Um nome ainda fixo no imaginário do motociclista e uma faixa de cilindrada sem opções no mercado brasileiro: com estes pontos a favor, a Honda traz de volta a CB 500 ao Brasil, principal destaque da marca no Salão Duas Rodas 2013.
O G1 avaliou a CB 500F, primeira das versões da “família 500” a chegar ao país, a partir de R$ 22.000 – com ABS, o preço sobe para R$ 23.500.
Esqueça da "finada" CB 500, que parou de ser produzida Manaus em 2003. Esta geração foi feita do zero, fazendo sua estreia mundial no Salão de Milão de 2012. São três versões: F, R e X. A 500F é a que mantém maior semelhança com a extinta CB 500, vendida entre 1997 e 2004 no Brasil.
Assim como a antiga CB, a F se encaixa na categoria naked, ou seja, é um modelo sem carenagens, que deixa o motor exposto. A CBR 500R, com características esportivas, e a crossover CB 500X, de visual aventureiro, completam a nova linha da Honda no país.
Com a chegada das 500, a ideia da montadora é ter uma nova opção de entrada para modelos de maior cilindrada. No primeiro ano, a expectativa é vender 20.000 unidades da linha, chegando a 30.000 em 2016. Se isso se concretizar, será a moto acima dos 450 cc de cilindrada mais vendida do Brasil, liderando o segmento das chamadas "motos grandes".
Como vantagem para a Honda, a nova CB 500 tem o fato de “acelerar sozinha” nesta faixa de cilindrada, já que as concorrentes mais próximas têm motores maiores. Pela falta de opções de 500 cc, sobra para Kawasaki ER-6n e Suzuki Gladius 650 competir com uma moto mais acessível, porém, de desempenho mais contido.
Ainda aparece no segmento a Kasinski Comet 650, a mais barata de todas, mas sem grande aceitação no mercado brasileiro. Devido à versatilidade e proximidade de preços, a CB 500 pode ainda “roubar” vendas até de modelos de menor cilindrada, como a Falcon (R$ 16.900), da própria Honda, e a pequena esportiva Kawasaki Ninja 300, apesar das propostas diferentes.
Visual impressiona
Ao primeiro olhar, a CB 500F impressiona. O modelo é realmente encorpado e o conjunto formado entre o farol dianteiro, estilizado. As carenagens laterais ao tanque, também utilizado na nova geração da CG, são bonitas. No entanto, na dianteira, há detalhes azulados nos cantos superiores do farol, provocando até um exagero de informações visuais.
A lanterna traseira é um pouco mais simples, mas é bem arrebitada, dando impressão de esportividade. Detalhe interessante está no acabamento do guidão, que possui desenho especial, com pintura preta.
Com opções de cores vermelha ou branca (com detalhes pretos e vermelhos), a CB 500F ficou devendo a coloração preta, disponível em outros países. A inspiração em modelos como a CB 1000R é nítida e, sem dúvida, uma acertada.
A moto foi avaliada em Indaiatuba, no interior de São Paulo, em estrada. No primeiro contato ficou claro que a ergonomia da CB é indicada para quem procura conforto, tanto para rodovia como para a cidade. O motociclista não fica com os braços muito esticados, mas mantém um tradicional posicionamento de moto naked, com sutil esportividade.
Uma surpresa positiva foi o bom ângulo de esterço da moto, lembrando modelos menores. As pernas também vão confortáveis, com uma boa localização das pedaleiras, que não provocam o dobramento excessivo dos membros inferiores.
Toda linha 500 conta com painel digital que, no caso da versão F, traz iluminação azul. O item é de fácil visualização e traz conta-giros, velocímetro, marcador de combustível, relógio e odômetro total e parcial. Ainda há um indicador de consumo instantâneo, mas tudo é bem simples, sem grande requinte.
Motor é bom, mas não emociona
A antiga CB 500 tinha 54 cavalos de potência a partir de seu motor bicilíndrico de 498,8 cc, com dois carburadores e refrigeração a ar. Os números indicam mais força do que o do moderno propulsor da nova 500F, que alcança os 50,4 cv. Com injeção eletrônica e refrigeração líquida, a nova cilindrada é menor, de 471 cc.
