Motos: o que esperar de 2016?
Apesar do mergulho das vendas nos últimos quatro anos - dos mais de 2 milhões de motos comercializadas em 2011 passamos a 1,2 milhão em 2015 – o Brasil continua sendo um fenomenal mercado para a motocicleta.
Qualquer analista minimamente informado sabe que, diante das condições econômicas atuais, a simples repetição dos números obtidos no ano passado já será um bom resultado neste 2016 prestes a começar.
Esperar um crescimento nas vendas no ano novinho em folha, que começa capenga, com bolsos mais vazios do que nos anos anteriores, é pura ilusão. O que teremos, com sorte, é um pouco mais do mesmo visto em 2015: alguns segmentos mostrando algum vigor, especialmente o das motos acima de 500cc e os scooters, e os restantes marcando o passo.
É um cenário pouco alentador mas que não desanima as marcas mais estruturadas, que continuarão a propor modelos atualizados e até mesmo 100% novos, buscando não apenas qualificar o mercado das motos com versões mais sofisticadas – a crise afeta menos os mais abonados! – como também renovando seu catálogo.
2016 MAIS LIMPO
Uma forte “lição de casa” teve de ser concluída em 2015 para atender a segunda fase do PROMOT 4, que vigorará a partir do primeiro mês do ano novo. A exigência não foi a de diminuir ainda mais a emissões de gases poluentes pelo escapamento, mas sim caprichar na contenção da poluição “silenciosa”, mas nem por isso menos nociva, que emana dos tanques de combustível e reservatórios de óleo. Deste modo, os modelos 2016 poderão ser reconhecidos facilmente pelo tipo de tampa do tanque, que agora não mais poderão deixar escapar gases fruto da natural evaporação do combustível ou lubrificante na atmosfera.
O processo para tornar nossas motos menos vilãs do meio ambiente fez vítimas durante 2015: a líder Honda literalmente “matou” alguns motores, tirando-os de linha. Entre eles o robusto 100 cc da Pop e os festejados 150 cc das CG e Bros. Eles deram lugar aos novos 110 e 160 cc, mais “limpos”, que enveredaram por um caminho de qualificação ambiental que não tem volta. Empresas que não adequaram seus modelos às atuais exigências terão de se contentar em vender o que tem no estoque e aposentar o produto.
SCOOTERS
O segmento das motocicletas mais básicas não deve ser protagonista de grandes lançamentos em 2016 mas no âmbito dos scooters há fortes indícios de que o setor pegará fogo: o Honda SH 300 apresentado no Salão das Duas Rodas em outubro passado aterrisará nas revendas em breve com a missão de repetir o sucesso de seus irmãos Lead 110 e PCX 150.
Não será exatamente fácil já que o grande rival e rei inconteste desta faixa de mercado, o Dafra Citycom 300i, continuará tendo um forte apelo de vendas além de sua fama de robustez mecânica, que é o preço mais baixo.
Pode até ser que a Honda se decida por um improvávellucro zero na venda do SH 300, mas a previsão mais concreta é que o Dafra custe bem menos que a novidade da Honda. Assim, será interessante assistir o embate entre o poder do nome Honda e as vantagens de ter uma enorme rede de concessionárias contra o preço menor do Citycom 300i.
Outra chegada importante entre os scooters é o Yamaha Nmax 160 que mira nos clientes do mais vendido da categoria no Brasil, o PCX 150, enquanto o Sym Fiddle III 125, proposto pela Dafra, é outra estreia confirmada que chegará para agradar quem busca um scooterzinho de look mais clássico e porte menor, como a ala feminina.
A CB Twister certamente se aproveitará do fator novidade (e da marca Honda estampada no tanque) para continuar dominando o segmento das 250-300cc, mas há sinais de guerra no horizonte. Uma Yamaha Fazer 250 renovada seria bem vinda mas o que mais salta à vista é o upgrade do segmento, que parece uma tendência irreversível.
Motocicletas que custam até 50% mais do que a dupla Twister-Fazer estão em alta, e são inegavelmente mais atraentes. A pioneira Kawasaki Ninja 300 se juntaram em 2015 sua irmã naked, a Z300, as apimentadas KTM Duke 200 e 390 e a Yamaha R3.
Para 2016 a chegada da naked Yamaha MT-03 é quase certa, e certas também são as exclusivas Ducati Scrambler Sixty2 e BMW G 310 R, que serão montadas em Manaus. Todas as citadas farão sombra tanto para a dupla do “andar de baixo”, Twister-Fazer de 13-15 mil reais, quanto para as do “andar de cima”, as 500-600 que vão dos 23 mil reais (Honda CB 500F) aos 28 mil (Yamaha MT-07). Ou seja, em 2016 teremos um paradoxo: as médias (grandes ou pequenas!!!) vão ferver….
MT-07 DEVE MANTER SUCESSO EM 2016. ASSISTA AO VÍDEO:
TRAILS COM GÁS
Quer fazer uma aposta e ganhar? Coloque suas fichas nas trails. Das menores às maiores, as fascinantes maxitrails, este é um segmento que irá continuar em franca evolução em 2016. Elas são uma moda e também uma necessidade, ajudadas nisso pelo descaso com a pavimentação, marca registrada de todos nossos governantes atuais.
A tendência aventureira está presente em todo canto, dos carros, às roupas e nos esportes mais seguidos. Nesse ambiente a Honda parece ser a mais ativa, e já está certa a chegada de sua novíssima maxitrail, a grande CRF 1000L Africa Twin. Porém, a primeira motocicleta que chegará desta nova safra será a revista Honda XRE 300, com novo cabeçote e retoques no visual.
É logico pensar que a Yamaha, com este movimento, esteja trabalhando em versões modernizadas de suas 250Lander e Ténéré, ou até mesmo em ousar trazendo a interessante WR 250R. O que espanta é perceber que marcas com tradição em motos off-on road como Suzuki e Kawasaki não sejam fortes neste segmento das trail de entrada no Brasil. E o que dizer da KTM? A Freeride 350 cairia bem por aqui, não?
CINQUENTINHAS & CIA.
As cinquentinhas eram um segmento “submerso” em nosso mercado, com pouca visibilidade fora da região nordeste do país, atualmente o maior mercado do país em quantidade. Em 2016 a exigência do licenciamento, decidida no final deste ano, poderá travar o crescimento das 50 cc assim como a eventual exigência da CNH ou documento equivalente para sua condução. Barata para comprar mas cara para colocar na rua e restrita a maiores de 18 anos, a 50 cc poderá dar lugar as motonetas: Honda Pop 110i e a Biz assim como as Yamaha Crypton poderão herdar esses clientes.
VONTADE DE MOTO
Independentemente do ânimo das marcas, dependentes do andamento de nossa economia, a vontade de ter uma motocicleta continua forte no Brasil. Seja por necessidade – o transporte público aqui é precário e a facilidade em transformar a moto em ferramenta de trabalho atrai –, ou para simples uso por prazer e lazer, motocicletas e brasileiros vivem um romance que não parece ter ainda chegado a sua completa realização.
Qual o potencial do mercado nacional se os ventos fossem favoráveis? Há quem diga 3 milhões de motos/ano, e há os otimistas que especulam que o teto poderia ser de 5 milhões. Certeza, agora, só uma: que 2016 com sorte será um ano igual ao já nada bom 2015 em vendas, má realidade que poderá ser compensada por lançamentos interesantes que buscarão a mencionada qualificação do mercado e bolsos que ainda tenham algum para gastar.