topo de linha, a Altis continua um despropósito ao custar R$ 92.900, mas se diferencia pelo botão de partida do motor, luzes de LED nos faróis (que têm acendimento automático), ajuste elétrico do banco do motorista, retrovisores externos rebatíveis eletricamente e airbags de cortina, somando assim sete bolsas.

Veja todos os preços do Corolla 2015:
1.8L GLi manual, 6 marchas: R$ 66.570
1.8L GLi  automático, 7 marchas: R$ 69.990
2.0L XEi automático: R$ 79.990
2.0L Altis automático: R$ 92.900

Mais espaço
Segundo Daniel Suzuki, gerente de Engenharia da Toyota no Brasil, a plataforma do novo Corolla parte da atual, mas com inúmeras alterações, como em componentes da suspensão e coxins, por exemplo. A alteração mais relevante é o alongamento do entre-eixos em 10 cm, somando agora 2,70 m.

De série há volante multifuncional, sistema multimídia, ar-condicionado e vidros elétricos (Foto: Flavio Moraes/G1)De série há volante multifuncional, sistema
multimídia, ar-condicionado e vidros elétricos
(Foto: Flavio Moraes/G1)

Além disso, as rodas foram posicionadas mais nas extremidades do carro.

O resultado prático é um excelente espaço para as pernas no banco traseiro, fazendo com que o Corolla trocasse a condição de um dos piores da categoria para um dos melhores atualmente no quesito.

Na frente, os bancos tiveram seu ajuste de altura aumentado em 15 mm. A Toyota também afirma que os bancos receberam novas e aprimoradas espumas.


Primeiras impressões
Embora as regulagens de altura e profundidade do volante tenham curso limitado, é fácil encontrar uma boa posição de guiar. A configuração avaliada, XEi, fica devendo apenas o ajuste elétrico dos bancos, considerando seu alto preço. A mudança no comportamento do novo Corolla é sentida logo de início: o bom motor 2.0 16V (agora com 154 cv quando abastecido com etanol, contra 153 de antes) sempre teve fôlego de sobra para a proposta do carro.

O problema é que o antiquado câmbio de quatro marchas não sabia o que fazer com a potência e o torque (20,3 kgfm) disponíveis. O novo câmbio CVT, que simula sete marchas mesmo em modo Drive, sabe fazer isso. As trocas são feitas no tempo certo, com precisão e sem trancos. No modo manual, o câmbio atende rapidamente às ordens do condutor, e o botão “Sport” ao lado da alavanca não é jogada de marketing: a diferença é notória, e sente-se a transmissão muito mais vívida, pronta para trabalhar em giros mais altos.

E o mais elogiável é que trata-se de um CVT que não se comporta como tal, apresentando a morosidade e a total falta de presença típicas. Trata-se de um CVT com comportamento de câmbio automático, o que torna a experiência ao volante mais instigante. Poupando o acelerador, o funcionamento é suave.

O trabalho da suspensão, notável no Corolla anterior, ficou ainda melhor. Poucos carros, mesmo que de categorias superiores, são tão macios quanto o novo Corolla. A ponto de procurar buracos nas ruas para provocá-lo e conseguir alguma batida seca da suspensão – e nada.

Isso sem abrir mão da estabilidade. Nota-se que o novo Corolla está mais “assentado”, transmitindo mais firmeza mesmo em curvas contornadas com mais velocidade. A direção não é tão direta quanto a de um Civic (ainda a referência de dirigibilidade ao volante), mas não é entediante. Em resumo, o Corolla continua o mesmo carro “bonachão” de sempre, porém um pouco mais instigante. Continuará a agradar aos tradicionais clientes e, quem sabe, alguém que queira um pouco mais do que calmaria ao volante.

O interior tem acabamento esmerado, bancos bem confortáveis e bom espaço. O painel muito verticalizado pode causar estranheza, mas tem personalidade. A leitura do computador de bordo é fácil e a iluminação e a grafia do painel de instrumentos são de bom gosto (embora o do GLi seja mais interessante).

Alguns deslizes são explícitos: o botão que regula temperatura e velocidade do sistema de ventilação é típico de carro chinês (tanto no toque quando no acionamento), o relógio à direita no painel é destoante e sem a menor razão de existir, enquanto a alavanca que abre o porta-malas é indecente. E, quando as poucas críticas vão para elementos irrelevantes, é um ótimo sinal.

Compare o Corolla 2015 com a versão anterior:

Toyota Corolla 2015 (Foto: Divulgação)Toyota Corolla 2015 (Foto: Divulgação)
Toyota Corolla antigo (Foto: Divulgação)Toyota Corolla antigo (Foto: Divulgação)
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