Na prática, a Honda procurou oferecer potência máxima do motor bem mais cedo na nova CB. Enquanto, antigamente, a CB era uma moto que pedia o giro do motor lá em cima, atingindo a total cavalaria a 9.500 rpm, na nova geração isso ocorre em 8.500 rpm. A força do torque, de 4,55 kgm, também chega logo a 7.000 rpm – na CB da década passada só aparecia aos 8.000 rpm.
Com isso, a CB 500F tem uma tocada confortável, sem exigir que o motor fique no limite de rotações para ter o melhor desempenho, tornando-a boa opção para rodar na cidade. Os grandes destaques do motor são a linearidade e suavidade, com pouca vibração chegando ao motociclista. Este bicilíndrico está longe de ser empolgante, como são os "espertos" propulsores de suas rivais, mas este nunca foi o objetivo do desenvolvimento da Honda.
A moto foi criada para atender ao novo sistema de habilitação para condutores na Europa, que, desde o início de 2012, tem nova categoria para motos, a A2, limitada a 35 kw de potência (48 cv) e que pode ser obtida a partir dos 18 anos. Porém, esta regra não existe no Brasil, o que possibilitou à marca extrair alguns cavalos a mais, chegando aos 50,4 cv.
Sem emocionar, seu intuito é ter consumo baixo, que pode chegar a 28 km/l, como informa a Honda, número que faz apreciar o seu desempenho com outro olhar. Podendo chegar à autonomia de 420 km, com seu tanque levando 15,7 litros de gasolina, a CB se torna uma opção de moto econômica.
Na estrada, a moto mantém 120 km/h com facilidade, mas poderia ir além disso, ultrapassando 180 km/h, diz a marca. Como o motor, o câmbio de 6 marchas também se destaca pela maciez, com engates precisos e de fácil acionamento.
Conjunto simples
Seguindo o conceito da moto para o mercado europeu, o conjunto da CB 500 pode ser definido como bem feito e simples. A empresa caprichou no visual, mas não espere acabamento top de linha. Por exemplo, os espelhos retrovisores mostram a intenção da moto de ser “de entrada” para os modelos de alta cilindrada. Arredondados, eles ficam devendo em estética até aos novos retrovisores da linha CG. Os piscas também destoam um pouco do conjunto, apresentando um formato sem muita esportividade.
Também não espere suspensões de superesportivas na CB 500F. Na dianteira, a moto traz o um garfo telescópico do tipo convencional, enquanto, na traseira, um bem-vindo sistema monoamortecido com pro-link.
No trajeto não foi havia pavimento em mau estado, mas a suspensão mostrou boa medida entre conforto e estabilidade. O conjunto de freios traz pelos discos recortados do tipo “wave”, um de 320 mm, na dianteira e outro menor, de 240 mm, na traseira.
Seu funcionamento é suave, entregando a força de frenagem aos discos progressivamente. Este comportamento deve agradar os iniciantes, mas o freio pode parecer um pouco “borrachudo” àqueles acostumados com uma mordida mais incisiva. Como opcional, o sistema traz um bom sistema de freios ABS.
Para a linha 500, a Honda optou por não utilizar o dispositivo combinado, presente na maioria de suas motos com ABS, como é o caso da pequena esportiva CBR 250R.
Conclusão
Com o preço acessível e conjunto acertado, a CB 500F tem tudo para reviver os tempos áureos da CB 500 no Brasil. Seguindo as tendências do tempo, a moto se modernizou, perdeu o tradicional farol redondo e é um modelo globalizado. No entanto, para a Honda, a expectativa maior para a nova linha 500 é a da CB 500X, versão crossover, que chega apenas no início do próximo ano. A esportiva CBR 500F é esperada para dezembro.
No primeiro ano, a marca espera vender 8.000 unidades da 500X, enquanto 500F e 500F devem ter 6.000 motos emplacadas cada.
Toda a linha traz a mesma base de motor e chassi, este com pequenas alterações na 500X. Os destaques são o visual e o propulsor, por motivos diferentes. Enquanto o bicilíndrico tem comportamento honesto e econômico, conquistando pela racionalidade, a estética é radical e atraente, agradando o lado emocional.
Compare a geração antiga com a nova CB 500: