Após pouco mais de 70 km ao volante do novo Corolla, é difícil entender como o antigo, praticamente o mesmo desde 2008 (salvo algumas fúteis reestilizações e atualizações de motores e câmbio), não só sobreviveu ao ataque forte da concorrência como foi líder do segmento por quatro anos consecutivos (de 2009 a 2012). E é desafiador imaginar quais os próximos passos da concorrência para impedir que o sedã da Toyota conquiste mais um título.
Isso porque a engenharia da Toyota usou uma fórmula elementar na teoria, mas complexa e trabalhosa na prática: melhorou o que já era bom, e corrigiu o que era ruim. O Sedã tradicionalmente conservador ganhou certa ousadia, o que pode ser a grande sacada do Corolla 2015.
A começar pelo visual. Faróis e grade frontal parecem formar uma peça só, atravessando a carroceria de uma lateral à outra, com o logotipo da marca pronunciado à frente.
As lanternas deixam a timidez do conjunto anterior de lado e invadem a lateral.
E, surpreendentemente, dessa vez será possível comprar um Corolla vermelho – além dos tradicionais preto, prata e cinza, um interessante azul e um branco perolizado.
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A gama se reduz a quatro versões: GLi Manual, GLi Multi-Drive, XEi Multi-Drive S e Altis Multi-Drive S. Por R$ 66.570, a configuração de entrada repete o Corolla antigo com direção elétrica, ar-condicionado, computador de bordo (agora com indicador de condução econômica), coluna da direção com regulagem de altura e profundidade, sistema de som com entrada USB e conexão Bluetooth, faróis de neblina, retrovisores elétricos e volante multifuncional. As novidades são a chave do tipo canivete (finalmente), sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis e cinco airbags (frontais, laterais e uma para o joelho do motorista). Com câmbio CVT, o Corolla GLi sobe para R$ 69.990.
A versão seguinte, XEi, de R$ 79.990, é incrementada com ar-condicionado digital, vidros elétricos do tipo “um toque” nas quatro portas, retrovisor eletrocrômico e sistema multimídia em tela de 6,1 polegadas, que traz GPS, câmera de ré, DVD e TV digital. O painel tem outro desenho e abriga um computador de bordo mais completo, com consumo médio e instantâneo, autonomia, velocidade digital, velocidade média, tempo de condução, indicador de direção econômica e temperatura externa.
Topo de linha, a Altis continua um despropósito ao custar R$ 92.900, mas se diferencia pelo botão de partida do motor, luzes de LED nos faróis (que têm acendimento automático), ajuste elétrico do banco do motorista, retrovisores externos rebatíveis eletricamente e airbags de cortina, somando assim sete bolsas.
Veja todos os preços do Corolla 2015:
1.8L GLi manual, 6 marchas: R$ 66.570
1.8L GLi automático, 7 marchas: R$ 69.990
2.0L XEi automático: R$ 79.990
2.0L Altis automático: R$ 92.900
Mais espaço
Segundo Daniel Suzuki, gerente de Engenharia da Toyota no Brasil, a plataforma do novo Corolla parte da atual, mas com inúmeras alterações, como em componentes da suspensão e coxins, por exemplo. A alteração mais relevante é o alongamento do entre-eixos em 10 cm, somando agora 2,70 m.
multimídia, ar-condicionado e vidros elétricos
(Foto: Flavio Moraes/G1)
Além disso, as rodas foram posicionadas mais nas extremidades do carro.
O resultado prático é um excelente espaço para as pernas no banco traseiro, fazendo com que o Corolla trocasse a condição de um dos piores da categoria para um dos melhores atualmente no quesito.
Na frente, os bancos tiveram seu ajuste de altura aumentado em 15 mm. A Toyota também afirma que os bancos receberam novas e aprimoradas espumas.
Primeiras impressões
Embora as regulagens de altura e profundidade do volante tenham curso limitado, é fácil encontrar uma boa posição de guiar. A configuração avaliada, XEi, fica devendo apenas o ajuste elétrico dos bancos, considerando seu alto preço. A mudança no comportamento do novo Corolla é sentida logo de início: o bom motor 2.0 16V (agora com 154 cv quando abastecido com etanol, contra 153 de antes) sempre teve fôlego de sobra para a proposta do carro.
O problema é que o antiquado câmbio de quatro marchas não sabia o que fazer com a potência e o torque (20,3 kgfm) disponíveis. O novo câmbio CVT, que simula sete marchas mesmo em modo Drive, sabe fazer isso. As trocas são feitas no tempo certo, com precisão e sem trancos. No modo manual, o câmbio atende rapidamente às ordens do condutor, e o botão “Sport” ao lado da alavanca não é jogada de marketing: a diferença é notória, e sente-se a transmissão muito mais vívida, pronta para trabalhar em giros mais altos.
E o mais elogiável é que trata-se de um CVT que não se comporta como tal, apresentando a morosidade e a total falta de presença típicas. Trata-se de um CVT com comportamento de câmbio automático, o que torna a experiência ao volante mais instigante. Poupando o acelerador, o funcionamento é suave.
O trabalho da suspensão, notável no Corolla anterior, ficou ainda melhor. Poucos carros, mesmo que de categorias superiores, são tão macios quanto o novo Corolla. A ponto de procurar buracos nas ruas para provocá-lo e conseguir alguma batida seca da suspensão – e nada.
Isso sem abrir mão da estabilidade. Nota-se que o novo Corolla está mais “assentado”, transmitindo mais firmeza mesmo em curvas contornadas com mais velocidade. A direção não é tão direta quanto a de um Civic (ainda a referência de dirigibilidade ao volante), mas não é entediante. Em resumo, o Corolla continua o mesmo carro “bonachão” de sempre, porém um pouco mais instigante. Continuará a agradar aos tradicionais clientes e, quem sabe, alguém que queira um pouco mais do que calmaria ao volante.
O interior tem acabamento esmerado, bancos bem confortáveis e bom espaço. O painel muito verticalizado pode causar estranheza, mas tem personalidade. A leitura do computador de bordo é fácil e a iluminação e a grafia do painel de instrumentos são de bom gosto (embora o do GLi seja mais interessante).
Alguns deslizes são explícitos: o botão que regula temperatura e velocidade do sistema de ventilação é típico de carro chinês (tanto no toque quando no acionamento), o relógio à direita no painel é destoante e sem a menor razão de existir, enquanto a alavanca que abre o porta-malas é indecente. E, quando as poucas críticas vão para elementos irrelevantes, é um ótimo sinal.
Compare o Corolla 2015 com a versão anterior: