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Por Vinicius Montoia, g1


Ducati Scrambler 800 2025 tem preço inicial de R$ 72.990 — Foto: Divulgação | Ducati

A Ducati lançou na semana passada a segunda geração da Scrambler, uma moto com visual aventureiro que chega por R$ 72.990. A novidade chega com melhorias para tentar crescer em um mercado de moto de luxo em que as concorrentes possuem versões mais em conta.

A Ducati Scrambler continua com seu visual retrô e minimalista, mas ganhou modos de pilotagem, acelerador eletrônico, painel digital e a possibilidade de trocar a cor da carenagem. Assim, a moto de entrada da Ducati ficou mais competitiva.

Antes de falar da novidade da Ducati, vamos entender o que é uma moto scrambler.

A Scrambler da Ducati também tem banco mais fino para rodar com conforto em estradas sem pavimentação — Foto: Divulgação | Ducati

Scrambler, a mãe do motocross

A palavra scrambler significa, em tradução direta, “misturador”. Ou seja, ela reúne características para andar tanto no asfalto quanto fora dela. O substantivo “scramble” indica ainda mais a sua pretensão, pois pode ser traduzido também por passeio, subida, escalada.

Esse tipo de motocicleta nasceu na Europa na década de 1920. Nessa época, o uso primordial das motocicletas era o transporte nos centros urbanos. Mas foi com o desenvolvimento do motociclismo, por meio de corridas amadoras, que as scrambler ensaiaram seu surgimento.

Quando as corridas foram transferidas para áreas rurais, adaptações foram feitas para que esses modelos pudessem encarar travessias em riachos, colinas e trechos mais acidentados. As motocicletas ganharam chassis reforçados, pneus lameiros e para-lamas mais robustos.

As scrambler costumam ter pneus mistos para encarar situações on e off road — Foto: Divulgação | Ducati

O assento ficou mais fino, estreito e curto. O escape se tornou mais alto para não bater no chão, e os pneus serviam tanto para trechos de terra quanto pavimentados. Por serem mais adaptadas para terrenos off-road, as scrambler deram origem ao motocross.

Nas décadas de 1950 e 1960, as scrambler ganharam relevância, conforme as corridas se tornaram mais populares. Em 1951, a Triumph lançou a TR5 Trophy, a primeira desse estilo a ser lançada oficialmente por uma marca, deixando de lado as adaptações amadoras.

Hoje, diversas marcas possuem motos deste segmento em seu portfólio, como as Triumph Scrambler 900 e Scrambler 1200, a Royal Enfield com a Scram 411 e a Ducati, com Scrambler 800.

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Uma Scrambler italiana e personalizável

A Ducati Scrambler 800 chega ao Brasil em segunda geração com motor de 800 cilindradas e 73 cv de potência — o mesmo da primeira geração.

Na nova edição, as alterações visuais a deixaram mais moderna. Aprincipal novidade é a possibilidade de trocar a cor da carenagem que envolve o tanque, do para-lama dianteiro e do traseiro, além da capa do farol.

Na foto, dá para ver a marte metálica (prata) que estará presente em todas as Ducati Scrambler 800 e as peças coloridas removíveis. O kit de troca de cor custa R$ 3.990. Originalmente, a Scrambler é vendida na cor preta e, caso queira, o consumidor deverá fazer a mudança na concessionária.

Há ainda o valor de mão de obra, cobrado pela hora do serviço, que adiciona R$ 200 ao preço final. O tempo para troca varia entre 30 e 45 minutos.

A Scrambler 800 vem de série na cor preta, mas é possivel trocar as carenagens por R$ 3.990 — Foto: Divulgação | Ducati

Na segunda geração, o banco é mais fino, o guidão, mais baixo (a marca não divulgou com exatidão quão mais baixo, mas fica por volta de dois centímetros), e o escapamento deixa de ter dois canos.

As rodas de liga-leve (18 polegadas na dianteira e 17 polegadas na traseira) ganharam mais raios. A suspensão foi reposicionada e saiu da lateral para a posição central, abaixo do banco.

O novo painel de instrumentos deixou a moto com ar mais moderno. Agora, a Scrambler 800 tem mostrador digital de 4,3 polegadas. No novo painel, é possível conferir todas as informações da moto, desde velocidade, consumo de combustível e seleção dos modos de condução, Road ou Sport.

Segunda geração da Ducati Scrambler 800 conta com painel digital de 4,3 polegadas — Foto: Divulgação | Ducati

Melhorias mecânicas

Por causa da próxima fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (Promot M5), que estabelece níveis menores de emissões, muitas fabricantes tiveram que diminuir a potência dos motores de suas motocicletas para que atingissem o que será exigido a partir do próximo ano.

A Ducati conseguiu manter os 73 cv de potência e 6,5 kgfm de torque da Scrambler por conta de duas mudanças importantes: redução de peso e o acelerador eletrônico.

“Quando fizemos esses ajustes, conseguimos alcançar o nível de emissões de gases nocivos que será exigido no Promot M5. A redução de peso é fundamental para ter mais eficiência, porque o motor terá menos peso para transportar, o que reduz a necessidade de acelerar mais”, comentou o presidente da Ducati Brasil, Daniel Paixão.

“E o acelerador eletrônico, que funciona sem a necessidade de cabo, ou seja, é determinado por uma central eletrônica para garantir acelerações mais progressivas e menos agressivas ao meio ambiente.”

A Scrambler ficou quatro quilos mais leve, totalizando 176 kg (com tanque vazio). Para segurança, há ABS e freios a disco nas duas rodas.

O guidão ficou mais baixo, facilitando a passagem nos corredores engarrafados das cidades — Foto: Divulgação | Ducati

A Scrambler 800 também pode receber alguns acessórios, como o escapamento da Termignoni, que pode aumentar o nível de ruído e também a potência e torque em 6% e 4%, respectivamente. Assim, a Scrambler poderia passar de 73 cv para 77 cv e de 6,5 kgfm para 6,7 kgfm.

Todos os opcionais somados podem ultrapassar os R$ 3.300. Ou seja, com a troca de cor e os acessórios, a moto ultrapassa os R$ 80 mil.

Em dimensões, ela não mudou e o assento continua com os mesmos 79 cm de altura em relação ao solo, com a possibilidade de adquirir um banco mais baixo (78 cm) como opcional na concessionária.

Veja a ficha técnica

Moto premium, mas vale a pena?

A líder no segmento das Scrambler é a 400X da Triumph, que custa inicialmente R$ 33.990, e já emplacou 2.400 unidades nos dez primeiros meses de 2024. Porém, a Triumph 400X não é considerada concorrente da Ducati Scrambler 800 por conta da disparidade de preço e de motorização.

O modelo que concorre diretamente com a Ducati é a Triumph Scrambler 900, que tem motor maior, mas com menos potência. São 65 cv para a moto da Triumph. Porém, o torque é maior, com 8 kgfm.

Scrambler 800 da Ducati chega a ser R$ 16 mil mais cara que sua principal concorrente, a Triumph Scrambler 900 — Foto: Divulgação | Ducati

Nessa disputa entre Triumph e Ducati, o que deve chamar mais a atenção do consumidor é o fato da Scrambler da marca inglesa custar R$ 16 mil a menos que a da montadora italiana.

E na faixa de preço da Ducati Scrambler, o cenário fica ainda menos favorável para o modelo italiano. A Triumph oferta, pelos mesmos R$ 72.990, a sua scrambler com motor de 1200 cilindradas, ou seja, muito mais potente e com muito mais torque: são 90 cv e 11 kgfm.

O que o consumidor da Ducati Scrambler 800 pode ter ao colocar a novidade na garagem é a certeza de uma moto exclusiva, mais tecnológica e segura que a geração passada. O problema é que a concorrência, especialmente a Triumph Scrambler 1200, possui a mesma tecnologia (como o painel de instrumentos digital), mas tem mais potência, torque e quatro modos de condução extras.

Na teoria, não deu. A Ducati Scrambler 800 vai ter que provar no test-ride que é melhor que as rivais.

Nova Honda CG 160 2025

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